A saúde que liberta não pode vir da mão que escraviza!

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A saúde que liberta não pode vir da mão que escraviza!
“A arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.” Tomei este título de empréstimo de Eleilson Leite (https://diplo.uol.com.br/2007-10,a1968), que por sua vez o pegou do Manifesto da Antropofagia Periférica, mais uma pedra preciosa do poeta Sergio Vaz. Este encadeamento me leva a uma paráfrase:
A saúde que liberta não pode vir da mão que escraviza!
O público e o privado têm convivido muito próximos no sistema de saúde brasileiro. Ao organizar eventos com o intuito de disparar processos de humanização nos estabelecimentos de saúde, não raro os organizadores se vêem tentados a estabelecer parcerias que muitas vezes constituem-se em espaços de lobby para empresas que se utilizam do setor saúde como um negócio.
Não desejamos vender saúde, desejamos construir espaços saudáveis por intermédio de um encontro público, democrático e universal.
Ao ceder a estas parcerias muitas vezes os grupos acabam por se tornar reféns em sua potencialidade crítica e em seu fazer com isenção.
Este hibridismo acaba por minar as ações destes grupos, tais como um micro furo numa embarcação em alto mar. Fragilizada aos poucos o trabalho cai em descrédito, ou se torna mera maquiagem sobre a dura realidade vivida por muitos serviços públicos. E em última análise o foco inicial foi aquela ingênua parceria para viabilizar um evento, que na verdade poderia ter acontecido sem o recurso ofertado pelos interesses privatistas.
Será que para fazer as ações voltadas à humanização precisamos mesmo de certos recursos matérias ou nossa estratégia está se limitando por isso?
Não que não sejam necessários momentos de capacitação, encontro e debate, mas sem que para isso precisemos ceder aos interesses pelos quais tanto lutamos.
 
Patrícia S. C. Silva
Blumenau SC