A violência no trânsito: Um problema de saúde pública

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Como em todos os hospitais brasileiros, o Hospital Getúlio Vargas (HGV) em Teresina-Pi sofre com o problema da superlotação na clínica ortopédica devido ao grande número de vítimas de acidentes de trânsito. Segundo o diretor geral do HGV, Carlos Iglezias Brandão, os traumas decorrentes da violência no trânsito virou um problema de calamidade pública.

No período de janeiro a novembro deste ano, 581 cirurgias ortopédicas de alta complexidade foram realizadas em pacientes provenientes do Hospital de Urgência de Teresina (HUT). “Mesmo assim, não conseguimos dar vazão a todos os que necessitam porque o volume de doentes ortopédicos é maior que a nossa capacidade de resolução”, explicou o diretor do HGV.

“È humanamente impossível dar vazão ao número de pacientes que recebemos. Esses traumas ortopédicos são gerados, na maioria das vezes, por acidentes de moto, que aumentam a cada dia. “Se fizessemos um novo hospital só para ortopedia com uma grande quantidade de leitos, outra fila de pacientes se formaria instantaneamente. Hoje temos uma fila de espera de 1.616 pacientes”, disse Iglézias.

Uma das metas da Secretaria Estadual da Saúde (SESAPI) para 2012 é reforçar o trabalho de interiorização dos procedimentos ortopédicos, aumentando as equipes de ortopedia e anestesistas em hospitais do interior do Estado, como nas cidades de Campo Maior e Piripiri. Somente nos meses de outubro e novembro, a equipe de ortopedia do HGV realizou nesses municípios mais de 700 atendimentos. “Apenas em Campo Maior realizamos 94 cirurgias e 700 atendimentos, em dois meses”.

Essa medida facilita o acesso do doente ao especialista e reduz os custos com deslocamento e hospedagem, além de desafogar os hospitais de referência. “Temos trabalhado com um planejamento permanente, sensível ao problema da fila das cirurgias ortopédicas eletivas.

“Enquanto operamos um, chegam dois pacientes vítimas de acidentes de trânsito. É uma calamidade, desabafa Carlos Iglezias. “Hoje resolvemos somente casos complexos que nenhum hospital resolve nessa região. Uma cirurgia ortopédica de alta complexidade dura em média quatro horas, das 12 salas cirúrgicas do HGV, disponibilizamos duas salas exclusivamente para ortopedia, mas é humanamente impossível darmos vazão ao grande número doentes ortopédicos”, explica.

De acordo com ele, a solução não está na construção de novas unidades de saúde e sim numa política permanente de educação em saúde, principalmente com leis de trânsito mais rigorosas e fiscalização permanente. Bem como, numa discussão urgente sobre cogestão onde empresários, gestores públicos e usuários participassem do processo de construção de uma nova postura com compromisso coletivo com a vida.