Gestão da Humanização FMUSP-HC: Na Roda da Rede, uma Rede de Ações
A humanização pode ser pensada em diferentes perspectivas teóricas e metodológicas. Do nosso ponto de vista, sua essência é a construção coletiva de compromissos éticos e técnicos que se expressam em ações para o cuidado ao paciente e melhoria das relações de trabalho entre os profissionais da saúde.
Por esse olhar, o desenvolvimento da humanização nos serviços será um longo caminho de maturação da cultura institucional para valores e atitudes, envolvendo cada vez mais pessoas nesse modo de ser e fazer em Saúde.
Para essa tarefa, a PNH (Política Nacional de Humanização) recomenda que os serviços criem o chamado Grupo de Trabalho de Humanização (GTH), formado por pessoas de diversas áreas.
Seguindo tal recomendação adaptada à nossa realidade, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), adotamos o modelo de trabalho em rede, a Rede Humaniza HCFMUSP, formada pelo Núcleo Técnico e Científico de Humanização e 16 GTHs estratégicos nos seus vários institutos, hospitais e serviços agregados.
Cada GTH é estratégico porque, formado por profissionais da saúde capacitados para atuar no âmbito da gestão dos serviços, se apresenta como dispositivo para o aprimoramento das diversas práticas de saúde, senão em todos, certamente nos principais setores da Instituição.
O GTH estratégico, por meio de metodologias de avaliação organizacional, identifica situações críticas nas interações no atendimento ao usuário, entre colaboradores, equipes e comunidade. Depois de identificar os problemas-alvo da humanização, o GTH estratégico junto com as áreas, define objetivos, estimula ou promove ações apoiadas em valores e atitudes como participação, autonomia, responsabilidade, diálogo e atitude solidária que resultam na melhor qualidade das práticas.
Quinzenalmente, a equipe do Núcleo Técnico e os coordenadores dos GTHs se reúnem para compartilhar ideias, propostas e manter-se em comunicação: a hora da roda, do encontro, da descoberta do que fazemos, queremos e podemos fazer.
Cada GTH da Rede identifica e procura dar visibilidade, ou desenvolve ações de humanização voltadas ao público interno (colaboradores e equipes) e ao público externo (pacientes e familiares) que o Núcleo Técnico acompanha e se solicitado assessora.
As ações de humanização de que falamos são todas elaboradas com o objetivo de aproximar as pessoas e promover encontros nos quais ocorra o desenvolvimento de tarefas de modo compartilhado e voltado ao entendimento. As ações podem ser pontuais ou de caráter contínuo. Podem também virar programas e ao longo do tempo ser incorporados à rotina dos serviços.
Só no trimestre de abril/maio/junho de 2012, a Rede Humaniza FMUSPHC realizou um total de 345 ações dessa natureza nos seus diversos Institutos, conforme pode ser visto no quadro e gráfico abaixo:
Muitas vezes nas nossas rodas de conversa, falamos das dificuldades, dos problemas, mas também de anseios, vontades e expectativas de conseguir transformar ideias em práticas que promovam a cultura da humanização. A força de tantas pessoas unidas em torno de um bem coletivo tão honesto e legítimo começa a aparecer nos números que mostram que uma roda de sonhos pode virar uma rede de ações.
Por: Izabel Rios e Pedro Resende