O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE CO-RESPONSABILIZAÇÃO NO CUIDADO: UMA PROPOSTA DE ACOLHIMENTO
A importância de acolher e informar adequadamente as crianças e seus familiares é reconhecida pelos Profissionais de Saúde que atuam na Unidade de Cirurgia Pediátrica e Ambulatório da Hemato-oncopediatria. O acolhimento preconizado pelo SUS, é desenvolvido de forma lúdica, com o propósito de informar a respeito da cirurgia a ser realizada e o tratamento quimioterápico.
Em 2007 por intermédio do Comitê de Humanização do Hospital, foi incorporada ao Programa de Orientação Pré-operatória, já existente na Unidade de Cirurgia Pediátrica , a ONG “Cuidando com Arte” composta por um grupo de voluntários. A estratégia utilizada pelos componentes da ONG é a contação de história teatralizada.
O objetivo deste trabalho é humanizar o atendimento e minimizar os fatores estressantes provocados pelo ato cirúrgico, quimioterapia e pela hospitalização. O contexto das histórias foi construído com a orientação e supervisão técnico-científica das enfermeiras responsáveis pelos serviços envolvidos no projeto.
Na Unidade de Cirurgia Pediátrica o projeto é realizado todos os dias, de segunda a sexta-feira no hall de entrada, com a presença diária de dez a quinze crianças e seus respectivos familiares. A história tem como enredo a vida de uma família constituída por Dona CORA (Mãe), o Senhor CORALINO (pai) e o filho COR, que residem na cidade de Coração Bonito.
A história narra o cotidiano da família. Com a descoberta de que COR está doente e precisa se submeter a um procedimento cirúrgico, a narrativa percorre de forma lúdica, todos os momentos e ambientes que antecedem a cirurgia, a entrada no Centro Cirúrgico, o pós-operatório, a alta hospitalar e a volta de COR para casa radiante de alegria, pois não sentia mais dor e podia brincar, estudar e treinar para ser um grande jogador de futebol, seu grande sonho.
Os voluntários nas suas apresentações utilizam brinquedos terapêuticos como: bonecos e fantoches, e também avental, maleta de médico, estetoscópio e seringas de brinquedo que podem ser manipuladas pelas crianças, são utilizadas sucatas para confeccionar a maioria dos materiais utilizados. Para finalizar a atividade, são distribuídas revistas confeccionadas pelos voluntários, com brincadeiras diversas; quebra-cabeça, labirinto e desenhos para pintar que abordam a história contada.
Como nasceu a segunda história…
Certa ocasião quando a Enfermeira da Cirurgia Pediátrica, realizava a orientação pré-operatória, uma criança que estava internada aguardando a cirurgia para implantação de cateter totalmente implantado, solicitou para que o grupo de voluntários (ONG) contasse uma história sobre sua doença.
Neste momento o grupo não dispunha de uma história direcionada ao tema para contar, porém a Enfermeira mostrou um boneco com cateter implantado (um cateter verdadeiro que foi adaptado no boneco). Ao ver o cateter a criança ficou emocionada, e falou que o cateter que o médico iria colocar nele, era de ferro. Portanto iria se transformar num “ROBOCOPE”.
Após esse acontecimento foi necessário preparar e orientar os voluntários repassando informações sobre a doença e o tratamento. Este fato motivou a construção da história “Robinho o Robô corajoso”. Este personagem foi criado para levar apoio às crianças e seus familiares durante o processo de saúde-doença, bem como trabalhar a ansiedade e o medo do tratamento. Nesta etapa foi composta uma música que é cantada até hoje ao final das apresentações.
É uma linda história… Robinho é um robozinho muito alegre que certo dia acordou sentindo-se estranho e com dor. Sentia dificuldade para fazer as coisas que estava acostumado, não conseguia levantar o braço e suas luzes apagavam de vez em quando…
Robinho e sua mãe foram ao médico. Após examinar e fazer alguns exames o médico afirmou que seria necessário realizar um tratamento de quimioterapia. A narrativa percorre de forma lúdica, todos os sintomas, implicação e limitações que tratamento ocasiona. As falas são adequadas para um melhor entendimento das crianças e, também de seus familiares. Para finalizar a atividade, são distribuídas revistas e os voluntários realizam brincadeiras como “Pode e Não pode!”, que abordam os cuidados durante o tratamento.
Estes projetos refletem boa aceitação por parte da equipe multiprofissional, das crianças e dos familiares. Os acompanhantes relatam que as orientações recebidas facilitam o processo de ambientação hospitalar e a recuperação dos seus filhos.
Estes resultados só foram possíveis pela possibilidade do trabalho coletivo de uma equipe multiprofissional que entende a necessidade de interferência de outros atores nos processos de produção de saúde.
E Também do empenho, dedicação e criatividade do grupo de voluntários da ONG Cuidando com Arte, que fez a diferença nas Unidades de Cirurgia Pediátrica e Hemato-oncopediatria ocasionando expectativa de atuação em outras Unidades. Estes resultados desencadearam a necessidade de novas histórias e a continuidade das histórias de COR e Robinho.
Com isso no ano de 2012, será realizado em parceria com a ONG, um curso de Contadores de História para captar e capacitar novos voluntários visando ampliação do Projeto.
As histórias continuam…aguardem os próximos capítulos…
Por Câmara Técnica de Humanização do HUCAM
Acredito que uma maneira eficiente de sensibilizar as pessoas com relação á PNH é de forma lúdica e educação permanente.
Parabéns pelo trabalho.
Janildes
CTH/HUCAM
Esp.Santo