HOSPITAL FEDERAL DO ANDARAI – RIO DE JANEIRO

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Pacientes se desesperam com falta de anestesistas
Há casos em que doentes estão na fila de espera há dois anos. Casos se agravam
POR Paloma Savedra
Rio –  A falta de anestesistas no Hospital Federal do Andaraí, Zona Norte do Rio, tem agravado o estado de saúde dos milhares de pacientes na fila por procedimentos que estão sendo desmarcados. Há casos de pessoas na fila de espera por cirurgias há dois anos.
A técnica administrativa Regina Fátima, 54 anos, diagnosticada na unidade com cálculo biliar — ou pedra na vesícula —, corre risco de desenvolver pancreatite: “Fiquei internada este mês por quatro dias até que remarcaram a operação para março. Enquanto isso, sinto dores”.
“Os quadros podem mesmo se agravar. Precisamos dos anestesistas para fazermos as cirurgias e também termos boa formação”, protestou um médico residente. Segundo a Associação Nacional de Médicos Residentes, a unidade pode deixar de realizar 3 mil operações até o fim do ano por falta desses especialistas.
Após protesto dos residentes na terça-feira, o hospital afirmou que havia 56 anestesistas, minimizando o déficit, que seria de apenas cinco. Em dezembro, no entanto, um memorando dirigido a funcionários circulou pela unidade, informando sobre o problema de falta de profissionais.
Segundo a associação de residentes, o problema também ocorre nos hospitais federais de Bonsucesso, Cardoso Fontes e no municipal Rafael de Paula Souza. “É um quadro geral na saúde pública do Rio. Estas unidades são as que mais sofrem com a falta de anestesistas”, afirmou a presidente da associação, Beatriz Costa.
Há três anos, a paciente Marcela Vieira, 31, fez cirurgia no Andaraí para retirar tumor da mama esquerda. E espera até hoje pela operação de reconstrução: “Sempre fui bem-atendida. Mas depois de dois anos na fila de espera, fiquei chocada ao saber que não há previsão para fazer a cirurgia. É um sonho de quem perdeu a mama”, desabafou.
A assessoria do Ministério da Saúde sustenta que a unidade tem 56 anestesiologistas e que o ideal são 61. Disse ainda que há dois meses houve redução de 4% de cirurgias eletivas, em função de alguns anestesistas estarem licenciados ou de férias.
Transplantes suspensos
Servidores do Hospital de Bonsucesso fizeram manifestação ontem, reivindicando a retomada dos transplantes de rim na unidade. Segundo médicos do local, esse tipo de operação está suspensa desde dezembro por falta de cirurgiões vasculares e anestesistas.
De acordo com os profissionais, quem precisar passar pelo procedimento, deverá enfrentar uma fila de espera com mais de 3.200 pacientes.
Apesar disso, o Ministério da Saúde afirma que o hospital está habilitado para realizar transplantes renais e que “vem tomando medidas para recompor a força de trabalho das equipes”. Diz ainda que o estado do Rio tem outros 20 serviços habilitados para transplantes de rim em condições de atender a demanda de pacientes