Humanização do SUS cresce e atinge todo o país

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Criada em 2003, pelo Ministério da Saúde, a Política Nacional de Humanização (PNH) do Sistema Único de Saúde (SUS) já está presente em todas as unidades da Federação. Dados da Coordenação Nacional da Política registram que cerca de 200 hospitais do SUS têm algum dispositivo de humanização implantado. Além desse registro oficial, a coordenação destaca ainda que outras unidades do SUS também trabalham com humanização, mas sem contato direto com a PNH.

“Hoje, após cinco anos de sua criação, a Política Nacional de Humanização é uma realidade”, comemora o coordenador da PNH, Dário Pasche. Ele destaca que iniciativas de humanização já existiam antes de 2003, mas que o mérito da Política está na sistematização, organização e estímulo dessas experiências, o que não existia antes.

Para o coordenador, humanizar a saúde pública do país, ao contrário do que muitos pensam, não é uma ação ligada à boa educação, à simpatia ou ao comportamento piedoso do profissional de saúde em relação ao usuário. Ele explica que a humanização surge para superar desafios como o acolhimento nem sempre adequado, a pouca valorização do trabalho em saúde, a não formação de vínculo entre usuários e equipes, entre outros.

Além de articular iniciativas de humanização nas unidades do SUS, a Política também trabalha com questões apontadas pela sociedade quanto à qualidade no cuidado em saúde e com problemas no campo da organização do trabalho em saúde. Pasche explica que a PNH atua com um método de inclusão, em que gestores, profissionais e usuários do SUS contribuem de forma igualitária para a construção de uma saúde pública humanizada. “A humanização é feita por meio da produção integrada de um plano comum de cuidado com a saúde”, afirma.

Outro desafio da humanização destacado por Pasche é fazer com que as pessoas envolvidas com a saúde pública – seja o gestor, o usuário ou o profissional de saúde – deixem de considerar apenas o aspecto biológico durante o tratamento. “É necessário agregar as dimensões social e subjetiva de cada sujeito. Quando reduzimos o humano ao aspecto biológico, temos uma clínica degradada, de baixa efetividade e qualidade”, comenta.

O coordenador esclarece que a PNH retoma a idéia de que as pessoas devem ser vistas como seres completos, que têm história, relações sociais e impressões pessoais, além de uma necessidade pontual de saúde a ser tratada. A Política aposta na democratização das relações, pois entende ser necessária a construção coletiva de novos modos de produção subjetiva, de novos sujeitos que sejam mais capazes de se co-responsabilizarem. Para isto a PNH não propõe receitas nem prescrições, mas um método: colocar as pessoas em roda, ao lado, para co-construírem juntas.

ESTRUTURA – Hoje, a Política Nacional de Humanização do SUS, ligada à Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, conta com um grupo de profissionais alocados no Ministério da Saúde, em Brasília (DF). Além desses trabalhadores, a PNH também tem pequenas equipes, compostas por três a cinco consultores, que atuam em todo o Brasil, organizados em nove regionais, em parceria com gestores estaduais e municipais de saúde.

Para melhorar a articulação de ações de humanização entre estados e municípios e promover o compartilhamento de boas experiências, a PNH criou a Rede HumanizaSUS. Por meio de um blog na internet, gestores, usuários e profissionais de saúde podem interagir e discutir iniciativas implantadas para humanizar a saúde pública brasileira. É um espaço democrático com o objetivo de reunir, virtualmente, pessoas que trabalham, estudam ou se interessam pelo tema. Para participar basta acessar o endereço eletrônico redehumanizasus.net.

SEMINÁRIO – Entre os dias 8 e 10 de julho de 2008, a Coordenação da Política Nacional de Humanização irá realizar o II Seminário Nacional de Humanização – Trocando experiências. Aprimorando do SUS, em Brasília (DF). O evento reunirá experiências de humanização na saúde, com o objetivo dar visibilidade e discutir ações de sucesso. A expectativa é que o seminário reúna cerca de 1,2 mil pessoas, entre gestores, profissionais de saúde, estudantes, pesquisadores e público em geral que tenha interesse no tema humanização.

* Matéria publicada nesta segunda no MS Informa, boletim eletrônico interno do Ministério da Saúde