Profissionais da atenção básica à saúde revelam insatisfação e queixas
Conforme matéria assinada por Fernanda Marques na Agência Fiocruz de Notícias: "Pesquisa feita nas regiões Nordeste e Sul contribuiu para o conhecimento das condições de trabalho e saúde de profissionais que atuam na atenção básica à saúde. Foram entrevistados quase 5 mil trabalhadores, como médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem, entre outros. Divulgados pela revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, os resultados revelaram profissionais que consideravam suas condições de trabalho inadequadas e apresentavam diversas queixas de saúde. De acordo com os autores da pesquisa, essa insatisfação requer atenção, pois ela pode comprometer a qualidade do cuidado de saúde oferecido à população."
Leia mais clicando aqui: www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm
12 Comentários
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Por Ricardo Teixeira
Muito sugestivo o título do seu comentário…
Mais um comentário seu que, não importa quão breve seja, sempre traz muita riqueza.
Adorei essa idéia de estar "falando de amor à beira do abismo".
Quem é Cirulnick? Fiquei curioso…
Grande abraço,
Ricardo
Ricardo,
Boris Cyrulnik é chefe de ensino da "clínica do apego" na universidade de Toulon e presidente do observatório internacional da resiliência. Ele nos fala, em linhas gerais (superficialmente falando), sobre a capacidade criativa que surge em meio às adversidades. Aqui no Nordeste, trocando em miúdos, fala-se que "o que não mata, engorda" (aquilo que não me mata, me fortalece) ou que "a dor ensina a gemer". Falar de amor à beira do abismo no contexto ao qual me referi significa lançar mão de estratégias que nos potencializem em situações de sofrimento, adoecimento e impotência para continuar seguindo em frente…
Com carinho,
Jacqueline
Por Cláudia Matthes
desde o primeiro dia ensaio um comentário.
Vou fazer um ensaio. prometo.
beijos
Claudia 🙂 peju – contaminada pelo culto a doença,
num belo combate em defesa da vida.
Por Cláudia Matthes
"Protocolo de Manchester" ou/e Acolhimento com Classificação de Risco?
A medida que hospitais implantarem o Acolhimento com classificação de risco, colocarão em questão o trabalho da Estratégia de Saúde da Família e da Atenção Básica. Talvez seja oportunidade de colocar na vitrine todos os esforços e talvez venha dai o reconhecimento das equipes em fazer saúde, nadando contra a maré, de tantos "instituídos".
Penso que a rotatividade de profissionais, na Atenção Básica, as mudanças políticas-partidárias tem contribuido, e muito, para o modo como estamos "adoecidos".É poder de barganha para políticos das cidades pequenas desse grande Brasil, ao deixar de equipar as unidades básicas, deixar de qualificar profissionais, usar recursos para encaminhar usuários para outros serviços ("normalmente" serviços particulares) desqualificando o que se produz nos municípios.Proporcionar uma diversidade de atendimentos sem preocupar-se com a resolutivadade de questões.
Vivenciar a implantação de dispositivos da PNH possibilitou a Equipe olhar essas questões.
Cláudia – Peju+PNH@rede
Cláudia,
A rotatividade de profissionais na ESF provoca, além de descontinuidade, a dificuldade no fortalecimento de vínculos e essa é uma questão que há muito vem sendo discutida dentro da ESF sem que tenhamos, até agora, nenhuma saída concreta para amenizar a situação.
Acredito, realmente, que o ACCR abre uma oportunidade de colocar "os esforços na vitrine".
Aqui em Natal, no Distrito Norte, iniciamos uma discussão entre profissionais da ESF e profissionais de um hospital de referência acerca da questão e, apesar dos embates iniciais, o diálogo foi aberto e estamos criando um núcleo de articulação com representantes dos dois segmentos para, juntos, pensarmos no trabalho em rede.
com carinho,
Jacqueline
Por Simone Bernardi
Fiz meu plano intervenção como apoiadora institucional, em formação, sobre a saúde do trabalhador. Nesse percurso fui estabelecendo conexões com os outros trabalhadores e também com os gestores da saúde do município onde trabalho. Ouvindo o que esses tinham a dizer sobre o trabalho e observando como agiam frente a determinadas situações, pude notar que existe sofrimento e adoecimento por parte dos trabalhadores e gestores. No encontro com os outros trabalhadores da saúde, percebia que esses se dedicavam a cuidar dos usuários que chegassem até eles, mas não havia um espaço para eles próprios serem ouvidos, cuidados. Percebia, em alguns momentos, obstáculos na comunicação entre eles. E, percebi que tanto na gestão como na atenção à saúde, existem dificuldades e que os gestores, assim como os trabalhadores, esperam serem reconhecidos pelo que fazem. Além disso, sabemos que lidar com a dor do outro não é algo fácil, prazeroso, mas algo que, muitas vezes, pode sensibilizar aquele que cuida do doente, gerando dor em seu próprio corpo ou sofrimento. Mas, além disso, existem uma série de outros fatores que podem contribuir para o adoecimento ou sofrimento do trabalhador, como, por exemplo, a falta de recursos humanos, a dificuldade de comunicação, as relações conturbadas com os colegas de trabalho, entre outros. Acredito que é preciso diálogo para possibilitar a mudança, a melhoria nas relações, a participação de todos os envolvidos no processo de produção de saúde nas decisões sobre o seu fazer, apostando no protagonismo dos sujeitos. Mas, para possibilitar a mudança é preciso interesse, disponibilidade. Também notamos que, longe de ser tranqüilo, o trabalho produz movimento, mudança e pode gerar tensionamentos. Para enfrentar isso penso que é preciso que cada um amplie a sua capacidade de ouvir e expor suas idéias. Por outro lado, notamos que nem sempre os trabalhadores estão dispostos a expor suas idéias, por mais que haja abertura para isso.
Simone Bernardi
Por patrinutri
Cara Simone, vejo que seu relato é muito sensível e muito pertinente e que em nada difere da realidade que tenho acompanhado de vários grupos em SC e no PR.
Um agravante para todo este quadro é a falta de apoio dos gestores para colocar este problema em análise e com isso propor soluções efetivas.
Quando isto atinge uma escala muito intensa em geral o que o gestor quer é realizar palestras de motivação, colocando a "culpa" deste adoecimento no próprio trabalhador de saúde e julgando que só dele depende a motivação para o trabalho.
E quando falamos das responsabilidades de cada um nesta questão por vezes o gestor vê isto como uma postura subversiva.
Os coletivos de humanização que se apoiam na PNH por sua vez promovem a implicação dos envolvidos, trabalho que faz sentido, não adoece!
Parabéns pelo trabalho Simone!
Patrícia S. C. Silva
Blumenau SC
Por patrinutri
Em geral quando nos propomos a iniciar trabalhos na perspectiva da PNH arregimentamos trabalhadores de saúde para disparar estes processos, porém a primeira demanda nos encontros do grupo são questões relativas a saúde do próprio trabalhador de saúde e especialmente de valorização do trabalho e do trabalhador de saúde.
Mais ainda quando incluimos na roda a humanização na perspectiva da inclusão dos sujeitos envolvidos e do desafio de mudança dos processos de trabalho em saúde.
Temos que dar muito mais atenção a isto sem dúvida!
Patrícia S. C. Silva
Blumenau SC
Por patrinutri
Pungente não é a dor
que se sente;
mas a não sentida,
que por ser estranha
é sempre a mais
temida.
JJ Leandro
(site Overmundo)
Digo que concordo com Leandro, é importante evidenciar nossas dores, não para expor nossas feridas, mas para coletivamente buscarmos a cura!
Patrícia S. C. Silva
Blumenau SC
Por ericalcm
Olá pessoal,
Já me apresentei mais diretamente para alguns e postei a minha apresentação na rede para todos os integrantes da RHS.
Bem, esta discussão de vocês é a inquietação que trago no meu projeto para a minha dissertação de mestrado intitulado "A dor e a delícia de ser trabalhador: um estudo etnográfico digital sobre o trabalho na atenção básica na Rede HumanizaSUS".
Tinha pensado como metodologia para inserção aqui na rede, a seleção dos posts do ano de 2012 que tivessem relação com o meu tema e uma conversa com os autores e pessoas que participaram da discussão.
Mas, como tem sido tudo desde que escolhi este espaço como meu campo de pesquisa, a cada leitura novas possibilidades se apresentam e aqui estou eu conversando com vocês sobre um post de 2008 (minha orientadora vai sem dúvida dizer, olha o foco Erica, olha o foco – rsrs!).
Estou no momento, concluindo uma revisão de literatura sobre um análise do trabalho na atenção básica na perspectiva dos trabalhadores e o que vem me deixando surpresa é que, em grande parte dos estudos, um mesmo tema causa dores e delícias nos trabalhadores.
A possibilidade de trabalhar em algo que possibilita ajudar pessoas que precisam, comunidades carentes, além do vínculo que produzem com a comunidade tem aparecido como fator de satisfação entre trabalhadores. Mas, ao mesmo tempo relatam ser essa proximidade fator de desmotivação, pela sensação de incapacidade de dar resposta às necessidades de vida destas pessoas e também pelas poucas ferramentas que possuem para ajudar nestes encontros.
É isso, não resisti em passar aqui e deixar este relato.
Abraços!
Fazendo uma busca sobre os posts que abordam a saúde do trabalhador neste espaço, encontrei este post do Ricardo Teixeira (Coordenador da RHS) que faz referência a uma interessante pesquisa feita nas regiões Nordeste e Sul sobre as condições de trabalho e saúde de profissionais que atuam na atenção básica à saúde. Como a questão, pela sua importância, está sempre em foco, trago o post de volta para às conversas ativas.
Uma boa leitura!
Emília
Por jacqueline abrantes gadelha
Ricardo,
A questão é realmente muito séria. Pergunto: é possível um trabalhador doente produzir saúde?
No dia-a-dia, frequentemente tenho aquela famosa sensação de estar "falando de amor à beira do abismo" como tão bem descreve Cirulnick.
um abraço,
Jacqueline