Quem vai, quem vem…

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 Quem vai, quem vem…

Na visão tradicional, é o usuário quem  procura o serviço de saúde.

Se em zona urbana é assim que funciona, pois há transporte e estrada para tanto, talvez em zona rural a lógica deva ser outra.

Estradas de barro, transporte público nem pensar, transporte pago caro e ocasional, quando existe.

As equipes do PSF, como regra, dispõem de uma viatura, que transporta a equipe da sede do município, em direção à zona rural.

A equipe se dirige para a sede do PSF, para onde deve se dirigir a clientela adstrita àquela equipe, àquela unidade de saúde.

Agora se as distancias desta clientela e as respectivas UBS estão acima de 3km, podendo chegar a mais de 6 km – uma légua na linguagem  rural – como superar estas distancias se as estradas são de barro, o transporte próprio é escasso, motos são desconfortáveis, e carro de aluguel tem preço insuportável.

E se essa clientela tem idosos, gestantes, puérperas, crianças menor de ano, deficientes físicos, etc., etc, etc.

 

 

Será que a assistencia na unidade, tão valorizada por muitos profissionais, pela eventual comodidade gerada, ou pelo discurso da maior resolutividade, pode suplantar as dificuldades do ir e vir desta clientela da zona rural.

A pergunta que resta é se a equipe de saúde não deveria ir de encontro à sua clientela, desde que naturalmente a quantidade de pessoas assim se justique, naquilo que chamamos de SAÚDE PERTO DE CASA.

O ideário da educação fundamental privilegiou a ESCOLA PERTO DE CASA, e o DOCENTE DA COMUNIDADE, sempre que possível, em muitos municípios.

Quando a saúde oficial brasileira através do SUS e de seu Ministério da Saúde, terão coragem de enfrentar o esforço de levar, ou seria trazer, a saúde para perto da casa da maioria dos brasileiros.

A minha equipe do PSF Jaciobá está exercitando o SAÚDE PERTO DE CASA, e a comunidade,  se ainda não aplaude, porque mal começou, já começa a esboçar movimentos de satisfação, por perceber que PERTO DE CASA, o acesso e o acolhimento serão bem melhores que aqueles ofertados à distancia.

Boa Páscoa a todas e todos!

Abraço fraterno, 

Clyton Houly