I MOSTRA DE HUMANIZAÇÃO DA REDE HOSPITALAR PRÓPRIA DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA
NO dia 30 de setembro, na Escola de Saúde Pública, foi realizada pela Política Municipal de Humanização, com o apoio da PNH, a “I MOSTRA DE HUMANIZAÇÃO DA REDE HOSPITALAR PRÓPRIA DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA” que teve como tema “A HUMANIZAÇÃO DA ATENÇÃO E DA GESTÃO EM SAÚDE: COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS E CONSTRUINDO ESTRATÉGIAS PARA OS NOVOS DESAFIOS”
Desde o ano de 2005 a secretaria municipal de saúde adotou a humanização da atenção e da gestão em saúde como uma política transversal às demais políticas de saúde. Assim, muitas iniciativas foram realizadas. Um primeiro gesto marcante foi a retirada das grades que separavam a população dos trabalhadores assinalando concreta e simbolicamente a necessidade uma mudança radical na relação entre usuário e trabalhadores.
Após 3 anos e meio, os frutos estão sendo colhidos. O disparar do acolhimento como princípio em toda a rede hospitalar estimulou a implantação de outros dispositivos e, a cada novo passo dado, novas possibilidades começaram a ser percebidas.
Na mostra ficou patente o pulsar de toda a rede, a construção de novas subjetividades instaurando novos marcos nas relações de poder entre as corporações de trabalhadores bem como com os usuários. Inúmeros exemplos mostraram o desenvolvimento de tecnologias leves, a reestruturação da ambiência, a difusão da prática do Acolhimento, a construção do trabalho em rede, a implantação do Acolhimento com Classificação de Risco.
Dessa forma, ficou patente a importância decisiva da força do coletivo, do quanto muitas vezes em quadro de absoluta precariedade material pode-se retirar a energia criativa para a construção do novo, de como o SUS vai dando certo de forma plural e diversa, se constituindo a partir das necessidades de cada espaço cultural, derrubando limites e instaurando novas lógicas de pensar a saúde.
Na Mostra foram apresentados 46 trabalhos de ótimo nível(vide anexo), que evidenciaram como a Humanização transformou os serviços hospitalares do município, ficando demonstrado mais uma vez a capacidade dos trabalhadores em serem os agentes da construção do próprio conhecimento. A Mostra foi coroada em seu final com o lançamento da publicação dos Protocolos de Classificação de Risco Adulto e Pediatria, fruto de exaustivo trabalho. Pactuou-se a realização de futuros treinamentos para que todos os trabalhadores envolvidos no ACCR possam utilizar e disseminar estes protocolos.
Mas não podemos nos enganar. Conquistados novos espaços, percebe-se novos desafios. Assim, como retroalimentar os processos já desencadeados em quadro caracterizado por falta crônica de recursos financeiros? Esta pergunta talvez possa ser respondida pela constatação de que os maiores valores já se encontram em construção: novas subjetividades, novos olhares, novas práticas. Cada trabalhador hoje, numa infinita rede de co-responsabilização, tomará para si a tarefa de difundir e/ou criar processos de trabalho norteados pelos princípios da constante busca de um SUS cada vez mais humanizado.
Este foi um grande evento como grande é o SUS. Mas existiria um SUS se não fossemos nós a dar-lhe vida e movimento? Ao se derrubar as grades que isolavam trabalhadores e usuários nos serviços, um longo caminho começou a ser percorrido. Não podemos parar de trilhá-lo: diante da visita ampliada, busquemos a visita aberta. Diante do acolhimento implantado, busquemos intensificar o trabalho em rede, água vital que irriga as possibilidades de bem acolher. Devagar a utopia vai construindo o atrevimento da realidade! O SUS DÁ CERTO!
Por VERONESIA MARIA DE SENA ROSAL