Antoine de Saint-Exupery escreveu, no livro O Pequeno Princípe, que "o amor é a única coisa que cresce a medida que se reparte". Correndo o risco de parecer pretenciosa, diria que "Zé Peri" (como os manezinhos da ilha chamavam o escritor, conforme a lenda), nunca participou de uma roda de troca de experiência. Recentemente tive o privilégio de estar em Porto Alegre/RS participando do 5° Congresso Brasileiro de Extensão Universitária. Nesse espaço plural, pude ouvir e debater experiências extensionistas do país inteiro. Na sala onde apresentamos o Projeto Doce Alegria, estavam professores e acadêmicos de Minas Gerais, Brasília, Pará e Paraíba, além de mais um grupo da FURB. O como foi rico esse momento!! Conhecemos a parceria da universidade com as escolas, onde alunos de diferentes cursos construiram juntos, projetos de prevenção com alunos do ensino fundamental e seus pais. Ou a intervençao da universidade junto a uma comunidade de catadores, auxiliando-os no processo de organização trabalhista e social. Conhecemos a luta de um professor para dar visibilidade as vítimas de tráfico de pessoas, trazendo a questão para debate no campo da saúde. A inserção da Musicoterapia na saúde. O trabalho junto a conselheiros municipais de saúde, no intuito de faze-los se apropiar adequadamente desse espaço. As danças circulares e oscordéis do pessoal da Liga de Saúde Coletiva da FURB (experiência que merecerá um post exclusivo, prometo). Um projeto que particularmente me encantou foi o Projeto Bagagem. Trata-se de uma ação iniciada pela Comunicação Social, que consiste em exercitar nas crianças a leitura reflexiva de clássicos de nossa literatura. Quem apresentou foi uma acadêmica de Enfermagem, que ao ser questionada o que seu curso tinha a ver com o projeto, brilhantemente respondeu: "Quando exercitamos a capacidade crítica dessas pessoas, esperamos que eles sejam também mais críticos de sua realidade e do cotidiano. Serão cidadãos mais conscientes dos direitos e deveres. Isso não é promeover saúde?". Outra resposta que me alegrou foi de uma aluna do curso de Farmácia, ao ser questionada quanto a importância da extensão para sua vida profissioanal: "Foi um choque de realidade. Meus professores tendem a nos apresentar uma realidade perfeita, onde nós falamos e o paciente aceita. Mas não é assim, percei que se eu não tentar entender quem é a pessoa com quem trabalho, de pouco adianta todo conhecimento técnico que recebi." Fantástico né? E na mesa redonda sobre Extensão e Saúde, outra bela experiência: uma disciplina criada para todos os cursos da área da saúde, ministrada para todos os alunos ao mesmo tempo, todos juntos no mesmo auditório. Nessa disciplina, são formados grupos com acadêmicos de áreas diferentes, que vão para as unidades conhecer a realidade e propor ações de intervenção. Pura Clinica ampliada!!! A experiência é da UFCSPA. E com tudo isso, voltei para Blumenau cheia de idéias, cabeça fervendo, com fôlego renovado. Reencantada pela saúde e pelo SUS. E isso não é amor? Então, "ZÉ Perri" estava certo, o amor (em todas as suas dimensões) é a única coisa que cresce a medida que se reparte.
Abraços a todos
Tati Caetano
P.S: gostaria de expressar minha admiração pelo povo gaúcho. Em todos os lugares que fui, recebi sorrisos, bom papo e disposição para ajudar. Um grande abraço aos colegas do estado vizinho.
Por Luciane Régio
Este teu relato me conecta com muitas sensações que tive, tenho… Estive na UFRGS e também pude presenciar um pouco do que tu relatas 🙂 Estava na Faculdade de Educação só que no Encontro Nacional de EPS! Caminhei um pouco e fiquei com muuuita vontade de ter explorado mais o 5° Congresso Brasileiro de Extensão Universitária… Como cheguei já no meio do encontro, o tempo foi curto, mas respirei aquelas tendas… ganhamos um mimo feito num projeto muito legal da UFRGS (ali desse evento), que até quero divulgar aqui na nossa rede!
O pequeno príncipe me inspira e acompanha…
Bjs,
Luciane