São Paulo protagoniza uma triste realidade…
Ser criança nunca foi uma tarefa fácil. A imagem da infância difundida hoje como a vivência paradisíaca da "felicidade" encontrada no consumo de todo tipo de artefatos ou brinquedos é triste. Estender os velhos rótulos psiquiátricos dos adultos para as crianças e fazer pose de quem cuida também é triste.
Velhas fórmulas de controle dos tempos difíceis que vivemos por ocasião da ditadura são reeditadas sob a forma de terapêutica medicamentosa. Os "agitados" podem se "beneficiar" das novas descobertas da indústria farmacêutica e "levar uma vida melhor". Cuidar da infância parece ter se tornado sinônimo de silenciar conflitos e pasteurizar diferencas.
Olho vivo: cada época tem o modo de ser que "merece" e cria os modos de resistência correspondentes.
Iza Sardenberg
Coletivo de cuidadores da RHS
https://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-problematico-consumo-de-ritalina-em-sp
12 Comentários
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de disléxicas. É de chorar não, amiga?
grande beijo,
Iza
Realmente, não e´ nada fácil ser criança nos dias atuais. Faltam alternativas e tempo para o brincar, pra liberação das energias. No nosso tempo, não havia tanta violência, e nem tantas tarefas escolares, assim tínhamos mais liberdade e tempo pra brincar, correr na calcada, na rua. Não havia lugar para o estresse, a depressão, a hiperatividade. Os nossos pais, por sua vez, eram poupados de muitas preocupações. Hoje a realidade e´ outra, violência, enclausuramento, sofrimento, estresse, intolerância. E o desdobramento e´, adoecimento e terapias. E mais uma vez, entra em cena o tempo. Ninguém quer “perder tempo”, tolerando, cuidando, escutando, seja no lar, na escola, na clinica. O caminho mais fácil e´ a medicalização. E´ evidente que tem as exceções.
Acho que o problema e´ serio e merece mais atenção por parte de todos.
Um Abração!!!
Emilia
despertou-me muitas lembranças de outros tempos e outro viver. Eu tenho tres irmãos e brincava de carrinho de rolamento com eles na rua. Totalmente livre!
beijos,
Iza
Iza, este poema de Casimiro de Abreu retrata bem as nossas lembranças.
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é lago sereno,
O céu um manto azulado,
O mundo um sonho dourado,
A vida um hino d’amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus
— Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Por Cláudia Matthes
por lembrares desse poema que eu ainda criança decorei…sempre achei lindo.
meu coração bateu mais forte nessa segunda;
Obrigada
Beijos com carinho
Cláudia Peju
por ler e ver coisas tão amorosas como essas palavras e coraçõezinhos por toda a parte.
Espalhar afetos quentes é CUIDAR!!!
beijos alegres prá ti, Clau menina
Iza
Claudia e Iza, além de declama´-lo, cantávamos também.
Ainda tenho a música na cabeça.
Ate´ hoje me pergunto de onde tiraram a musica.
Eita tempo bom!
Bjs!!!
Emilia
Boa lembrança de um poema que, aliás tínhamos que decorar na escola, como disse a Clau.
Mostra uma infãncia bem idealizada e longínqua, mas tão bela que ao lê-lo chegamos a sentir tudo o que ele propõe.
Obrigada pela lembrança tão pertinente,
Iza
Por Angela Vaz7
Iza
Estender os velhos rótulos psiquiátricos dos adultos para as crianças e fazer pose de quem cuida também é triste.Estou vendo todos os dias cenas o que você narra.Outro dia ouvi uma mãe dizendo que a professora pediu para levar a criança no psiquiatrica uma vez que a criança estava dormindo muito na sala de aula,ao conversar com a mãe ela me diz que a filha não dorme cedo fica até 1 hora assistindo tv e a tarde dorme.
Recebemos cada coisa por aqui também, que até Deus duvida.
Parece que pais e professores foram desapossados de seus conhecimentos e vivências sobre a infância…
beijo,
Iza
Ângela,
Vc percebeu que ao conversar com a mãe, ao ouvi-la mais e com mais tempo, as coisas se contextualizam melhor?
Muitos dos casos, diagnosticados por uma consulta médica rápida, que nos chegam são logo "desconstruídos" enquanto doenças pois houve a possibilidade de ESCUTAR de outro modo o que nos é dito. Mas, no caso que vc relata há uma professora que deve estar há algum tempo convivendo com a criança. O que a terá induzido a encaminhar ao psiquiatra?
Iza
Por Cláudia Matthes
a mim muito encomoda.
Diz o DSM IV que o transtorno de Déficit de Atenção por Hiperatividade deve ser classificado a partir dos 7 anos.
Aqui, na prática, crianças menores de 6 anos vão para a 1º série e são rapidamente diagnosticadas com esse transtorno.
Tento, inutilmente, questionar com as familias a questão da maturidade …inutilmente!
Que dó!
Bjos no coração
na certeza de que não estamos sós nesse temporal!
Bjos com carinho
Cláudia Peju