Integralidade, educação popular e a PNH pautam a primeira discussão do Seminário Norte de Humanização

14 votos

Integralidade e Interdisciplinaridade na Formação do Profissional de Saúde. Interface da PNH com as demais políticas e redes temáticas do MS. Educação Popular em Saúde.  A partir desses três temas, a primeira roda de conversa do Seminário Norte de Humanização, na manhã do dia 20 possibilitou o debate entre os mais de 150 participantes do evento .

  A discussão partiu  das proposições de Roseni Pinheiro (Laboratório de Práticas de Integralidade em Saúde), Gustavo Nunes de Oliveira (Política Nacional de Humanização) e Reginaldo Alves (Coordenação Geral de Apoio à Educação Popular e a Mobilização Social) .

A necessidade do profissional garantir acesso a saúde não só a quem tem suas crenças e valores foi um dos temas trazidos por Reginaldo Alves, da Coordenação Geral de Apoio à Educação Popular e Mobilização Social.   “Independente da religião do agente comunitário de saúde, ele visitará todos os territórios, pois é preciso possibilitar saúde aos que pensam diferente também.” Alves foi  aclamado pelos participantes do evento ao ponderar que as atividades que o SUS considera como práticas alternativas em saúde,  pra muitas regiões,  é o  principal em saúde, pois nesses locais  nem sempre há médico no centro de saúde. “Em muitos locais a lógica é inversa, então a educação popular não pode ser tratada como marginal. O sentido da educação popular é de transformação da sociedade. Não adianta reunir as pessoas e trazer uma bendezeira para movimentar o evento, ou para fazer uma apresentação cultural, e só” disse. Ele enfatizou a necessidade urgente de um compromisso com o processo democrático popular, que deve ir contra o racismo, a homofobia e outros conceitos que reduzem a capacidade transformadora dos núcleos de educação popular. “Por exemplo, as pessoas tem o direito de ter inscrito no seu cartão SUS o nome que desejarem, e não o que está registrado. É importante dizer o nome que eu uso, com meu novo olhar, minha nova história, é um direito social que deve ser considerado e não só a norma jurídica”, disse.Alves falou ainda que o SUS deve dar respostas singulares às necessidades específicas de cada pessoa. “Muita gente acha que o SUS não deve realizar as cirurgias transexuais, pois o sistema de saúde teria outras prioridades. Mas essa pessoa é também usuária do SUS e tem essa necessidade de saúde.O educador popular se caracteriza não só pela sua dança, sua roupa e música, mas pela intenção de transformar a realidade e o saber que está na sua vida, no outro e onde nem imaginamos que esteja”disse.

A coordenadora do Laboratório de Pesquisa sobre Práticas de Integralidade em Saúde Roseni Pinheiro lançou para o debate a ideia de que a interdisciplinaridade só faz sentido se as pessoas pensem sobre o que tem feito, e que é um desafio se fazer a teoria na prática. Segundo ela, há violência institucional onde os grupos são omissos, e as pessoas não agem nas situações concretas do seu trabalho, não adianta haver um discurso do estado sobre isso.

O debate ampliou o tema da roda de conversa. O apoiador da PNH Carlos Rivoredo falou da importância de que cada um seja um divulgador do SUS.  “Temos que articular mais os movimentos sociais, não apenas dentro do nosso próprio espaço. Mas manter um diálogo produtivo com a sociedade, sobre a potência e as coisas boas do SUS”, disse. O assistente social do Hospital Regional de Marajó, no Pará chamou a atenção para a necessidade de se discutir a PNH no interior, para que haja integralidade, pois os usuários do SUS não estão só na capital.

A presidente da Associação Amazonense de Gays, Lésbicas e Travestis Bruna La Close problematizou que no próprio Seminário Norte de Humanização há pouca participação dos usuários – o que, segundo ela, dificulta que haja uma discussão sobre os problemas reais, se quem utiliza o sistema não está presente. Sobre isso, o coordenador da PNH Gustavo Nunes de Oliveira explicou sobre a limitação orçamentária que impossibilita realizar um evento aberto a toda a população, mas considerou a possibilidade de, para próximos eventos, repensar a infraestrutura. ” É preciso fazer escolhas e hoje, a maior parte dos parceiros da PNH são trabalhadores. A  inclusão do usuário não é simples, mas abrir  o leque de comunicação com os movimentos sociais é uma aposta da PNH”finalizou.

 

O Seminário Norte de Humanização é realizado pela Política Nacional de HUmanização e acontece nos dias 20 e 21 de março em Manaus -AM. A programação do evento pode ser acessível neste link.