Análise do trabalho coletivo

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O trabalho coletivo a meu ver pressupõe antes de qualquer coisa um "fazer com", mas também um fazer autônomo, não dependente.

Ao refletir sobre isto me ocorre um momento em que me vi durante minhas falas em nome da PNH pressionada a responder sobre um fazer do passado:

Por que o MS deixou órfãos os que acreditaram no PNHAH?

O que me ocorreu na hora foi abordar esta outra aposta da PNH e, não mais PNHAH, de apoio e de rede de apoio, para que ao mesmo tempo em que promova esta rede de sustentação, gere autonomia.

No entanto, não sei se isto é óbvio para as pessoas em geral. Tornamos-nos "donos" de nossos fazeres, pois eles geram produtos de nosso esforço, mas não só, pois nunca é um esforço de um, mas de muitos.

Este produto coletivo se separa de nós, qual um filho que ganha maioridade.

Temos então que nos responsabilizar sim por nossas produções, pois dependendo dos valores que nelas colocarmos, o produto terá capacidade de sustentação prescindindo de nossa presença.

Falemos então de autonomia do processo de trabalho: não sinônimo de ausência de regras, mas de um pertencimento que advém de princípios e diretrizes.

Esta liberdade não se dá no campo da anarquia, mas no campo da crítica e da auto avaliação. Autonomia que respeita outros seres autônomos envolvidos na produção.   

Para tanto este fazer assume uma relação de contrato e com vínculo provisório, pois é mantido pelo acordo entre as partes. Esta aparente fragilidade revela, no entanto um grau de confiabilidade muito grande, ao contratualizarem os propósitos somam esforços para produção de um bem coletivo. Assim, não há ganho específico para um mais que para outro, o ganho é comum, mesmo que para um signifique remuneração e para outro ação de gestão, implantação de dispositivo…

Porém é preciso estabelecer neste contrato quais a regras de avaliação do produto para ambas as partes, isto que o avaliador não fique na posição de carrasco e nem o avaliado na posição de escravo, nem um no lugar de cruel, nem outro no lugar de vítima.

Como avaliar então os contratos de gestão coletiva? Penso que a primeira condição é cultivar no coletivo a maturidade crítica, de fazer e receber críticas. Para isso será necessário lateralizar as relações, colocar para girar as emoções e as falas.

Não existe trabalho coletivo sem roda, sem mobilizar emoções, sem mover as pessoas de seus lugares cristalizados.

Este desafio que se coloca em roda, o da avaliação se torna muito mais aguerrido quando estamos transpassados por um fazer verticalizado que nos desafia a cada momento.

Como viver a roda dentro de uma pirâmide?

Será que a saída é inverter a pirâmide? Quebrar a pirâmide? Criar a Roda sobre a pirâmide? Humanizar a pirâmide pelo método da roda?

Acho que é esta última opção que temos tentado fazer. E por esta tentativa nos colocamos nesta tensão: como avaliar o trabalho coletivo? Que indicadores nos dão a sua real dimensão? Trata-se de quantificar produtos, mensurar processos?

Só se abrem perguntas e poucas respostas.

Acho que a produção do "olhar avaliativo" venha nos dar muitas respostas, mas eu ainda me sinto longe de sua construção.

Mas gostamos de desafios e isto é que nos move em muito para este fazer.

O que nos move é o desejo… é o idealismo… a crença no coletivo.

Como nos fala Dário a aposta  aponta para o planejamento, monitoramento e avaliação.

Assim sem que nos deixemos engessar, devemos mobilizar nossos planos por vezes engavetados, para que tenhamos uma direção que nos leve não para frente, mas para os lados num movimento de composição. 

 

Patrícia S. C. Silva

Blumenau SC