Desafios da gestão Participativa e cogestão no hospital

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Este foi o tema do 4º módulo do Curso de Qualificação dos Gestores do SUS, que vem sendo realizado em Teresina. O tema foi trabalhado  pelo médico sanitarista José Ivo Pedrosa, no dia 17 de outubro, tendo como propósito disparar uma reflexão sobre a gestão participativa e a cogestão, colocando em analise o modelo de gestão nos hospitais, e os desafios para o implemento e fortalecimento dessa diretriz na produção de saúde.

O médico muito brilhantemente, iniciou a explanação questionando o que é um hospital, e que lugar é este que possibilita a oportunidade de se discutir o modo de fazer gestão? Na visão dos trabalhadores, o hospital é um lugar onde tudo acontece: acolhida,  cuidado, compartilhamento de saberes,  cura, morte, conflitos, estresse,  troca de afetos, produção de vida. Para Zé Ivo, é neste lugar que estamos enquanto trabalhadores, e temos que estar devidamente preparados para o enfrentamento de todas essas questões demandadas .
O hospital não é mais um espaço de silêncio, e sim um espaço de conversas, de rodas, de reinvindicações. Falou o médico. É um espaço de complexidades, de racionalidades e que impõe um fazer multiprofissional, articulado, intersetorializado, com práticas de saúde dentro de uma dimensão epistemiológica, tecnológica e subjetiva. Assim, são necessários  arranjos e dispositivos de gestão que fomentem uma  comunicação transversal na equipe e entre equipes , que permitam um fazer e um gerir compartilhado.
Para Zé Ivo,  a gestão participativa implica em: Ressignificar a clássica função de administrar e planejar o processo de trabalho objetivando a produção de valores de uso; afirmar função política de alterar as relações de poder e instituir a democracia nas instituições; assumir a função pedagógica e terapêutica da participação. É dentro desse modelo que se inscreve o colegiado gestor, como um dispositivo que cria espaços coletivos constiuidos de pessoas diferentes que pensam  diferente, que ajudam a transformá-las em sujeitos, rompendo as coisas que oprimem, dialogando, tomando decisões numa    relação de parceria, ampliando a participação.

A explanação foi enriquecida pelos debates e compartilhamento de vivências nas práticas dos trabalhadores, numa contextualização do tema trabalho. Finalizando, foram colocadas para os participantes, algumas questões, como atividade de dispersão, para serem discutidas em roda com os demais trabalhadores do hospital que não estão fazendo o curso, para uma apresentação no próximo módulo: Quais os espaços “oficiais” e os não oficiais em que as pessoas participam para organizar a atenção à saúde no hospital? Que problemas são levados para serem tomadas as decisões no coletivo (colegiado) e que problemas são resolvidos por outros caminhos? Quem percorre estes caminhos? As pessoas conhecem estes caminhos? Quem participa para tomar as decisões? As questões são debatidas antes de serem decididas? Como são tomadas as decisões?

O curso desde que se iniciou vem disparando muitos encontros, discussões nos espaços dos dois hospitais, através das atividades de dispersão, como forma de compartilhar as vivências/aprendizados dos participantes com os demais trabalhadores, fortalecendo assim a grupalidade na produção de saúde.