Hipertensão – uma inimiga silenciosa

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Trata-se de um Projeto de Intervenção com a temática de Hipertensão Arterial Sistêmica realizado no Município de Macaíba-RN, na Unidade Básica de Saúde de Campo da Mangueira, sob a preceptoria do Dr. Francisco Micussi e da enfermeira Flávia Raquel, tutoria de Karla Simone Damião e com participação das doutorandas de medicina da UFRN no estágio de Saúde Coletiva Keiko Kitayama, Leilane Melo e Teresa Raquel.

 

INTRODUÇÃO:

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição clínica de alta prevalência (cerca de 30% da população) e de baixa taxa de controle. No Brasil, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte e de alta frequência de internamento hospitalar, contribuindo para elevados custos socioeconômicos, sendo um dos mais importantes problemas de saúde pública. O município de Macaíba apresenta um contexto epidemiológico semelhante. Na comunidade de Campo da Mangueira, há uma importante prevalência de pacientes hipertensos, a maioria deles sem adesão adequada ao tratamento. Portanto, trata-se de um importante indicador de gravidade para a população, podendo ser a causa de complicações cardiovasculares (infarto, AVE, angina, entre outros), sendo inclusive, apontado como o segundo principal problema em rodas de conversa com a comunidade.

OBJETIVOS:
– Quantificar o número de pacientes portadores de HAS na comunidade e, assim, facilitar o planejamento das consultas para uma adequada longitudinalidade e cobertura da demanda;
– Realizar uma busca ativa de fatores de risco para lesões de órgão-alvo, avaliar as metas de controle pressórico e, com isso, evitar complicações cardiovasculares futuras;
– Educar o paciente sobre a doença a fim de esclarecer o seu importante compromisso na adesão ao tratamento, seja orientando mudanças do estilo de vida, seja na terapia medicamentosa.
– Facilitar a compreensão do uso medicamentoso através do receituário ilustrativo, principalmente para pessoas de baixa escolaridade;

METODOLOGIA:

Os usuários da Unidade Básica de Saúde (UBS) de Campo da Mangueira previamente diagnosticados com HAS foram convocados pelos agentes comunitários de saúde (ACS) para o recadastramento de seus dados e atualização de receita médica. Para o recadastramento, utilizou-se o notebook através do Programa Excel registrando as seguintes variáveis:nome, prontuário, data de nascimento, sexo, ocupação, peso, estatura, se é hipertenso, se é diabético, tabagismo, alcoolismo, circunferência abdominal, comorbidades, medicamentos em uso, microaérea, medida de PA. A avaliação antropométrica (peso, estatura, circunferência abdominal) e a medida da pressão arterial, foram todas obtidas pelas doutorandas do estágio, utilizando os seguintes instrumentos: balança, fita métrica e esfingmomanômetro. O cartão do hipertenso também foi confeccionado e contemplou a identificação do paciente, dados clínicos, dias de consulta, medidas de pressão arterial, medidas de IMC, orientações didáticas sobre o tema e, por fim, a receita médica ilustrativa para facilitar a adesão ao tratamento.

RESULTADOS:

Foram cadastrados um total de 67 pacientes com HAS. Destes, 14 eram masculinos e 53 femininos, 16 eram diabéticos, 13 eram tabagistas e 4 foram considerados etilistas. Além disso, 37 dos pacientes avaliados estão com PA superior a 140x90mmHg. A média da circunferência abdominal feminina foi de 94,8cm (acima do normal que é 88 cm) e a média masculina foi de 98,9cm (dentro do limite normal que é 102cm). Outro ponto importante foram que as principais comorbidades encontradas foram osteoartrose (16 pacientes), dislipidemia (7 pacientes) e osteoporose (6 pacientes). Além disso, durante o cadastramento, os pacientes tinham seu cartão hipertenso preenchidos, com seus receituários ilustrativos organizados de forma lúdica.

DISCUSSÃO:

A relevância do trabalho foi documentar a população de hipertensos da UBS de Campo da Mangueira, bem como analisar a situação daqueles pacientes fora do controle pressórico, fato que pode ser explicado pela ausência da longitudinalidade, falta de compreensão da prescrição médica, resistência às mudanças dos hábitos de vida e dificuldade no acesso às consultas médicas. Como tentativa de modificação dessa realidade, a intervenção priorizou a compreensão da prescrição médica através de um receituário ilustrativo que mostrava de forma lúdica a posologia de suas medicações.

CONCLUSÃO:

Observou-se uma realidade preocupante na comunidade de campo da mangueira, em que 55,2% dos pacientes cadastrados estavam com a PA acima do recomendado e que a utilização do receituário ilustrativo facilitou o entendimento dos pacientes e a adesão ao tratamento indicado. Reconhecemos que o projeto necessita ter continuidade para uma melhor avaliação dos dados.