Compartilhando uma indignação.

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Bom dia car@s amig@s.
Acordei decidida a construir um dia nutritivo, mas recebi um vídeo contendo uma situação que me revoltou.

Nas imagens aparece um professor egipcio ‘corrigindo’ os cadernos de vários alunos.
Pelo tempo em que ele destinou a cada caderno teria que existir um leitor óptico em seus olhos para saber se aquilo que as crianças escreveram estava adequado aos moldes ensinados (digo moldes, porque, pelo jeito, não há espaço para criatividade). É notável que ele queria mesmo era bater em todos. Quanto maior a reação das crianças, maior eram as pancadas com uma vara.
O que vi foi uma expressão sádica no professor que espancava todos os alunos e no responsável pela filmagem que ria após cada reação das crianças.Um absurdo!

Isso me fez lembrar de uma das cenas do capítulo 2 do admirável mundo novo de Huxley: NA CENA, O ‘SELVAGEM’ JOHN CONHECE O CENTRO DE REPRODUÇÃO E AS TÉCNICAS DE CONDICIONAMENTO SOCIALMENTE RECOMENDÁVEIS NO MUNDO ‘CIVILIZADO’:

[…] "Após a sala de decantação, o diretor do centro levou os alunos aos Berçários – Salas de acondicionamento NEOPAVLOVIANO. Assim que chegaram, uma demonstração fora realizada: um grupo de bebês Bokanovskyano, de 8 meses e da casta Delta foram trazidos. As crianças postas no chão engatinhavam em direção a livros e vasos de flores dispostos de modo convidativo. Após a euforia por terem chegado ao local desejado e estando alegremente entretidos com os livros e as flores, os bebês eram aterrorizados de 2 formas diferentes: 1) Uma sirene ensurdecedora apitava, de modo que os pequeninos se contorciam de medo e abriam o berreiro; 2) Além disso, os bebês eram submetidos a um tratamento de choque. Terminada a tortura das sirenes e do choque, as crianças tinham uma nova oportunidade de engatinharem em direção as flores e os livros. Elas recusavam. Deste modo e após 200 repetições, os livros e o barulho intenso, as flores e os choques elétricos já estavam ligados de forma comprometedora na mente infantil. O que o homem uniu, a natureza é incapaz de separar – disse, com orgulho, o diretor aos seus alunos. Eles crescerão com ódio instintivo aos livros e as flores.

Por que condicionar os Deltas a odiar as flores?  Para o estudante que fizera a pergunta era claro o motivo dos livros. Não se podia permitir que pessoas da casta inferior desperdiçassem tempo com livros já que havia sempre o perigo de lerem coisas que provocassem o indesejável descondicionamento de alguns de seus reflexos. Mas e quanto às flores?  A explicação era a seguinte: o amor pela natureza não estimula a atividade econômica. Era importante que as massas detestassem os campos sem que, no entanto, odiassem os esportes ao ar livre.  Ao mesmo tempo, todos os esportes ao ar livre deveriam exigir o uso de aparelhos complicados. Assim sendo, as massas consumiriam os artigos manufaturados e os meios de transportes. Por isso, o uso dos choques elétricos.

Fiquei a pensar sobre as cenas reais e o mundo não tão admirável.

Rejane Guedes.