Gestão Pública premiada pelo MS (InovaSUS) é atingida pelo atual CAOS DA SAÚDE POTIGUAR- Cap. 5

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Continuando esta série de Posts acerca da atual crise da Saúde estadual  no território potiguar, é com pesar e preocupação que compartilho com a Rede HumanizaSUS, o pedido de Socorro do Hospital Giselda Trigueiro, nesta atual gestão.

  O texto que descreve a experiência de Gestão Participativa do Hospital Giselda Trigueiro no período 2008-2011, na busca por  implementação dos princípios e diretrizes da PNH ( Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde), experiencia que foi contemplada  com o Premio InovaSUS, ao final de 2011,  concluiu seu texto descritivo, avaliado pela Comissão Intersetorial do MS e OPAS, com  as seguintes palavras:

 "  Estamos cientes que para o fortalecimento da Cogestão, estão postos vários desafios no cotidiano do Hospital, dentre eles, a construção da cultura interdisciplinar, capaz de facilitar os momentos de encontros e trocas de saberes; a admissão de novos profissionais em diversas áreas para trazer impactos positivos no que tange à questão da sobrecarga de trabalho; melhoria da estrutura física do Hospital, de modo a permitir melhores condições de trabalho aos profissionais e mais conforto aos usuários; aumentar os recursos para o financiamento do Hospital, bem como aprimorar os métodos de avaliação e acompanhamento. Por fim, entendemos que  o processo de implementação do modelo de Gestão Participativa é uma construção contínua. Nesse sentido, apesar dos problemas existentes, o Hospital é reconhecido, tanto pelos usuários quanto pela rede pública estadual de saúde, como uma instituição que tem prestado atendimento de qualidade, sempre norteado pelos princípios do SUS. Como em outras instituições de saúde, o cumprimento integral da missão do Hospital Giselda Trigueiro dentro do modelo da Cogestão, implica em constante  enfrentamento dos desafios e dificuldades, visto não estar deslocado da complexa estrutura do sistema de saúde público estadual. Acreditamos, entretanto, que este é o caminho para a consolidação de um Sistema Único de Saúde mais democrático e eficiente." 

Na época  tivemos o cuidado e  satisfação em apresentar dados quantitativos dos indicadores hospitalares do Giselda:

 Gráfico 1 – Indicadores de produtividade- até 10/ 2011.

 

Até outubro. Fonte: Serviço de Arquivo Médico e Estatístico do HGT.

Observa-se no gráfico 1 indicadores de produtividade relacionados ao número de internação e a taxa de ocupação. Esta última trata da relação percentual entre o número de pacientes-dia, em determinado período, e o número de leitos-dia no mesmo período.

Gráfico 2- Indicador de qualidade.

*Até outubro. Fonte: Serviço de Arquivo Médico e Estatístico do HGT.

 No gráfico 2 o indicador revela a qualidade do serviço prestado, bem como, a eficácia e eficiência da instituição hospitalar, a qual vem apresentando uma queda significativa da taxa de mortalidade.  

Gráfico 3 – Demonstrativo dos valores faturados – AIH-
 

*Até outubro. Fonte: Setor de Faturamento do HGT.

O gráfico 3 mostra que ocorreu aumento do valor recebido referente às Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) faturadas, refletindo a melhoria na organização do serviço e na qualidade dos registros.

Gráfico 4 – Demonstrativo dos valores faturados – BPA-

 *Até outubro. Fonte: Setor de Faturamento do HGT.

 O  gráfico 4  revela os valores apurados pelo Boletim de Produção Ambulatorial  (BPA), os quais, assim como no gráfico anterior, apresentam uma curva positiva, demonstrando a eficiência da instituição na melhoria contínua dos seus processos produtivos, após a implantação da Gestão Participativa. 

  A  SEGUIR-  2012:

 Transcrevo agora matéria  divulgada nas mídias locais, que registraram a visita do FÓRUM  ESTADUAL DE SAÚDE, neste Hospital, na ultima quinta-feira, dia 31/05/12. Foi um encontro de 5 horas, bastante emocionante e dolorido, que trás depoimentos fortes,  gravíssimos, e tristes. Consideramos  porém que a divulgação é necessária  e  talvez, resolutiva na medida em que busca-se  soluções  democráticas, justas e éticas para a atual situação  de um governo  confuso, envolvida em diversas situações, que poderemos certamente, chamar  de "crime sanitário".

FONTE  E  IMAGENS A SEGUIR DE:

 Edição de sexta-feira, 1 de junho de 2012

https://www.diariodenatal.com.br/2012/06/01/cidades10.php

HOSPITAL GISELDA TRIGUEIRO pede socorro
Referência no atendimento a doenças infecto-contagiosas, hospital convive com sérias deficiências

Fernanda Zauli
[email protected]

 O relato da coordenadora do departamento de infectologia da UFRN, Iara Marques, foi apenas um de tantos depoimentos fortes, reveladores, e revoltados, durante a primeira visita realizada por representantes do Fórum da Saúde Pública ao Hospital Giselda Trigueiro:

 “A população sabe que se uma criança com catapora ou meningite precisar de uma UTI no Estado ela vai morrer sem assistência? Hoje, nós acolhemos as crianças doentes e as abandonamos na enfermaria, crianças que precisam de uma UTI ficam abandonadas à própria sorte na enfermaria. A gente acolhe, mas doente não precisa só de acolhimento, precisa de médico, de medicamento, de assistência, e falta tudo isso. A população precisa saber que pessoas estão morrendo à míngua, que morrem pacientes diariamente com doenças evitáveis, tratáveis, curáveis, como calazar, tuberculose, por falta de equipamentos, de estrutura". 

 Durante mais de três horas representantes do Fórum ouviram de médicos, enfermeiros, e servidores da saúde em geral, as dificuldades enfrentadas diariamente na unidade hospitalar. Os problemas apresentados são muitos, e graves.

A médica da UTI do Giselda Trigueiro, Andréa Cavalcante, denunciou a falta de condições de dar diagnósticos a pacientes HIV positivo. Segundo ela, quando um paciente HIV positivo apresenta um comprometimento do pulmão, por exemplo, não há como realizar exames no Giselda Trigueiro capazes de diagnosticar qual o fungo, o germe, o que está causando aquele problema pulmonar. E aí entra em cena o "exercício da adivinhação".

 A promotora da Saúde, Iara Pinheiro, destacou que os representantes do Fórum estavam ali justamente para conhecer a realidade do hospital para, a partir daí, apresentar propostas concretas ao governo do estado. "Estamos aqui para ter uma aproximação do Fórum a uma realidade concreta dos serviços. Quando dizemos que o dinheiro não está chegando existem danos, e é importante que a gente vá às unidades de saúde para ter a real percepção das implicações dessa realidade. O Fórum tem uma proposta de enfrentamento coletivo ao desgoverno que nós estamos vivendo hoje no Estado. Nós estamos buscando saídas para um momento de muita escuridão", disse a promotora.

A diretoria do hospital Giselda Trigueiro participou da reunião e compartilhou das angústias e denúncias dos servidores. As reclamações vão desde a falta de material básico até a escolha do paciente que irá para um respirador, a escolha pela vida de alguém.

"Quantas pessoas vão morrer de doenças infectocontagiosas que têm tratamento desde o século 19 para que o sistema mude? Até quando nós vamos compactuar com a morte de pessoas por falta de assistência? A população tem que ter conhecimento da situação que nós enfrentamos aqui diariamente", disse o Diretor Técnico do Hospital Giselda,  Dr. Carlos Mosca.

"O que nós vivenciamos no Giselda diariamente é um genocídio assistido, isso é crime. Eu não estudei para ver gente morrendo na minha frente por falta de assistência. Saúde é direito do povo e dever do estado. Nós atendemos pacientes que deveriam ser recebidos na rede básica, sem ter condições sequer de atender os nossos pacientes. Trabalhamos sem estrutura, sem o básico, muitas vezes faltam até luvas. Alguma coisa tem que ser feita ", completou a médica Edna Palhares.

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Fórum fará relatório sobre situação na unidade

A expectativa é que todos os fatos relatados na reunião constem de um relatório que deverá ser apresentado à governadora. "Quando criamos o Fórum nossa primeira providência foi tentar uma reunião com a governadora, mas até hoje ela não nos recebeu", disse a promotora Iara Pinheiro.

O Hospital Giselda Trigueiro está com a UTI desativada por causa de uma pane elétrica que aconteceu no último dia 18. Desde então, toda a estrutura da UTI e seus pacientes foram transferidos para o Hospital Dr. Ruy Pereira, onde permanecem até hoje. 

" Existe um projeto na Secretaria Estadual de Saúde desde 2009,  para a implantação de 10 leitos de UTI pediátrica e 10 leitos de UTI adulto no Hospital Giselda Trigueiro, mas não temos respostas", disse o Diretor Técnico Dr. Carlos Mosca.

Em um documento enviado à governadora sobre a pane elétrica na UTI a direção do hospital afirma que:

 " É extremamente difícil, desgastante e desestimulante administrar um hospital em condições tão precárias, com o agravante ainda do desabastecimento e da falta de orçamento para material permanente".