“Com e junto” na dimensão do cuidado
Onde existe a palavra COM existe trabalho coletivo, existe socialização e amizade. Mentalizemos que as vezes, na prática dos nossos processos de trabalho, a gente está assim: de costas uns para os outros. No plano das idéias e até no desejo de fazer a gente está de mãos dadas. Mas só que, em muitos casos, a gente está fazendo de costas.
Imaginemos uma repartição qualquer dos setores de saúde e educação: as pessoas estão perto umas das outras, apertadas numa mesma sala, sufocadas pelos mesmos afazeres burocráticos. Muitas vezes, as tarefas que uma executa estão diretamente ligadas aos afazeres da pessoa que está no birô ao lado, só que o cotidiano – ah, o cotidiano, a rotina, o estresse! – faz com que estas pessoas, no sentido do trabalho, na relação e no convívio estejam de costas.
Como que nestes e em outros casos a gente pode alavancar a atitude da fazer juntos? Como a educação permanente pode construir mudanças de postura e de perfil em nossos processos de trabalho?
Como fazer uso das metodologias e tecnologias leves que a educação popular sugere?
Necessariamente, toda mudança significativa passa pelo desejo de querer mudar e pelo reconhecimento de que “algo de novo precisa ser pensado e colocado em prática”. Esse “algo de novo” muitas vezes siginifica recuperar valores que nos levam a fazer um caminho de volta – ir ao encontro – aos nossos ancestrais: ser mais solidário, ser mais cooperativo, ser mais desprendido, adicionando estes aos valores mais emergentes do nosso tempo: ser mais participativo, ser mais coletivo, ser mais comunicativo, ser mais proativo; buscando ser ético e justo. Desta forma, a saúde dos encontros, dos ambientes e processos de trabalho são sumamente potencializadas.
Trabalho em saúde e educação é junto
Sistema Saúde Escola é junto
Preceptoria de Território é junto
Cirandas da Vida é junto
Atenção Básica, Secundária ou Terciária é junto
Distrito de Saúde é junto
Saúde da Família é junto
Rede de cuidado e atenção é junto
Humanização é junto…
Recuperemos aqui algumas locuções conjuntivas significativas para a comprensão dos nossos desafios comuns:
Companheiro, companhia, compartilhar, compromisso, comunhão, comum, complementaridade, comunidade, compaixão, composição: apontam na direção das relações pessoais, comunitárias, profissionais e até religiosas mais solidárias e mais integrativas.
Junto – Juntos!
Buscando a epstemologia das palavras acima vamos aprofundar os sentidos e os sentimentos, os conceitos e a metodologia que revigoram nossas crenças e valores nos processos de contrução coletiva do trabalho, com educação permanente e popular
Portanto, é o caso de se afirmar assim, poeticamente, sem perder de vista que as relações duras e tensas nos ambientes de trabalho dificultam o ser poetico que reside em todos nós.
EU QUERO MAIS (NÓS PRECISAMOS QUERER)
Eu quero mais encontros
Eu quero mais diálogo
Eu quero mais sorrisos
Eu quero mais vivências
Eu quero mais partilha
Eu quero mais abraços
Eu quero mais saúde
Eu quero mais paz
Eu quero mais rodas
Eu quero mais conhecimento
Eu quero mais amizade
Eu quero mais amor
Eu quero mais nós juntos
Respeitando todo mundo
Integralizando a vida e os sujeitos
Interfaceando processos e experiencias
Derrubando muros e retirando grades
Nossas cabeças sem grades e muros
Desarmando-se mais e amando mais
EU QUERO MAIS PAZ!
E VOCÊ? TAMBÉM QUER?
ENTÃO, POR QUE NÃO EXERCITARMOS JUNTOS ESTE NOSSO QUERER COMUM?
Elias J. Silva, é Educador popular, poeta e coordenador do Projeto Cirandas da Vida, ação de educação popular e saúde do Sistema Municipal Saúde Escola de Fortaleza.