Apoiador ou Formador?

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  "Como é difícil dar nome às situações, coisas e pessoas!!

   Um exemplo: desejamos muito um filho e para decidir o seu nome, fica sempre uma dúvida: Como vai se chamar? Penso: – “Um nome pomposo, complicado, internacional ou um nome simples, bem brasileiro? Será que vai gostar da minha escolha?”

    Lembro-me que há 10 anos, tive a minha primeira reunião no Ministério da Saúde em Brasília, vindo de Cuiabá, passamos a tarde toda discutindo o nome de um curso, que afinal, não mudou: Introdutório (Saúde da Família), será que ficou bom???

    Formador ou Apoiador? Sempre temos dúvidas até mesmo entre nós quando vamos discutir sobre os cursos. Afinal, como chamaremos os que estarão em contato mais próximo com os alunos? Formador ou Apoiador?

   Confesso não gosto desse nome: Formador, por remeter a forma, por dar a impressão de um suposto saber que, na verdade, está sempre em construção.

    Prefiro: Apoiador, que remete a estar junto, sem restrições, mesmo quando a situação foge ao nosso “suposto” controle (?), mesmo que o apoiado pareça dispensar ou não precisar do nosso “apoio”.

     A minha mais recente experiência foi no Curso-Intervenção: Tecendo Redes no MT (de abril de 2007 a maio de 2008). Lá surgiram alguns apelidos na relação com os “alunos”- amigos – companheiros do dia a dia do trabalho no SUS, que me fizeram mais sentido que Formadora, por exemplo: Catadora, Apanhadora, que remetiam principalmente, mas não exclusivamente, a alguém que está ‘apanhando’, catando as pessoas pelo caminho. Incluir, não deixar ninguém pra trás, isso eu aprendi…

      A PNH transforma, transforma, não apenas a prática ruim em boa, mas também as boas práticas em melhores ainda.

      Acredito nos princípios e diretrizes da PNH e estes fazem diferença na minha vida, acredito em co-gestão: fazer junto, incluir, estar ao lado de, não só nos momentos bons, mas também nos piores, pois são nesses e não nos outros que precisamos das pessoas mais perto de nós.

      É nessa hora de desespero, de desesperança, que o apoiador se faz presença e o formador…

      Apoiador – Institucional, Pedagógico, Matricial, Local e tantos mais sobrenomes que existem e chegarão, precisamos estar sempre, como nos diz Regina Benevides (1994): – O apoiador não é simplesmente um consultor, que palpita sobre o trabalho e diz das mazelas do grupo; nem tampouco sua ação se resume à assessoria, indicando caminhos a partir de um suposto saber externo que atua sobre o grupo. Sem negar estas especificidades, o apoiador é alguém que penetra no grupo para acioná-lo como dispositivo, apresentando como um “fora dentro incluído”, alguém que atravessa o grupo não para feri-lo, ou para anunciar suas debilidades, mas para operar junto com o grupo em um processo de transformação na própria grupalidade e nos modos de organizar o trabalho e de ofertar ações e estratégias de saúde.

      Da física recordo a Terceira Lei de Newton: Lei da Ação e Reação: “A toda ação corresponde uma reação de igual intensidade e direção, mas de sentido oposto”. Assim, recebi de volta, todo apoio que dei e esse é o imponderável da vida.

      Apoiador ou formador? Essa discussão só tem um propósito, que independentemente do nome escolhido, a atitude é certa: estar com, sustentar, ser base para saltos maiores…