ROTEIRO CENOPOÉTICO PARA A CARAVANA SUS EM FORTALEZA
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ROTEIRO CENOPOÉTICO PARA A CARAVANA SUS EM FORTALEZA
ADAPTAÇÃO Por Ray Lima*
do roteiro sobre doença falciforme
produzido por Ray Lima, Vera Dantas, Elias J. Silva e Márcio Firmino para o III Mostra Nacional de Produção em Saúde da Família, Brasília 2008.
Músicas de Johnson Soares e Ray Lima
Intervenção Cenopoética com:
**Vera Dantas, Elias J. Silva, Johnson Soares, Paulo Nogueira, Jair Soares, Edvan Lourenço e Ray Lima
Música de abertura
De sonhação
o SUS é feito;
com crença e luta
o SUS se faz.
Saúde é coisa branco?
Saúde é coisa de preto?
Saúde é coisa de gente?
Saúde comporta gueto?
De sonhação
o SUS é feito;
com crença e luta
o SUS se faz.
Saúde é coisa de elite?
O SUS é coisa do povo?
O acesso tem um limite?
O SUS é vida pra todos?
De sonhação
o SUS é feito;
com crença e luta
o SUS se faz.
Toda doença é complexa
do nascedouro ao finzinho
porque nasce em ser complexo
não há reta nem convexo
não despreze um só caminho
De sonhação
o SUS é feito;
com crença e luta
o SUS se faz.
Todos –
O sonho é nosso, a prática também.
A luta é de todos, as conquistas também.
Até dos que criticam?
Principalmente. Quando participam
e têm o SUS como um bem.
Um bem comum, universal.
Que nasceu e sobrevive!
E quer continuar e precisa existir!
– Um tal fulano morreu.
– De doença ou vil metal?
– Não se sabe bem o mal.
– E o Sistema convencional o que tem a ver com
isso?
– É grande o rebuliço pra botar culpa no SUS.
– A mídia não induz o povo a acreditar
que o SUS é o problema da saúde do País?
– Assim se ouve nos jornais televisivo e por
escrito.
– Ela no SUS não acredita ou só vê
o que na prática ainda é falho?
– Há uma parte que deturpa e difama tudo aquilo
que contraria os interesses daqueles que a
mantém.
– Há interesses, grana em jogo?
– Dar pra sentir as evidências. Além disso
há as crenças, os conflitos de paradigmas;
futricas e resistência de cunho ideológico,
sem contar com a cultura da medicina
convencional; e os efeitos da formação na
prática profissional.
– Isso significa dizer que é preciso uma mudança
mais que simples, radical?
– Entre outras coisas: na formação dos
trabalhadores com reestruturação do plantel,
desfragmentação das ações; democratização da
gestão, eficiência nos serviços, educação
permanente, investimento nas pessoas.
– O SUS é uma coisa boa pelo visto,
mas pelo que assisto na mídia inteira do Brasil,
ele é uma ameaça, inimigo de causar tédio
à indústria do remédio e todo empresariado
da saúde de mercado, da indústria da medicina.
– Por isso mesmo o SUS ensina
que essa batalha vem de longe,
que nada fácil nos fascina;
e agora mais fortalecida
nossa luta pela vida
só começa, não termina.
Música –
Diz aí meu Brasil!
O SUS é teu por inteiro
ou sonho de iluminado?
E o povo brasileiro
o que sabe, o que nos diz,
é o SUS um legado?
– Só perguntando a todo mundo
de rua em rua, praça em praça.
– É preciso sair das corporações, descer das
academias, romper as carapaças das elites no
dia-a-dia infiltradas.
Dessetorializar as políticas?
Destituir as secretarias?
Dar adeus aos burocratas?
Varrer a tecnocracia?
Dançar nos braços do povo e em diálogo
permanente, respeitando o jeito da gente, tecer
a cidadania.
– Isso é o SUS dos nossos sonhos?
– Vamos seguir perguntando
até não faltar ninguém;
construir o SUS da gente
com o que faz, sonha e sente
e que esse SUS lhe faça bem.
– Percorrer o mundo afora transmitindo a boa
nova.
– A caravana. A caravana é uma idéia?
– É uma iniciativa válida, mas pode ser mais
popular.
– Saindo um pouco do corpo, do seio própria da
saúde?
Do falar para nós mesmos? Das especialidades?
– Isso mesmo. É verdade. Envolver os cidadãos
e as cidadãs, discutindo cada passo dado pelo SUS –
seus avanços e recuos, entendimentos,
confusões; renovando aprendizagens e práticas
de atuação – do que foi ao que é que há,
do como ser ao que será – fortalecendo
o coletivo, ampliando os horizontes.
Música –
Se cada causa é uma causa,
o descaso como fica?
Pela vida a gente briga
a gente vive, a gente ama.
Mas se acaso transformarem-se
em muro as diferenças
nada justificará
morrer pela indiferença.
– Não há caminhada longa sem tropeços,
cansaços, tensões. O que mais importa agora
é ver cada vez mais gente enxergando,
crendo, cuidando e defendendo
o horizonte comum que é o SUS e a vida.
– Então, mãos à obra porque há muitos desafios
pela frente; muito combate haverá com aqueles
que se arvoram a defender e pregar o fim
da história, memória e luta do povo; e
do SUS como sistema de vida digna pra todos.
Música –
Joana que era anti-SUS
ficou sem vida, avarenta.
Será que valeu a pena
morrer pelo vil metal
na UTI do capital
ser lacraia do sistema?
Joana que era sem pena
agora clama um abraço.
Joana que era anti-SUS
sem bater nem a pestana
no instante que passou mal
valeu-se desse sistema.
– Candidata potencial a empresária da doença,
Joana, por meio da mídia, saraiva tantos
torpedos contra a saúde coletiva e o SUS em
ascensão;
induz a gente ao consumo de uma saúde ideal
baseada na biomedicina e no poder de capital;
falsificando até os sonhos de um povo em
precisão.
– Assim cantamos o SUS não mais só como ideal,
porém como campo de luta, de defesa, amor à
vida;
como sistema de saúde único e próprio do Brasil
que há mais de vinte anos desponta como saída;
só não viu quem não quis ver, no mundo está pra
nascer
política, experiência com tanto potencial.
Música –
De sonhação
o SUS é feito;
com crença e luta
o SUS se faz.
Saúde é coisa branco?
Saúde é coisa de preto?
Saúde é coisa de gente?
Saúde comporta gueto?
De sonhação
o SUS é feito;
com crença e luta
o SUS se faz.
Saúde é coisa de elite?
O SUS é coisa do povo?
O acesso não tem limite.
O SUS é vida pra todos.
De sonhação
o SUS é feito;
com crença e luta
o SUS se faz.
Toda doença é complexa
do nascedouro ao finzinho
porque nasce em ser complexo
não há reta nem convexo
não despreze um só caminho
De sonhação
o SUS é feito;
com crença e luta
o SUS se faz.
– A roda viva faz-nos vê que a vida é simples
e que o mundo é uma roda, uma síntese;
daí sentirmos que a vida está no povo,
que dele sai o novo, é dele que a vida vem.
Cantando forte, dançando mais
em plena rua a vida é luz a celebrar;
os passos dados refletem o caminhar,
o SUS moveu a gente e nos pôs para lutar.
Em caravana um patrimônio a defender
que não carece de citar a sua idade
o SUS em vida provando sua vocação
quer pertencer à nação e a toda humanidade.
SUS é sustança de uma vida mui sonhada
que nos anima a abraçar causa tão justa
da gente humilde a mais sofisticada;
é juventude que avigora e não assusta.
Música –
A vida é o fluxo da história
o movimento da maré
ré ré ré
ré ré ré ré ré ré
Na vida rola a brincadeira
rola o SUS como universo
o SUS circula em prosa e verso
SUS é mudança de visão
das ciências e das práticas
ecologia dos saberes
seu doutor é cultura popular
– Usar o SUS é respeitá-lo,
acreditar no que é público;
exigir que funcione
é dever de todos nós;
criticá-lo sem o usar
é ver a ética mui ferida;
apoiá-lo é nutrir sonhos,
muita esperança de vida.
*wwwcenopoesiadobrasil.blogspot.com
** Integrantes da equipe do projeto Cirandas da Vida do Sistema Municipal Saúde Escola – Secretaria Municipal de Fortaleza-CE