‘Zaratustreando’…

13 votos

Querid@s.

Passados os momentos de nascimento desse bebê chamado 2012, retomamos nosso caminhar com afazeres, rotinas, entusiasmos, angústias, medos, anseios, conexões, desconexões e tudo o mais que nos fazem pessoas em trânsito pelo rio da vida. 

Ao ler alguns textos postados por companheiras de nosso Tecendo Redes na PNH do RN fiquei lembrando das palavras de Friedrich Nietzsche, na obra Assim falou Zaratustra, escrito entre 1883 e 1885.
Nelas encontro preciosas lições para o contexto contemporâneo. Peço licença para compartilhar também em nossa RHS. 
Zaratustra falava assim ao povo:

É tempo que o homem tenha um objetivo. É tempo que o homem cultive o germe da sua mais elevada esperança."

Quando trata DO ESPÍRITO DO PESADUME (p.304) ele discorre:

" […]

Aquele que um dia ensinar os homens a voar, destruirá todas as barreiras; para eles as próprias barreiras voarão pelos ares; batizará novamente a terra chamando-lhe “a leve”.

O avestruz corre mais depressa que o mais veloz corcel; também enterra a cabeça na pesada terra; assim é o homem que ainda não sabe voar.

A terra e a vida parecem-lhe pesadas, e é isso o que quer o espírito do pesadumeAquele que, porém, deseje ser leve como uma ave deve amar-se a si mesmo: assim predico eu.

[…]

 Quase no berço ainda nos dotam de pesadas palavras e pesados valores: “bem” e “mal” — assim se chama o patrimônio. — Por causa dele nos desculpam viver.

[…]

E nós… arrastamos fielmente aquilo com que nos carregam, sobre duros ombros e por áridos montes! Se suamos, dizem-nos: ”É verdade: a vida é uma carga pesada!”

A única coisa pesada, porém, para o homem levar é o próprio homem! É que arrasta aos ombros demasiadas coisas estranhas. Como o camelo, ajoelha-se e deixa-se carregar bem.

Mormente o homem forte, resistente, cheio de veneração: esse carrega aos ombros demasiadas palavras e valores estranhos e pesados; agora a vida parece-lhe um deserto.

E, na realidade, muitas coisas que nos são próprias são também pesadas de levar!

E o interior do homem parece-me muito com a ostra: repelente, viscosa e difícil de apanhar, de forma que uma nobre concha de nobres adornos se vê obrigada a interceder pelo resto, mas também se deve aprender essa arte: possuir casca, uma bela aparência e uma sábia cegueira.

Também nos enganamos muito acerca do homem, por haver muita casca pobre e triste de excessiva grossura: Há muita força e bondade ocultas que jamais se adivinharam: os manjares mais esquisitos não encontram afeiçoados.

[…]

Em verdade, também me não agradam aqueles para quem todas as coisas são boas, e que chamam a este mundo o melhor dos mundos. Chamo-lhes onisatisfeitos.

[…]

O que meu gosto deseja é o amarelo intenso e o roxo quente — mistura de sangue com todas as cores. — Mas aquele que caia de branco revela ter uma alma caiada de branco.

[…]

...o que quer aprender a voar um dia, deve desde logo aprender a ter-se de pé a andar, a correr, a saltar, a trepar e a bailar: não se aprende a voar logo à primeira!

[…]

Cheguei à minha verdade por muitos caminhos e de muitas maneiras; não subi por uma escada só à altura donde os meus olhos olham ao longe.

E nunca perguntei o caminho sem me contrariar. — Sempre fui contrário a isso. — Sempre preferi interrogar e submeter à prova os próprios caminhos.

Provando e interrogando foi assim que caminhei, e naturalmente é mister aprender também a responder a semelhantes perguntas.

Eis o meu gosto: não é um gosto bom nem mau; mas é o meu gosto, e não tenho que o ocultar nem que me envergonhar dele.

“Este é agora o meu caminho; onde está o vosso?” Era o que eu respondia aos que me perguntavam “o caminho”. Que o caminho… o caminho não existe”.

Assim falava Zaratustra."                                           F. Nietzsche

Nessa CAMINHADA  em rede estamos aprendendo que não há "O CAMINHO", mas uma "MULTIPLICIDADE DE CAMINHOS" que se emaranham, se enovelam, se desfiam, tecem bordados, dão nós em nós mesmos e nos outros, arranjam-se em teias, tramas, tecidos policromáticos.

Tudo isso serve para dizer que considero um presente precioso estar com vocês, aprender com vocês, chorar e sorrir com vocês.

Abraços com carinho para o grupo Tecendo Redes e para a RHS.

Rejane Guedes.

02/01/2012