Atenção Humanescente às populações negligenciadas – a busca ativa de Tuberculose em dependentes químicos na cidade de Macaíba-RN

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Introdução
      Esse projeto de intervenção foi realizado no município de Macaíba-RN, na grande Natal-RN, durante o estágio de Medicina em Saúde Coletiva, pelos Doutorandos Atos de Macêdo e Fellipe Rodrigo Figueiredo, sob preceptoria da Enf.ª Nayara Bucos, Dr. Yuri Guilherme Costa e tutoria da Prof.ªMs Vyna Maria Cruz Leite.

      A tuberculose continua a merecer especial atenção dos profissionais de saúde e da sociedade como um todo. Ainda obedece a todos os critérios de priorização de um agravo em saúde pública, ou seja, grande magnitude, transcendência e vulnerabilidade. Apesar de já existirem recursos tecnológicos capazes de promover seu controle, ainda não há perspectiva de obter-se, em futuro próximo, sua eliminação como problema de saúde publica, a não ser que novas vacinas ou medicamentos sejam desenvolvidos. Além disso, a associação da tuberculose com a infecção pelo HIV representa um desafio adicional em escala mundial.1
      A presença desta doença em um centro de reabilitação para dependentes químicos, conhecido como CARENA, na área adscrita da UBS Mangabeira chama a atenção pela necessidade de intervenção, a fim de se identificar e tratar precocemente os casos de TB pulmonar, visto que esta população esta sujeita ao confinamento, baixa imunidade e maior suscetibilidade pelos hábitos de vida que levaram por muitos anos. Diagnosticar um doente tuberculoso, particularmente um bacilífero(doente que, ao tossir, elimina bacilos no ar ambiente), e tratá-lo corretamente, curando-o, é eliminar uma fonte de infecção. Reduzir as fontes de infecção quebra a cadeia de transmissão da doença e diminui o problema da tuberculose na comunidade. 2
      A efetividade das ações de controle da tuberculose é diretamente proporcional à participação de todos, profissionais de saúde, governos e comunidades. É fundamental que os profissionais de saúde tenham participação ativa, não apenas na busca ativa de doentes tuberculosos em suas Unidades de Saúde, como capacitando membros das comunidades de forma a torná-los capazes de identificar os suspeitos e encaminhá-los para exame. Deve-se lembrar de que quanto mais precoce o diagnóstico menor a chance de disseminação da doença.2

Objetivos
      O objetivo geral consiste em realizar uma avaliação clínica dos internos, instrui-los quanto ao aparecimento dos sintomas e a detecção precoce de novos casos e prioritariamente realizar busca ativa para evitar a disseminação da doença.

Metodologia
      A intervenção foi feita três momentos:
1°: Foi feita uma abordagem dos internos, com apresentação da equipe que trabalharia como eles e explicação do que se tratava a intervenção. Devido às condições por qual passam os internos, eles estão sujeitos a preconceitos e negação de qualquer atividade fora daquilo que estão acostumados. Porém não houve problemas e podemos explicar tudo sobre a doença, como diagnosticar e o mais importante, que existe cura.
Foi entregue material para coleta de baciloscopia (duas amostras), orientação de como fazer e observação do surgimento de sinais e sintomas sugestivos.

2°: As baciloscopias foram coletadas e iniciou-se uma avaliação clínica geral dos internos supervisionada pela preceptoria e tutoria. Para aqueles que precisavam de uma abordagem mais abrangente, foram encaminhados para o médico na UBS. Quanto aos outros, apenas orientações gerais e medicações pontuais.
      Houve também neste momento a aplicação do PPD, exame de escolha em contactantes de pacientes bacilíferos para identificação da TB ou a suscetibilidade a esta.

3°: Foi realizada a leitura do PPD e orientação para os casos suspeitos. Para complementar a ação todos os internos foram medicados para verminoses com Albendazol 400mg, devido às condições de higiene alimentar e ambientais do local.

Resultados e discussões
      O PPD foi realizado em 28 internos e com 72 horas a equipe foi ao local fazer a leitura do teste. Apenas 22 estavam presentes, sendo que 17 apresentaram PPD reator (p>5mm). Um resultado esperado pela equipe de saúde devido à epidemiologia e hábitos de vida pregressos dos internos.
Sendo assim, empenhamos esforços, juntamente com a enfermeira da unidade, para fazer a notificação dos casos e encaminhar os pacientes para avaliação do infectologista com finalidade de prescrição dos esquemas terapêuticos necessários a efetiva profilaxia ou tratamento dos pacientes.
      Dessa forma constatamos que a tuberculose, doença infectocontagiosa, facilmente tratável, ainda é uma realidade em nosso meio,mesmo com diversas campanhas realizadas pelo ministério da saúde anualmente, como também, a disponibilidade das drogas para tratamento adequado e o empenho das equipes na busca ativa de novos casos. Evidencia-se a grande prevalência de casos em nosso meio.
Dados da OMS, afirmam que o Brasil, juntamente com a China, entre 22 países, foi o país que mais diminuiu a taxa de novos casos de tuberculose, nos últimos 20 anos. Porém, associado a isso existe a problemática do uso de drogas ilícitas, como crack, cocaína, maconha e também, drogas lícitas como o álcool, criando um ambiente propício a disseminação da doença e que influencia, negativamente, de forma direta o diagnóstico e tratamento que é longo e necessita de disciplina por parte do doente.

Conclusão

      Através do projeto Atenção Humanescente às populações negligenciadas – a busca ativa de Tuberculose em dependentes químicos na cidade de Macaíba-RN, Grande Natal-RN, percebemos a real necessidade de realizar busca ativa contra a tuberculose que ainda se encontra enraizada em nosso meio e está sendo pouco diagnosticada. Vimos a importância daqueles que fazem a saúde acontecer (estudantes, médicos, enfermeiros, gestores) contribuindo para a melhoria da qualidade de vida daqueles que tem poucas oportunidades de uma atendimento em saúde adequado.
BIBLIOGRAFIA:
1) República Federativa do Brasil, MS – Manual de Recomendações do para o Controle da Tuberculose no Brasil. Ano 2010.
2) Campos, HS. Diagnóstico da tuberculose. Pulmão RJ 2006;15(2):92-99.https://www.sopterj.com.br/revista/2006_15_2/07.pdfAcesso em 07 de maio 2012.
3) OBID. Observatório brasileiro de informação sobre drogas. Disponível em: <https://www.obid.senad.gov.br/portais/OBID/index.php>. Acesso em: 08 maio 2012.
4) WHO. Tubeculosis profile. Disponível em: <https://whttps://extranet.who.int/sree/Reports?op=Replet&name=/WHO_HQ_Reports/G2/PROD/EXT/TBCountryProfile&ISO2=br&outtype=pdf>. Acesso em: 08 maio 2012.