Carta Aberta em favor da humanização do parto no Piaui.
A realidade obstétrica no Brasil e, em especial no Estado do Piauí, continua apresentando dados preocupantes, em virtude das altas taxas de cesariana que no ano de 2011 foram de 52% e 48,4% respectivamente. No entanto o que é recomendado pela OMS é de apenas 15%. Os dados de cesáreas na rede privada representam mais de 90% do total de partos (DATASUS/2011).
Um dos indicadores que demonstra a saúde obstétrica de um País são as taxas de mortalidade materna e neonatal. No Brasil em 2009 as taxas foram de aproximadamente 63,5 mulheres para cada 100.000 nascidos vivos, e no Piauí em 2011 foi de 90,7 óbitos de mulheres para cada 100.000 nascidos vivos. E a mortalidade infantil e neonatal no Piauí em 2011 representou 16,9 e 12,5 /1.000NV respectivamente. Dados considerados bastante elevados quando comparados aos de países desenvolvidos (DATASUS/2011).
Um novo modelo de atenção ao pré-natal, parto, nascimento e à saúde da criança tem sido proposto pelo governo federal com a elaboração da Rede Cegonha que visa fortalecer os demais programas ministeriais existentes voltados para a área da mulher e da criança e apresenta como linha de cuidado prioritária a Atenção Obstétrica e Neonatal qualificada e humanizada, baseada em evidências cientificas.
Mulheres de todas as regiões do país estão se unindo com o objetivo de mudar a triste realidade de assistência ao parto nas instituições de saúde em nossa sociedade, com vista à implantação da política de saúde da rede cegonha. Mudanças só irão acontecer se houver uma mobilização de toda sociedade.
Portanto, esta mobilização que irá acontecer em 23/11/2012, tem como finalidade informar e sensibilizar a população, em especial as mulheres, quanto a importância do parto humanizado conforme preconizado pelo Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde (OMS). Os principais objetivos desta mobilização são:
Divulgar o novo modelo de atenção ao parto que tem como foco a humanização da assistência.
Mobilizar a sociedade para a importância deste movimento como contribuição para redução das altas taxas de cesarianas bem como a redução da morbimortalidade materna e neonatal em nosso estado.
Divulgar sobre o direito ao acompanhante (Lei nº 11.108/2005) de livre escolha da parturiente durante todo trabalho de parto, parto e pós-parto.
Informar sobre a utilização das boas práticas durante o trabalho de parto e parto tais como: alimentação, deambulação (caminhar), massagens, banho morno, utilização dos exercícios da bola suíça, do cavalinho, posições no parto e outras.
Estimular a escolha da posição em que a mulher deseja parir: semi-sentada, na lateral, de quatro e ou de cócoras, e informar que seu parto normal pode ser assistido por médico ou enfermeira obstetra a depender de sua escolha.
Informar sobre a importância de colocar o bebê em contato direto com a mãe logo após o nascimento, antes do corte do cordão umbilical e iniciar a amamentação nos primeiros 30 minutos após o parto.
É necessário oferecermos à mulher e seu bebê uma assistência humanizada e reduzirmos as taxas de morbimortalidade materna e neonatal !
ABENFO-PI, COREN-PI, FMS, SESAPI, UFPI, MDER, Conselho Estadual de Saúde, Conselho estadual de direitos da mulher, Diretoria de politica para mulheres da SASC, Rede cegonha/MS, Núcleo de estudo e pesquisa do cuidar humano em enfermagem – NEPECHE.
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