Novos arranjos são pensados na retomada da humanização no Estado

Na manhã do dia 25 (março), membros do Comitê de Humanização do Estado do Piauí, com  a participação de Annatália Gomes, consultora da PNH, e José Ivan, Diretor de Planejamento da SESAPI,  estiveram reunidos na Faculdade de Ciências Médicas – FACIME,  com o objetivo de retomarem as atividades da política de humanização em saúde do Estado. Também se fizeram presente: Albano Amorim, apoiador do COAP/MS, Carmen Viana – consultora MS/Saúde da Criança; Leidiane Lima – Diretora da Unidade de Saúde de Paulistana/PI, dentre outros.

Inicialmente, houve uma breve apresentação da PNH ao novo Diretor de Planejamento da SESAPI, órgão onde está assentada a Política Estadual de Humanização. Na oportunidade Annatália falou do apoio institucional, como uma  grande tecnologia ofertada pela PNH aos Comitês de Humanização na esfera Estadual e municipal para disparar as mudanças necessárias no contexto da saúde. Falou do impacto da saída da Ana Eulálio da Coordenação do Comitê de Humanização do Estado e dos efeitos produzidos na PEH e no QualiSUS rede.  Destacou  a contribuição e a repercussão do que foi construído nos últimos anos no contexto da humanização da atenção e da gestão em saúde no Piauí. Discorreu sobre o papel da consultoria da PNH como fórum de planejamento e de deliberação sobre processos de intervenção nos serviços da rede SUS. Fez  um recorte da adesão do município de Teresina ao movimento da humanização, citando a opção pela Atenção Básica como porta de entrada da PNH. Na sequencia, cada participante se auto apresentou com as seguintes falas:

Eloídes destacou a sua aproximação com a PNH,  sua inserção nos processos e nas discussões em vários momentos, e da alegria de ser parte desta ação. Referenciou a sua atuação como Psicóloga da Residência Multiprofissional em Saúde e Comunidades da UESPI e de sua opção para trabalhar a diretriz do acolhimento em seus estudos como residente, cujo impacto já pode ser vislumbrado junto às equipes de trabalho onde atua.

Márcia Silva apresentou-se como técnica da Atenção Básica, membro do Comitê de Aleitamento Materno e responsável pelas atividades do Programa Saúde na Escola. Diz que não tem inserção formal no Comitê de Humanização mas que em sua prática zela pelo acolhimento e pelo respeito nos serviços de saúde.

Emília fala de sua atuação como membro do Grupo de Trabalho de Humanização e do Colegiado Gestor do Hospital Infantil Lucídio Portela. Ressalta iniciativas e avanços conquistados para o fortalecimento da cogestão, e revalida a inseparabilidade entre a atenção e a gestão na produção de saúde. Destaca que o HILP atualmente é exemplo de coletividade e exercita essa dimensão na construção do plano de trabalho de humanização, na gestão compartilhada e nas práticas de trabalho naquele hospital. Informa sobre a Rede Humanizasus e do alcance desta ferramenta virtual como espaço de troca e de reflexão para um SUS mais resolutivo e humanizado, reunindo atualmente mais de 12.000 usuários cadastrados. Divulga o site da rede e estimula os participantes para se cadastrarem  e compartilharem  as iniciativas implementadas no cotidiano de trabalho.

Iolí declara que o propósito de convidar o Diretor de Planejamento para o encontro foi apresentar a PNH e seus protagonistas no Estado, bem como pactuar a continuidade da coordenação da política dentro da área de planejamento.  Refletiu sobre o aspecto positivo de ouvir desses sujeitos, o relatos das suas experiências e desafios demandados na implementação  das ações para as transformações necessárias no âmbito da SESAPI. Destaca a importância das parcerias e dos sujeitos implicados neste movimento, reforçando que o foco da política de humanização está na mudança de práticas voltadas para a qualificação do cuidado na rede de saúde.

José Ivan se disse surpreso pelo número reduzido de pessoas no encontro, em comparação ao número de pessoas convidadas, listadas no bloco de e-mails. Registrou surpresa também em relação às informações e aos relatos apresentados pelos participantes. Declarou seu apoio às iniciativas de humanização, e ressaltou a necessidade de ampliar o entendimento dos trabalhadores e gestores da saúde,  e dos agentes do controle social acerca desta política. Defendeu a necessidade de resgate do sentido do humano. “Precisamos enfrentar as situações de gargalo na saúde e gerenciar a saúde com humanização.” Pontuou. Observou que no grande evento de integração dos novos gestores, realizado recentemente pela SESAPI , não constou na pauta o tema da humanização. Destaca que o evento agregou valor à gestão, e trouxe grande variedade de informações acerca das políticas de saúde, entretanto preocupa-se com as dificuldades/desafios que os gestores certamente terão para executá-las adequadamente.

Albano traz informações de seu lugar de Apoio Institucional e de sua colaboração para a conformação das questões pertinentes ao COAP. Relata situação de sofrimento e peregrinação vivida por gestante em pequenos municípios,  defendendo que é importante investir na qualificação em obstetrícia, sob pena de inviabilização da Rede Cegonha.  Acredita que premiar gestores, que se adequem aos critérios de eficiência na saúde, pode gerar bons resultados e estimular outros  serviços a aprimorarem suas práticas. Acredita também que fortalecer as regiões de saúde, abrir espaço para a população e para o exercício do controle social  é o caminho para gerir a saúde com mais equilíbrio. Defende incluir o SUS menos nos auditórios e mais nos terreiros, articulando ações com as sociedades organizadas nas regiões de saúde.

Annatália apoia a ideia de Albano e faz um relato de sua experiência como consultora para a saúde na África, explicando que naquele país se criam prêmios de reconhecimento pelo bom desempenho das equipes.

Leidjane e Sirleide pedem ajuda para melhorar o acolhimento aos usuários no Hospital de Paulistana. Trazem demanda de eventos da humanização para o Comitê Estadual, justificando que ali se observam atitudes grosseiras entre trabalhadores e para com os usuários, resultando em profunda insatisfação no ambiente de trabalho.

Albano traz inquietações em face da determinação judicial que ordena a demissão de grande número de trabalhadores da saúde com vínculo precário.

Emília informa sobre precariedade na estrutura física e no quadro de pessoal do Hospital Infantil, clamando por providências administrativas urgentes e por um olhar mais cuidadoso voltado para os trabalhadores do HILP que de longo tempo vêm convivendo com reformas que provocam adoecimento.

Sirleide informa que o Hospital de Paulistana passará por reforma física (com projeto estrutural já desenhado por equipe técnica vinculada ao Palácio do Governo), mas lamenta não ter sido ouvida para opinar a respeito das mudanças definidas para o prédio.  Foi orientada a conversar com técnicos da SESAPI responsáveis pelo acompanhamento de obras, para ter acesso ao projeto de reforma do hospital. Foi orientada também a conhecer a Cartilha da Ambiência, documento da PNH que traz elementos importantes sobre a funcionalidade dos ambientes de saúde.

Na continuidade, José Ivan reconheceu a importância das discussões da PNH para a gestão estadual e sugere pensar a organização de um evento a ser convocado pelo próprio Secretário, envolvendo outros importantes atores deste movimento. Acrescentou que considera importante a utilização das rádios comunitárias para informar/divulgar as ações da saúde, e possibilitar a inserção das comunidades nas discussões do SUS. Destaca também a importância do serviço de Ouvidoria como ferramenta de controle social e de aproximação do usuário à rede SUS. Falou ainda da importância da inclusão de um profissional da Assessoria de Comunicação da SESAPI para dar cobertura e divulgar informações e as ações/programas relevantes da saúde no Estado.

Encaminhamentos:
Iolí Piauilino foi oficialmente indicada como referência para a PNH na Secretaria Estadual de Saúde, em substituição a Ana Eulálio que desde o mês de janeiro ausentou-se para assumir outras frentes de trabalho fora da capital.
Foi definido um encontro de planejamento, nas manhãs dos dias 09 e 10.04.2013, para alinhar entendimentos  e para a construção de um plano de trabalho da PNH/Pi para 2013, cujo produto será levado para uma conversa de pactuação com o Secretário Estadual de Saúde.

Avaliando o encontro (uma palavra, um sentimento):
– estou satisfeito e atento para o que assumi
– reacendendo a expectativa de efetivar outros trabalhos;
– esperança
– desafio e responsabilidade
– aprendizado
– revigorante
– retomada com mais potência e mais qualidade
– me sinto acolhida e acredito em mudanças para melhor
– a roda é produtora de sentido e de subjetividade. O encontro nos afeta e nos predispõe para produzir o comum.

Memória: Ioli Flores e Emília