Saúde Mental e Atenção Psicossocial
Conforme a proposta do Prof° Douglas Casarotto na disciplina de Introdução a Psicologia da Saúde de escrever um post a respeito de algum assunto, escolhi os textos do Paulo Amarante que tratam de Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Amarante faz uma reconstrução histórica da saúde mental, as iniciativas que houveram, e expõem as várias psiquiatrias reformadas.
Tudo começa com a Revolução Francesa que foi palco de várias transformações econômicas, sociais e políticas. O hospital de instituição de caridade, que tinha objetivo de oferecer abrigo alimentação, assistência religiosa a todos aqueles que fogem do “padrão/normal”, que são os pobres, miseráveis, mendigos, desabrigados e doentes. Hospital até aquele momento era significado de hospedagem, ou seja, um lugar para que essas pessoas pudessem e deveriam ficar. Agora, período pós revolução francesa passa a ser instituição médica, sendo que esta deveria cumprir uma função de ordem social e política mais clara. Assim em 1656 foi criado o Hospital Geral, com sua criação houve um novo lugar social para o louco, aquele despossuído de razão. Lugar este, que Foucault referiu-se de ‘A grande Internação’ ou ‘O grande Enclausuramento’.
Em 1793 Philipe Pinel inicia sua grande obra de medicalização do Hospital Geral, elabora o conceito de Alienação Mental associado à idéia de periculosidade, e com isto sugere que o tratamento ideal seria o isolamento, a institucionalização, a hospitalização integral. A partir disso, Foucault questiona “Que estranha instituição seria essa que seqüestrava e aprisionava aqueles aos quais pretendia libertar? Como tão pouco saber pode gerar tanto poder?” (AMARANTE, 2008, p.37).
É evidente que em pouco tempo as instituições, asilos, hospitais estão lotados. Também não era para menos, nessas instituições havia grande “dificuldade em estabelecer os limites entre a loucura e a sanidade; as funções sociais (ainda) cumpridas pelos hospícios na segregação de segmentos marginalizados da população” (AMARANTE, 2008, p. 38).
Foi então em decorrência das duas Guerras Mundiais que a sociedade passou a refletir a respeito do homem, crueldade, solidariedade e assim foi criando condições históricas para um período de transformações psiquiátricas. Segundo Amarante (2008) foi após a segunda Guerra Mundial que a sociedade se deu conta de que os hospícios e os pacientes ali internados em nada se diferenciavam daqueles que estavam nos campos de concentração, o que era bastante evidente a ausência de dignidade humana. E com isso surgiram as primeiras reformas psiquiátricas.
A Comunidade Terapêutica consiste na luta contra a hierarquização ou verticalidade dos papéis sociais, surge como um movimento de horizontalidade e democratização das relações.
A Psicoterapia Institucional baseava-se na transversalidade, na escuta polifônica, acolhimento e ressalta a importância a importância da equipe e da instituição na construção de um suporte para os internos do hospital.
A Psiquiatria de Setor lutava para um trabalho externo ao manicômio, ou seja, adotar medidas para a continuidade terapêutica depois da alta hospitalar. Para isso foram criados Centros de Saúde Mental (CSM) em diferentes regiões.
A Psiquiatria Preventiva, com Gerlad Caplan, consiste na prevenção das doenças precocemente, ou seja, partiram em busca de suspeitos para detectar pessoas que poderiam desenvolver uma patologia.
Já a Antipsiquiatria, com os representantes Ronald Laing e David Cooper. Para estes não existiria doença mental enquanto objeto natural, paupável e sim uma experiência, “uma determinada experiência do sujeito em sua relação com o ambiente social” (AMARANTE, 2008, p.53).
E por fim, a Psiquiatria Democrática, com Franco Basaglia, que buscava a superação do aparato manicomial, não apenas a estrutura física e sim o corpo teórico de saberes e práticas que “fundamentavam a existência de um lugar de isolamento e segregação e patologização da experiência humana” (AMARANTE, 2008, p.56)
Então é isso povo, foram várias tentativas de reformular o modo com tomavam e tratavam os “loucos/despossuídos de razão”.
Por Marieli Cassenot Felipetto
Sâmia, só pra complementar o que tu escreveste, gostaria de acrescentar que: toda busca de transformação nos modelos psiquiátricos não devem se limitar simplesmente a abolição das estruturas manicomiais, mas a construção de novas formas de possibilidades e de inventividade, onde os atores envolvidos tenham participação ativa em todos os processos de mudanças.