ocupA – (En)cena presta uma homenagem a Mohamed Bouazizi

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(En)cena – Trilha ocupA

 

Selo em Homenagem a Mohamed Bouazizi

Um ato de extremo desespero aconteceu em 17 de dezembro de 2010.

O vendedor de rua tunisiano Mohamed Bouazizi utilizou a estratégia da imolação para protestar contra a apreensão de suas mercadorias – frutas – pelas autoridades policiais da autoritária Tunisia [1].

Veloz como o fogo que carbonizou seu corpo a triste notícia arrebentou as barreiras ditatoriais de diversos países e acertou em cheio o desespero humano de milhares de pessoas vitimas da eterna submissão a governos instituídos por sangue e medo.   

Comunidades até então caladas pelas forças governamentais romperam a inércia do conformismo e tomaram as ruas para promover o novo.
Era a Primavera Árabe de 2011 rasgando o status quo.

A resistência e a superação dos povos árabes transformaram – para além das décadas de ditaduras de suas nações – o imaginário ocidental das lutas políticas. A juventude do “Democrático Ocidente” inalou o vírus do levante e percebeu que suas rotinas e desejos estavam pautados por outras formas de ditadura, que “valorizavam o voto” mas trituravam o protagonismo social em detrimento das oscilações de quantias virtualizadas de  poder cambial.

De imediato a ocupação do espaço – que deveria ser público – incomodou profundamente os arautos da moralidade&lucratividade. Pessoas que estavam pacificamente buscando as ruas para construir algo novo começaram a serem identificadas como baderneiras, irresponsáveis, desocupadas e até terroristas.

Certamente essa nova forma de construir política incomodou profundamente os antigos ilusionistas da democracia “participativa”: partidos de esquerda a direita, sindicatos, associações de pais e mestres e etc. O fato é que o movimento Ocupa levou as ruas milhares de pessoas em todos os continentes que ultrapassaram o sentimento de insegurança e que no calor do encontro pensaram&agiram, criaram – e continuam criando –  outros mundos possíveis.

Nessa Trilha a Napalm Sistema de Som aplica seu veneno analógico&digital no discurso proferido pelo professor Vladimir Safatle [2] no Vale do Anhangabaú fomentado pelos estudantes que provocaram o Ocupa Sampa em 2011.

A integra do texto e outros belos artigos podem ser encontrados no livro Occupy: movimentos de protesto que tomaram as ruas, editado e produzido pela Boitempo editorial e Carta Maior em 2011. Salientamos a importância da obra, principalmente pelo posicionamento: “Não haverá lucros financeiros para os editores, nem para os autores, nem para nenhum dos envolvidos neste projeto. Mas haverá ganhos sociais, espera-se – e neste caso, eles bastam”. 

Notas:

[1]CARNEIRO, Henrique Soares. Rebeliões e ocupações de 2011. In: HARVEY et al. Occupy; tradução João Alexandre Peschanski et al. – São Paulo: Boitempo: Carta Maior, 2012. pg 07

[2] SAFATLE, Vladimir. Amar uma ideia. In: HARVEY et al. Occupy; tradução João Alexandre Peschanski et al. – São Paulo: Boitempo: Carta Maior, 2012. pg. 51-52

 

Para ouvir a Trilha:

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