PÁSCOA
A páscoa é repleta de simbolismos. Das ervas amargas dos hebreus à ressureição de Cristo, até chegar hoje em dia ao sorriso das crianças mesclado com o marrom do chocolate, a Páscoa é dor, alegria, sofrimento e felicidade, uma síntese da condição humana. Movidos ou não por sentimentos religiosos, na Páscoa podemos demarcar o momento de recomeçar. É hora de tirar os velhos projetos das gavetas e ousar.
As tradições mais ancestrais acenam com essa motivação humana, uma idéia que repentina martela a cabeça e nos diz cheia de soberba que nada poderá nos vencer: A deusa Isis recompôs o corpo destruído do seu amado Osiris, Moisés atravessou o mar vermelho e Cristo ressurgiu da morte. Se o homem foi capaz de acreditar em tudo isso, então podemos aprender inglês, tocar teclado, lutar pela construção do SUS ou, simplesmente, dizer um "eu te amo" a tanto tempo represado.
De qualquer forma, a vida é uma aventura da qual não saíremos vivos. Talvez por isso precisamos tanto dos símbolos de renovação. Os ovos de Páscoa podem nos lembrar que, diante dos "milagres", nossos gestos "impossíveis" encontram-se repletos de possibilidade e que talvez a morte mais terrível seja a inércia de mãos dadas com a banalização da vida.
Portanto, nessa Páscoa, invista na vida. Ame e brinque como as crianças, aprenda com elas a doce arte de se lambuzar de chocolate e pense que a existência, apesar de tantas dificuldades, é uma dádiva que não podemos desperdiçar. A Páscoa simboliza renascimento. Renasça então para a existência. Que o seu domingo de Páscoa seja uma celebração ao amor e a felicidade.
FELIZ PÁSCOA!
FELIZ RENASCIMENTO!
18 Comentários
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Erasmo, mais uma vez lendo suas maravlhosas escritas, me peguei refletindo, fora de mim quando você diz que "a vida é uma aventura que não sairemos vivos", realmente que bela e certa verdade e quantos de nós não nos demos conta disso.
É preciso fazer uma reflexão e uma busca para aceitar algumas verdades, mas sempre é tempo, sempre vale a pena tentar outra vez, buscar nosso objetivo por mais utópico que seja, para quem busca será sempre real e único….
E é nesse caminho que estou acreditando e buscando para sempre um Sistema Ùnico de Saúde onde as ações sejam concretas/reais/positivas/universais. Utópica ao extremo???
Eu acredito em mim, em você, nos sonhos e no amor….
Um fraterno abraço, FELIZ PÁSCOA!!!
Por Cláudia Matthes
Doce, doce…reiventando a vida!
"se o homem foi capaz de acreditar em tudo isso, então podemos aprender inglês, tocar teclado, lutar pela construção do SUS ou, simplesmente, dizer um "eu te amo" a tanto tempo represado"..
Então podemos nos associar a lista das pessoas que não sairam vivas, mas, muito mais que isso podemos nos associar de diferentes modos, em diferentes encontros e reencantar a vida.
Vc é especial, é uma fortaleza em-balando redes e re-construindo histórias, embelezando a vida e desa-margurando a morte.
Vc me fez lembrar do Wgner e sua farmácia:.Uma longa viagem começa com um único passo. (Lao-Tsé)
Desejo que a Páscoa faça vc reinventar novos modos de continuar em rede, e continuar a nos re-in-ventar.
Te amo, de paixão,
sua fã-de carteirinha
Cláudia-Ceará
Por Erasmo Ruiz
Nossa Claudia! Fiquei tão cheio que vou explodir de alegria e contentamento. Mas a emoção passa logo pois tennho a certeza que esse elogio todo veio porque você estava se olhando no espelho ou, no máximo, cabe a mim ressucitar o antigo sucesso do Ivan Lins: "eu sou feito purpurina, se você não me ilumina, como eu posso brilhar!?"
Um milhão de beijos!
ERASMO
Sempre que leio suas escritas me emociono, como falas da vida e morte com uma apropriação que nos leva a repensar, não podemos parar é preciso saber viver,com dignidade, amor, respeito, enfim: as pedras que encontramos no caminho temos que retirar e continuar acreditando no amanhã, no futuro das nossas crianças e avançar para que este seja de PAZ.
Feliz Páscoa para voce Erasmo, para mim foi contagiante te encontrar nesta rede espero muitas páscoa contando contigo.
maria de lourdes freitas
Erasmo,
Parabéns pela reflexão e pela bela forma de escrever .A páscoa é renascimento é acreditar em sonhos adormecidos.
Feliz páscoa e Feliz renascimento
um abraço Lurdinha
Por Erasmo Ruiz
E este é o momento de acordar o sonho e instilar nele o atrevimento da realidade!
Bj do ERASMO
A vida se anuncia brilhante nos olhos dos nossos meninos, nos papeis coloridos soltos pela casa, na mágica sonoridade do domingo que vem vindo, na doçura de lembrar que sempre é tempo de brincar!
com afeto,
Jacqueline
Por Erasmo Ruiz
Nunca se esquecendo que existe uma criança dentro de nós que também corre e brinca, que vai em busca dos papeis coloridos. É sempre tempo de brincar, endurecendo sim mas mantendo a ternura como nos ensinou o Che! Bj no coração!
ERASMO
Por Erasmo Ruiz
Estes momentos são mágicos, devem ser aproveitados de forma intensa como dádivas da vida.
Beijo e carinho do ERASMO
Por Luciane Régio
Lambuzando-se de choco?
Entre tantas datas, a páscoa vem trazer um renascer que poucos poderão ter! Não falo só me referindo aos papéis coloridos que muitos não irão ver pelo chão, senão, na segunda-feira, nas sacolinhas de lixo…Refiro-me ao amor e felicidade que eram para ser bens menos "caros" aos ser humano, e assim ficaram "raros" mesmo dentro das famílias, de onde deveriam brotar aos montes! Tempo de brincar? Nossa! "Não se fazem mais crianças como antigamente" – é o que ouvimos, frequentemente. Mas quem as faz/deixam assim? Para mim, "nessa aventura chamada vida, a ÚNICA CERTEZA é sair vivo dela", em um estado que não mais nos prenda nestes corpos vívidos de "sangue, suor e glórias" ("lágrimas"?). O verdadeiro renascimento humano só será possível se esse for para todos e em todos os sentidos! Missão para muitas e muitas páscoas da grande fraternidade. Eu também acredito!
Obrigada pela oportunidade de refletir.
Luciane
UP HumanizAÇÕES
Por Erasmo Ruiz
Em alguns apectos discordo de ti. A Páscoa, ou qualquer outra data, pode trazer um renascer que muitos podem ter desde que estabeleçam o "querer" como objetivo e abandonem todas as formas de fatalismo, seja o religioso, seja o fatalismo do determinismo histórico. Falo de um amor e de uma felicidade que transcendem a lógica da mercadoria e que ainda resiste a ela. Quanto ao "tempo de brincar", se é verdade que nosso tempo histórico parece ter adiantado o relógio do desenvolvimento e parece trazer a figura do "adulto" de maneira cada vez mais precoce, a ludicidade ainda é uma característica intrínseca ao ser criança e essa criança, mesmo como um atavismo psicológico ainda vive dentro de cada um de nós e podemos resgata-la se quisermos. O que você chama de "verdadeiro renascimento humano" é o espaço da Utopia. Para construi-lo teremos de ensaia-lo a cada dia (essa é a função psicossocial da festa, afirmar nem tanto o que somos mas o que podemos ser). É o que fazemos em festas com o perfil da Páscoa. Embora ela não se expresse de forma igual para todos e muitos (infelizmente a maioria não pode aproveita-la no seu sentido mais amplo e material), ainsa assim existe espaço para algo mais que vá alem de ovos de chocolate e almoços esmerados que é o estar junto e celebrar a possibildiade de ser algo mais, buscando realizar agora o que é possível mas que não é visto como possibilidade. O fato de se receber flores não pode ser invalidado porque a maioria nunca ganhou rosas. Pelo contrário, deve nos impulsionar para que o pressente das flores possa ser inerente a todos.
Feliz Páscoa
ERASMO
Por Luciane Régio
Compreendo que para “nós” é fácil viver a via psicossocial da festa, onde basta-nos “querer” ou viver as possibilidades daquilo que podemos ser, não do que somos etc. Mas exceções às regras… Bastaria alguém “querer” terminar com as injustiças sociais, ou deixar de “sentir falta daquilo que jamais se teve?” Eu não falava de mim, nem de ti. Falava dessa hipocrisia que resurge em tempos de festa, seja páscoa, ou qquer outra data onde “comemoramos o quê?” Nosso ínfimo individualismo e que se dane a segunda-feira? E, aqui estou apenas pensando, desabafando, Erasmo! Porque nós se não temos o carro do ano, estamos quase. Por nossos méritos/festa, é claro. Que méritos/festa são esses/as? O que ganhamos afinal? Temos que gradear nossas casas, colocar diversos alarmes nela/no carro, fazer seguro, deixar um “caseiro” qdo desfrutamos de viagens com a família… É disso que eu falava. Que páscoa é essa? E não mais com “P” maiúsculo como nos ensinaram na “E-scola”. As cças que ontem brincavam de não receber ovinhos de páscoa, voltam p/ a esquina, para o crack, p/ as arminhas que não são de brinquedo. “O fato de se receber flores não pode ser invalidado porque a maioria nunca ganhou rosas”, ouvi algumas vezes essa bonita frase! Entendo. Contudo, “o fato de se ter um carrão do ano não pode ser invalidado porque a maioria nunca teve um fuca”, pode ser pensado também,ou será "o fato de se ter um fuca não pode ser invalidado porque a maioria nunca teve um carrão?" – engraçado, mas faz a gente refletir. Se não fosse a utopia, já estaríamos mortos em vida! Neste mundo multicolorido, poucos são os donos das tintas (essa frase é minha). É disso que eu falo. A utopia é a potência daquilo que podemos ser e assim a deixa de ser, transpondo-se na concretude do que podemos fazer em ato. “O fato de se fazer a festa não pode ser invalidado porque a maioria nunca teve uma(vivendo suas possibilidades)” e "o fato de NÃO se ter uma festa não pode ser invalidado porque a maioria comeu e se lambuzou". Eu entendo realmente o que dizes “em afirmarmos nem tanto o que somos mas sim o que podemos ser”, e compondo, voltamos à fantasia/festa, e como uma vez Ricardo me escreveu, “na real ou nos sonhos: não há mesmo muita diferença!” Senão por seus textos, também, admiradora sua.
Abraço, Luciane.
Por Erasmo Ruiz
Cara Luciane! Estelj certa que a admiração é recíproca. ÉE muito bom debatermos nu m clima inteligente e leal, isso só faz com que cada um de nós possa crescer. Tomo a liberdade de assimilar grande parte das suas assertivas como minhas também. Só gostaria de desenvolver melhor o que entendo como "função psicossocial da festa". Festas como a Páscoa, Natal, Carnaval, Festas Juninas (insisto nas "maiúsculas" pois não se trata da minha ou da sua festa mas sim de celebrações consagradas pela cultura e, portanto, possuindo desdobramentos pedagógicos no sentido de "ensinar" aos homens como devem ser etc etc etc), isso ocorre em qualquer componente de classe social, tendo ações e comportamentos que pdoem ser melhor qualificados como pertinentes a um "ser" ou "agir" desse ou daquele grupo. POr exemplo, isso fica evidente nas grandes celebrações religiosas como as Romarias de Juazeiro doi Norte aqui no Ceará ou no Círio de Nazaré. Não estou entrando na discussão da verdade ou aspecto ideológico dessas festividades (questão cara a modernidade) mas sim destacando o sentido ideológico dado por Gramsci, qual seja, de que as concepções de mundo possuem um sentido intrínseco às ações, oferecendo portanto uma "autoexplicação" do comportamento ao sujeito que age. Óbvio dizer que Páscoa, Natal, Festividades Religiosas, Carnaval, todas elas são "contaminadas" pelas ações que tendem a submete-las a uma sociabilidade demarcada pelas relações de troca. Isso pode ser visto no que acontece na Bahia onde o carnaval de rua vai perdendo espaço à venda de abadás para que a classe média possa sair "protegida" em cordões de isolamento. No entanto, essas festividades não possuem significado único mas sim uma gama de sentidos contraditórios que acabam extrapolando os limites que a lógica capitalista visa impor e que estão postas em dis-puta permanente. É neste sentido que não podemos subestimar o "querer" e o "poder" mas sim alimenta-los como muma possibilidade libertadora. Ou seja, a Páscoa vai além dos ovos de Páscoa da Nestle e não está subnmissa aos interesses das multinacionais que produzem chocolate. Está além disso. Podemos mostrar aos "oprimidos" o sentido original que a Páscoa possue, como ritual que simboliza a libertação de escravos e, mais adiante, até nos perguntarmos porque esses "escravos libertos" não permitem hoje que os palestimos também tenham sua Páscoa. Também podemos transformar a Páscoa num ritual de libertação interior para que as pessoas percebam sua inserção em relações historica e socialmente demarcadas. òbvio que o sentido de "querer" não pode se restringir a um únicdo indivíduo. Ao tomar cosnciência desse "querer" devemos nos aglutinar a outras individualidades que querem a mesma coisa. Acho inclusive que este é um dos papéis dessa rede, tornar coletiva as indiviudalidades que almejam a construção da Utopia do SUS. Um grande abraço do ERASMO
Querido Erasmo,
Seus posts são sempre ótimos…Você é que é o coelho da páscoa,nos dando esses ovos com palavras tão interessantes. Estar junto é tão importante que só de abrir e ler tuas palavras saí de um baixo-astral,lotado de paixões tristes. É isso aí, cara. Valeu!
beijos da Iza.
Por Erasmo Ruiz
Lembremos sempre a célebre fase de Gramsci: "Pessimismo do Intelecto, Otimismo da Vontade." Nossa capacidade crítica muitas vezes pode nos imobilizar ao invés de nos fazer avançar. Constatar tudo que existe de ruim pode tornar nossa tarefa descomunal e repleta de impossibildiades. No entanto, devemos sempre transformar necessidade em liberdade e dentro dos nossos limites construir tudo o que for possívvel para mudar. Apersar da mercantilização e de sintetizar muitas vezes senrtidos de injustiça e desigualdade, a Páscoa (maiusculo mesmo) pode também nos arremessar na busca de um mundo melhor, AQUI E AGORA! Um grande beijo do ERASMO
Esse sobrenome Ruiz vem de onde? Conheço a Alice Ruiz, a Tulipa Ruiz e o guitarrista Gustavo Ruiz, filho do Luis Chagas, que tocou com o Itamar Assunção. Algo a ver?
Por Erasmo Ruiz
Cara Maria Luiza. Ruiz na Espanha é quase como Silva no Brasil, um sobrenome muito comum derivado de Roderick (de onse sairam também os "Rodrigues"). Se tu conheceres algum "Miessa", estes sim serão meus parentes. Abraços do ERASMO
Por Luciana Abreu
Querido amigo,
Tu tens razão, precisamos acreditar. Precisamos, cotidianamente, significar e resignificar a vida. Precisamos sentir muito e, quando possível, fazer sentido. Precisamos nos encontrar, sobretudo, conosco. Precisamos fazer e refazer. Precisamos acreditar no "impossível". Com relação ao possível, o façamos urgente! Sejamos gente, gente!
Lembremos: Humanização é como diz meu amigo Duda Quadros, é gente cuidando de gente!
Beijos com sabor de chocolate.
Luciana Abreu