VEM

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“Se tiveres que me acolher
que me acolhas por inteiro,
de vida inteira, cultura adentro.

Se quiseres que te acolha
diga-me primeiro quem és
num discurso franco e leve.

Se me quiseres mais leve,
terapeuta – tu ou eu?
O que me dás? Do que precisas?

O diálogo é que nos traz
a vestir uma só camisa
de conforto e harmonia.

Às vezes é questão de horas,
às vezes durante dias,
mas desistir também não posso.

Endosso tua palavra.
Escuto teu sentimento.
Sinto um ser em movimento.

Esqueci quem era eu.
Me olvidei de onde vim
para ser um outro em ti.

Assim posso te acolher
e contigo também eu
sublimar a minha prática.

Acho que te compreendo
em saber me transformando
mais humanos nos tornamos.

Clínica, terapia, ser cuidado; pelas
singularidades reconhecidas nos papéis
que assumimos, construímos nossos vínculos.

Agora nos aporta a tolerância
e o diálogo como guia seguro
na resolutividade dos problemas.”

(Ray Lima – in Roteiro Cenopoético para Curso de Terapia Comunitária na Oca do Índio – Projeto Quatro Varas – Beberibe-Ce – 2008. Facilitado por Johnson Soares, Vera Dantas, Ray Lima e Mayana Azevedo)