Agentes de saúde são agredidos no trabalho
O Diário de Natal traz hoje uma triste denúncia diretamente relacionada à diretriz do HumanizaSUS, VALORIZAÇÃO DO TRABALHO E DO TRABALHADOR. O relato traz a desvalorização dos profissionais de saúde. Sugiro a leitura e abro o debate na rede!
Agentes de saúde são agredidos no trabalho
CIDADE
Joana Lima/DN
Pacientes aguardam atendimento no posto de saúde
das Rocas. Sem guardas, funcionários com medo de
trabalhar
O clima de trabalho na Unidade Básica das Rocas está
tenso. Após serem agredidos ou ameaçados por
moradores da comunidade, os médicos, agentes de
saúde e arquivistas estão com medo de trabalhar.
Eles pedem a presença da Guarda Municipal na unidade.
A agente de saúde Josimeire Dias foi vítima da
última agressão, que aconteceu na semana passada.
”Levei um soco de uma senhora depois que eu disse
que ela o marido não poderiam ser atendidos naquele
dia, por falta de fichas”, relembra.Oarquivista Josias
da Silva tentou segurar a agressora e acabou ficando
com arranhões em várias partes do corpo, que ainda
está marcado. ”Ela estava transtornada. Quase não
consegui segurá-la”, conta. Umaoutra agente que assistiu
à confusão,masprefere nãose identificar, conta
que ficou tão nervosa que sofreu um acidente vascular
cerebral e está com parte do movimento do rosto
paralisado.A agente Josimeire acrescenta que dois
médicos já sofreram ameaças e que um deles pensa
em passar a trabalhar armado.
Segundo os funcionários, as agresões são motivadas
pela precariedade do atendimento. Segundo eles, a
unidade tem dçeficit de médicos, funcionários de farmácia
e aquivistas, e também faltam materiais. ”Sabemos
que os problemas vêm ocorrendo aqui por
falta de estrutura. Como nessa situação de emergência,
isso é mais difícil de resolver, solicitamos um
guarda municpal para proteger a unidade e as pessoas
queaqui trabalham”,destacaaagentedesaúde.Quando
fala em ”situação de emergência”, ela se refere ao
estado de calamidade na saúde municipal, decretado
pela prefeitura há mais de dois meses.
Desvio de função
Uma outra funcionária reclama que os agentes de
saúde estão realizando trabalhos que nãocompetem a
eles. Segundo ela, é por isso que eles são os que mais
sofremcom as agressões. ”Estamos desviadosdenossas
funções.Agente desaúdenãotem quemarcarconsulta
e entregar ficha. Como estamos fazendo isso e
somes conhecidos pela comunidade, pois moramos
aqui, acabamos sendo o alvo principal das agressões.
Isso precisa acabar”, protesta.
O presidente do sindicato dos Agentes de Saúde, Comos
Mariz, comenta a situação se repete em outras
unidade de saúde do município e que vai se dirigir às
promotorias de Sáude e do Trabalho para informar o
ocorrido, na esperança de que as medidas sejam tomadas.
”Não podemos deixar a situação no ponto que
está. Vou tomar as medidas cabíveis e espero que o
Ministério Público consiga resolver essa questão da
falta de segurança nas unidades de saúde”, afirma.
A assessoria de comunicação da Secretaria Municipal
de Saúde informou que já sabe dos ocorridos
e está que trabalha para sanar o problema. Segundo a
assessoria, asecretaria estuda apossibilidadedemanter
guardas municipais em todas as unidades desaúde
do município. O comandante da Guarda Municipal
de Natal, José Gilderlan, informou, no entanto, que o
efetivo de cerca de 550 guardas disponível hoje não
permite que a demanda seja atendida. ”Não temos
pessoal suficiente para colocar um guarda em cada
unidade básica de saúde. Nesses pontos trabalhamos
com vigias noturnos. Os guardas municipais trabalham
nos hospitais da rede municipal”, revela.
Por Adriana Regio Martins
Trabalho com ACS há mais de 10 anos, com grupos na comunidade e em 4 ESF. Fiquei estarrecida com essa notícia, quanta ignorância!!!
Pelo que percebi são várias irregularidades acontecendo ao mesmo tempo, há algum tempo, sem a devida avaliação.
Onde está a estruturação dessa equipe?
Hoje o trabalho do ACS está sendo confundido, amanhã corremos o risco do enfermeiro ter que substituir o faxineiro, o médico o eletricista, o odontólogo o motorista e assim por diante.
Penso que cada um tem seu espaço. Temos os concursos e contratos para substituições.
O ACS não deve ser "utilizado" para assumir atividades que comprometam a sua imparcialidade frente a sua comunidade. Ele é só um e permanece nela quando vamos embora.
Quanto as ameaças da comunidade para com a equipe, somente o diálogo, buscando a união juntamente com os líderes locais. Promover reunião aberta ou por votação em assembléia durante reunião da Associação de moradores feita especialmente para debater a importância e a necessidade dessa ESF no local.
O território é da comunidade, ela decide se quer e como quer o serviço de atenção, porém a equipe deverá estar presente para definir o que pode e como pode estar prestando esses serviços.
Assim, trabalhando os conflitos na roda, sem medo de ser atingido ou contrariado, a minha proposta para vocês é compor com as diferenças, encontrar uma zona de comunidade.
Promover a co-responsabilidade e a co-gestão.
Vamos fazer dessa notícia triste, um desafio para o SUS dar certo!
Adriana Martins – UP HumanizAçãoes
Apoiadpora Institucional PNH