O Dom como percepção

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Doar, receber, retribuir.

O Dom como mapa e território da prática. Tive meu primeiro contato com a teoria da dádiva de Marcell Mauss em 2008 quando da ocasião da dissertação de mestrado. Hoje, navegando pelo boletim LAPPIS- integralidade em saúde, encontrei o vídeo que faz parte de uma série onde Paulo Henrique Martins discorre sobre a vida a partir do dom. O ser humano rediscutido na vida como dádiva; o planeta rediscutido como dádiva nesse tempo de redução do ser humano a um ser econômico que preocupa-se em ganhar para si, acumular para si.

A dádiva como um sistema que organiza o ser vivente.

Da série de três vídeos, destaco aqui o primeiro: o Dom como percepção traz  a discussão da dádiva como teoria e teorizado, observador e observado integrando a ela o elemento estético.

O olhar como dom, o dom da escuta, o dom do toque, o dom da palavra.

O dom dos olhos – onde a alma atravessa o corpo e se expressa; o olhar como modo de identificação do mundo.

O dom da escuta: quando escuto o outro, escuto a mim mesmo e algo que vai além de mim.

O dom do toque: sentimento de estar junto; temos mãos para tocar – abertura para o outro e para o mundo; o toque gera no ser humano a consciência do outro e de que o corpo fala.

O dom da palavra: O "lavrar" – fertilização da vida como construção não só do ser individual, mas do ser coletivo. Gratidão e graça funcionam juntos na dimensão da espontaneidade para agradecer. O "obrigado" como gesto de espontaneidade e obrigação.

"Os bens presenteados não são só bens. Um presente dado é um símbolo. Há uma dimensão de gratuidade ou de obrigatoriedade ao se doar que a lógica do consumo tem banalizado."

Bem, aí são apenas algumas pontuações sobre o vídeo, mas o que vale mesmo é assisti-lo. Acho que tem tudo a ver com o trabalho em saúde e com o que temos construído por aqui.