Co-gestão e participação coletiva: desafios para uma gestão colegiada no HILP
Este foi o tema que pautou o encontro realizado entre os gestores e os trabalhadores do Hospital Infantil lucidio Portella, na manhã do dia 06 próximo passado, com o objetivo de discutir a co-gestão e analisar as possibilidades da criação dos colegiados gestores das unidades assistenciais e de apóio. Além da presença dos gestores das diversas áreas de trabalho, o evento contou ainda com a participação de Annatalia Gomes, Consultora da PNH, e do Dr. Telmo Mesquita, gestor de unidade da SESAPI.
A iniciativa representa um anseio dos trabalhadores, capturado nas rodas de conversas, e nas propostas apresentadas pelos grupos de trabalho, no bojo das oficinas de humanização realizadas no hospital.
Annatalia abriu o debate provocando uma reflexão sobre a Co-gestão e a gestão participativa, fazendo uma referência aos princípios do SUS e aos dispositivos da PNH. “O SUS traz princípios ancorados numa visão de cidadania e de protagonismo dos sujeitos, na direção de uma saúde resolutiva e integral. Esclareceu que dentro do modelo proposto pelo SUS e pela Política Nacional de Humanização não há mais espaço para um pensar e um fazer isolado e fragmentado. Acrescentou também que a PNH busca alinhar a co-gestão com os princípios do SUS, no sentido de trabalhar mudanças, onde todos os sujeitos implicados sejam protagonistas e co-responsáveis na atenção
O modelo de gestão participativa proposto busca fortalecer e valorizar o trabalho de equipe, criando espaços que possibilitem o pensar e o fazer coletivo. Dentro desse contexto, se inserem os colegiados gestores, que são espaços coletivos, deliberativos que fomentam as tomadas de decisões de forma compartilhada no âmbito institucional, em conformidade com as diretrizes e contratos definidos. Uma das finalidades é elaborar o plano de ação da instituição, atuando nos processos de trabalho, buscando a participação de todos os atores envolvidos, sugerindo, elaborando propostas e avaliando os indicadores.
O HILP já deu um passo importante nessa direção, com a elaboração do plano de ação, envolvendo todos os trabalhadores. Entretanto, não basta apenas planejar, e´ necessário que as ações sejam monitoradas e avaliadas, no intuito de mensurar o alcance dos objetivos e metas pactuadas.
Segundo Torres (2009), a descentralização do poder fortalece o trabalho em equipe, possibilita a construção de projetos coletivos, melhora a comunicação e cria espaço para as inter-relações da pessoas e das equipes.
A Drª Maria José, Diretora Geral, ressaltou a importância do encontro, reconhecendo a necessidade dos trabalhadores discutirem coletivamente os processos de trabalho, nos seus respectivos setores, tendo em vista a identificação dos problemas e soluções adequadas, para serem pactuadas com a direção. Acrescentou que a gestão sozinha não tem condições de identificar todos os problemas do hospital. “ Quem está diretamente no setor e´ que tem mais informações sobre os acontecimentos” . Finalizou a Diretora.
A Psicologa Alessandra enfatizou a importância do coletivo na busca de solução dos problemas detectados. Colocou que as mudanças do pacto/regulação do SUS têm dificultado o acesso no atendimento psicológico do hospital. Esclareceu que, o usuário não está sendo acompanhado de forma adequada. O atendimento quase sempre se resume numa única sessão, o que inviabiliza a resolutividade do tratamento. Informou que em conjunto com a direção está buscando uma estratégia para solução do problema.
Na finalização do debate, foram problematizadas duas questões sobre a possibilidade de criação de colegiados gestores no HILP.
A proposta apresentada pela maioria e´ que seja criado o Colegiado gestor da unidade como etapa inicial para a organizaçao dos colegiados setoriais.
Um dos desafios apontados diz respeito `a capacitaçao dos trabalhadores para um maior aprofundamento e conhecimento sobre o assunto na direçao do incremento da gestao colegiada no hospital. Como uma das estrategias, foi sugerida a elaboraçao de um projeto de capacitaçao para apreciaçao pelo Polo de Educaçao Permanente da SESAPI, tendo em vista a garantia de um financiamento para tal iniciativa.
Como encaminhamento foi sugerido que, cada supervisor fará encontro com os trabalhadores, para discutir a proposta e escolher os representantes que comporão o colegiado da unidade. Foi pactuado o próximo encontro para o dia 11 de janeiro de 2012, para criação do colegiado e definição das estratégias de ações.
Para Aline (Coordenadora Administrativa), o encontro foi produtivo e vai gerar muitas expectativas. Expectativas de mudanças, observou Josineide, Supervisora do serviço de material e compra. Para a Psicóloga Alessandra, o encontro simboliza uma expectativa e esperança de mudanças na forma de gerir e desenvolver os processos de trabalho.
Por Emilia Alves de Sousa
Dentro do modelo de gestão colegiada e´ importante que seja realizado o matriciamento das ações/serviços a serem implementados, de forma a possibilitar um planejamento integrado, envolvendo os profissionais dos diferentes setores e áreas do saber implicados com o cuidado. Nesse procedimento, prevê-se a construção de momentos relacionais que favoreçam essa troca de saberes entre todos os atores envolvidos.