PRONTUÁRIO
Se a pessoa ao trabalhar
Na área da saúde
Entendesse o que há
Além dos papeis
Veria com outros olhos
Quando o prontuário
Às suas mãos chegar.
Tem um avô calejado
Mãos grossas de arar a terra
Orgulho, sensatez, dignidade
Assustado, que nem criança
Porque sabe que dependendo da sentença
Pode ir embora sua individualidade
Tem um pai de família
Provedor de um lar
Que de seus braços sai o sustento
Aluguel, comida, escola
E isto não pode faltar.
Tem uma mãe
Rocha dura, esteio, muito carinho
Depende dela o equilíbrio da casa
Roupa lavada, comida na hora certa
E muito amor, com feijão quentinho.
Tem um adolescente
Com a cabeça atordoada
Primeira experiência sexual
E uma dúvida cruel,
Sente coisas estranhas
E não tem coragem de falar
Arrependido daquela
Saída malfadada
Tem uma adolescente
Menstruação atrasada
Bem feito, quem mandou?
Mas, ele disse que me amava
E como vai ser agora
Sua vida ficará arrasada.
Tem uma criança
Febril, doída e insane
Que não consegue definir o que sente
Que não sente o que diz
Porque tem medo do novo
Mas quer se curar e
Voltar a ser feliz!
Diante do que lemos
E sabemos que é real
Vemos o povo sofrendo
Conhecemos por que
Também sentimos
E o que estamos fazendo
E agora Dr?
A pergunta que não quer calar
Quem está ali a sua frente
A pessoa ou um papel
Qual dos dois o Dr vai tratar?
Sonia Maranhão
Por STELLA MATUTINA DO SOCORRO TEIXEIRA DIAS
Senhor!
Neste dia e em todos os outros
Quero te pedir
Dê-me mais humildade
Não aquela dos discursos
Mas a que faz bem a comunidade
Ao conosco lidar
Dê-me mais compromisso
Dê-me mais coragem
Dê-me mais ãnimo
Dê-me mais soluções
Dê-me menos cansaço
Dê-me mais desejos
Dê-me mais verdades
Dê-me mais certezas
Dê-me menos amarguras
Dê-me mais poder de convencimento
Dê-me mais opções
Dê-me mais urgência
Porque a fome não espera
E ensinar a pescar
De barriga vazia não se consegue,
Aprender nem ensinar
Depois da fome saciada
Há ânimo dobrado
E certamente o ensinamento
É muito mais aproveitado
Dê-me mais coração
Mas,aquele que dá ordens
Para deixar de lado a razão
Para aos necessitados socorrer
E conseguir convencer
“que é preciso saber viver”
Dê-me mais silêncio
Aquele que se faz presente
Quando é necessário pra gente
Pra poder a alma ouvir
E deixá-la desabafar
Sem interromper ou obrigá-la a calar
Para falar de nossas convicções
Se não puder ,Senhor
Não tem problema
Eu consigo enfrentar a dor
De ver a minha impotência
Mas a única coisa que exijo
Se assim O permitir
É que não tire nunca
O meu desejo de ajudar
Deixe-meguerreira
Lutadora,racional,gente
Mulher,mãe,filha,neta
Amiga ,paciente,médica
Enfermeira,auxiliar
Deixe-me como sou
Errando,acertando,corrigindo
Liberta,adulta,criança
Deixe-me corajosa,humana
Sensível,chorona,forte
Deixe-me assim igual a todos
Porque só assim me faço aceitar
Pelas pessoas que estão lá
Dentro do meu território
Dentro de mim
Pois, as vezes me confundo
Será que eu sou eles?
Ou será que eles são eu?