Gestão colegiada no HILP
O hospital Infantil Lucidio Portella dá um grande salto rumo ao fortalecimento da Gestão participativa e da Co-gestão com a criação de um Colegiado Gestor.
O evento reuniu os gestores e trabalhadores do hospital, e convidados de outras unidades de saúde, numa solenidade festiva, envolvendo um público de aproximadamente 70 pessoas. Também esteve presente na solenidade, a Drª Annatália Gomes, Consultora do Ministério da Saúde para a Política Nacional de Humanização no Estado, a qual acompanhou todo as etapas de construção do grupo, participando das rodas de conversas com o coletivo do hospital.
A iniciativa da implementação da gestão colegiada surgiu a partir das discussões dos trabalhadores, ocorridas nas rodas de conversas e nas oficinas de humanização disparadas pelo GTH, para a análise e o aperfeiçoamento dos processos de trabalho no hospital, subsidiada por outros modelos de gestão participada exitosa implementada em outros hospitais, como é o caso do Hospital Giseuda Trigueiro em Natal-RN.
Na visão de torres (2009), quando não existe uma gestão coletiva e ocorre a manutenção da centralização do poder, com práticas individualizadas, todos os problemas da unidade são concebidos pela administração como uma falha dos trabalhadores, enquanto que na visão desses, as falhas são da direção.
Na sua fala, Emília, Coordenadora do GTH do hospital, pontuou que a construção do colegiado se deu dentro de um processo coletivo de discussão, envolvendo gestores, trabalhadores e apoiadores da PNH, utilizando o método da roda, fazendo circular o diálogo, fortalecendo o trabalho em equipe e os vínculos afetivos. A seguir, fez uma apresentação de toda a metodologia e processo de construção do Colegiado.
Na operacionalização do processo, foi organizada uma comissão que em parceria com o GTH fez disparar 19 rodas de conversas setoriais, com a finalidade de discutir sobre o colegiado gestor, conceitos e competências, buscando a sensibilização dos trabalhadores para a importância da gestão colegiada e incentivar a escolha do representante de cada setor para composição do colegiado. Também foram realizadas duas rodas com os usuários, com o propósito de discutir a iniciativa, buscando incluir esses sujeitos no processo, como forma de fortalecer a participação e o controle social das ações e serviços de saúde ofertados no hospital
O grupo é composto de 28 representantes dos diversos setores do hospital, escolhidos de forma democrática pelos trabalhadores, e conforme pactuação, o Coordenador será escolhido através de eleição entre os representantes, para um mandato de um ano.
O coordenador assumirá o papel de articulador, disparando encontros com os gestores e o grupo, fomentando a problematização das questões demandadas,.para organização de pautas de discussão nos encontros do colegiado, que deverão ocorrer uma vez por mês.
O modelo de gestão participativa proposto pelo grupo busca fomentar e valorizar o trabalho de equipe, criando espaços que possibilitem o pensar e o fazer coletivo. Uma das competências do colegiado é elaborar o plano de ação da instituição, atuando nos processos de trabalho, buscando a participação de todos os atores envolvidos, sugerindo, elaborando propostas e avaliando os indicadores.
Para Torres, a descentralização do poder além de fortalecer o trabalho em equipe, possibilita a construção de projetos coletivos, melhora a comunicação e cria espaço para as inter-relações das pessoas e das equipes de trabalho.
Uma das primeiras iniciativas do grupo será a realização de uma capacitação para todos os seus integrantes, em parceria com o Polo de Educação Permanente da SESAPI, cujo projeto já se encontra em processo de análise para aprovação.
Para o Dr. Ednaldo Miranda, Diretor Geral do HILP, com a criação do Colegiado Gestor, cada trabalhador será um gestor no hospital, ampliando assim o grau de co-responsabilização nas práticas de trabalho. “Com a participação de todos nas decisões, teremos agora uma administração mais tranqüila e resolutiva”, finalizou.
Por Luciane Régio
Alegra-me saber que em alguns lugares do nosso país, a gestão colegiada, co-gestão, avança! Nada mais triste do que acreditar num SUS de todos, em que poucos são chamados para construí-lo, ou mesmo, feito de conta que sua opinião importa. A gestão colegiada é uma forma potente de produção de sentido para o trabalho em saúde.
Bjs,
Luciane