Apoiador ou Formador?
"Como é difícil dar nome às situações, coisas e pessoas!!
Um exemplo: desejamos muito um filho e para decidir o seu nome, fica sempre uma dúvida: Como vai se chamar? Penso: – “Um nome pomposo, complicado, internacional ou um nome simples, bem brasileiro? Será que vai gostar da minha escolha?”
Lembro-me que há 10 anos, tive a minha primeira reunião no Ministério da Saúde em Brasília, vindo de Cuiabá, passamos a tarde toda discutindo o nome de um curso, que afinal, não mudou: Introdutório (Saúde da Família), será que ficou bom???
Formador ou Apoiador? Sempre temos dúvidas até mesmo entre nós quando vamos discutir sobre os cursos. Afinal, como chamaremos os que estarão em contato mais próximo com os alunos? Formador ou Apoiador?
Confesso não gosto desse nome: Formador, por remeter a forma, por dar a impressão de um suposto saber que, na verdade, está sempre em construção.
Prefiro: Apoiador, que remete a estar junto, sem restrições, mesmo quando a situação foge ao nosso “suposto” controle (?), mesmo que o apoiado pareça dispensar ou não precisar do nosso “apoio”.
A minha mais recente experiência foi no Curso-Intervenção: Tecendo Redes no MT (de abril de
A PNH transforma, transforma, não apenas a prática ruim em boa, mas também as boas práticas em melhores ainda.
Acredito nos princípios e diretrizes da PNH e estes fazem diferença na minha vida, acredito em co-gestão: fazer junto, incluir, estar ao lado de, não só nos momentos bons, mas também nos piores, pois são nesses e não nos outros que precisamos das pessoas mais perto de nós.
É nessa hora de desespero, de desesperança, que o apoiador se faz presença e o formador…
Apoiador – Institucional, Pedagógico, Matricial, Local e tantos mais sobrenomes que existem e chegarão, precisamos estar sempre, como nos diz Regina Benevides (1994): – O apoiador não é simplesmente um consultor, que palpita sobre o trabalho e diz das mazelas do grupo; nem tampouco sua ação se resume à assessoria, indicando caminhos a partir de um suposto saber externo que atua sobre o grupo. Sem negar estas especificidades, o apoiador é alguém que penetra no grupo para acioná-lo como dispositivo, apresentando como um “fora dentro incluído”, alguém que atravessa o grupo não para feri-lo, ou para anunciar suas debilidades, mas para operar junto com o grupo em um processo de transformação na própria grupalidade e nos modos de organizar o trabalho e de ofertar ações e estratégias de saúde.
Da física recordo a Terceira Lei de Newton: Lei da Ação e Reação: “A toda ação corresponde uma reação de igual intensidade e direção, mas de sentido oposto”. Assim, recebi de volta, todo apoio que dei e esse é o imponderável da vida.
Apoiador ou formador? Essa discussão só tem um propósito, que independentemente do nome escolhido, a atitude é certa: estar com, sustentar, ser base para saltos maiores…
Por eneida vandoni
Apoiador ou formador?
Para o “Tecendo Redes”-Mato Grosso, você não foi somente
um apoiador e talvez seja por essa razão que ficou em
dúvida quanto ao nome que se deva dar a seres humanos
tão sensíveis como poucos, que realmente apostam no SUS
que dá certo. A Simone também teve sua grande parcela de participação nesse processo de construção da Rede-MT.
Não me canso de parabenizá-las e reconhecer a
imensa participação de vocês. Quero aqui em público afirmar
que estarei sempre junto de você para cada vez mais
aumentar essa Rede que com a ajuda de todos os participantes do curso, conseguimos formar, porém, não podemos deixá-la
parada, ela é viva e devemos alimentá-la sempre. Na verdade
pra mim que fui aluna do “Tecendo Redes” e que convivi
com pessoas dos três níveis da atenção, com
Coordenadores, Consultores, Apoiadores, Formadores do
Ministério da Saúde, tantas pessoas, nenhuma menos
importante que outro, aprendi que muito aprendi e que muito
tenho a aprender e por que não dizer… Apreender.
São pessoas de todos os cantos do Brasil, pois o estado
de Mato Grosso como um estado promissor e acolhedor,
é hoje uma mistura de raças, crenças, culturas e
costumes. Confesso que aprendi muito mesmo com a
atenção básica que sempre foi minha paixão, como são
excelentes aquelas pessoas, quanta dedicação, a
atenção secundária, quanta riqueza, já tive a oportunidade de
desenvolver ações alguns meses no Centro de Reabilitação
Dom Aquino Corrêa, como aprendi os hospitais, um
aprendizado que todos nós deveríamos ter.
O pessoal da saúde mental, esses são os verdadeiros heróis da resistência, a formação, o nível central da SES, a SMS,
quanta garra. Os Prontos Socorros, que luta incansável,
mas juntos chegaremos lá. Temos o mesmo ideal e isso
é tudo. Tive a experiência pela sorte que estou tendo em
“estar” gerente de Humanização do Estado, no decorrer do
curso, ter tido alguns encontros com os 16 Escritórios
Regionais de Saúde. Nossa!!! Quanto aprendi, quanto me
apaixonei! Os trabalhadores vão pelo impulso,
criatividade, experiência, vivência, conhecimentos já
codificados pelos próprios trabalhadores, e não apenas o
que está prescrito e deve ser cumprido à risca, é esse saber
mexer com os modos autoritários que não permite o “emperrar” do serviço, tornando o SUS forte e resolutivo. Aliás, acho que
sou mesmo uma apaixonada por tudo aquilo que me
disponho a fazer e a PNH realmente virou minha grande
paixão. Concordo com você Eliana, que a lógica pra nós
que vivemos com tanta intensidade essa política; recebemos
de volta, todo apoio que damos e que precisamos
para continuarmos vivos, pulsando, criativos e ativos, aptos
para “trocar” e não somente “dar”, mesmo porque, não somos e
nunca seremos os donos da verdade, estamos juntos construindo
essa política, com idas e vindas, com avanços e retrocessos, com
afetos e desafetos, com erros e acertos. É isso que dá tempero
a esse movimento da PNH é o acolher, incluir, saber ouvir, estar
com, abrindo sempre espaço nesta lateralidade da grande RODA
que formamos, com distintos e importantes saberes imprescindíveis
para a construção da rede de saúde em nosso estado, com
mais protagonismo, mais co-responsabilização, para maior
resolutividade dos serviços ofertados. Fazer de Mato Grosso um
estado que orgulhosamente possa contar aos quatro cantos do
mundo: “Temos um SUS que dá Certo”! Aprendi, estou
aprendendo e muito tenho a aprender com você, obrigada por
fazer parte desse coletivo. Beijos Eneida.