O ENCONTRO DOS RIOS

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raylimalima 18/04/2013

O ENCONTRO DOS RIOS

Por Ray Lima

QUADRA FUNDA
PARA JOSÉ IVO PEDROSA

Os rios, poetas que não escrevem,
desenham com o pincel da água
de irrigar a terra seca
caminhos para a vida passar.

Os rios são poetas.
Poetas de recitar com passarinhos,
grilos, teiús, lontras, pacas…
poemas ensopados de peixes, camarões.

Os rios, poetas vagalumes,
são livros de beber, vivos, navegáveis;
obras-primas de banhar o corpo da alma;
fecundar o ser com a diversidade do mundo.

Os poetas são rios profundos
de poesia liquefeita por dentro;
arte, sentimento que irrompe o vazio,
a insaciabilidade do nosso grito anímico.

Teresina, 13 de abril de 2013.

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6 Comentários

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Por Emilia Alves de Sousa

18/04/2013 às 6:13 pm.

Prezado Rai Lima,

Que beleza de poema você brindou, numa fiel retratação do cenário do nosso belíssimo Encontro dos Rios (Rio Parnaíba e Poti) em Teresina.

Deixo aqui a imagem do monumento da lenda da Cabeça de Cuia que navega o nosso Rio Poti.

Encontro dos rios/Teresina

Um abraço!

Emília

Amigos(as), eu que acabo de chegar de encontro do Movimento Escambo Popular de Rua e da comemoração dos 20 anos da Cia. Ciranduís, da cidade de Janduís, no sertão do Rio Grande do Norte, onde o movimento nasceu e agora em maio completa 22 dois anos de insistência e resistência cultural, fico muito feliz de sentir a força que a arte pode ter, de tocar as pessoas e transformá-las até. Em Janduís, por exemplo, vemos jovens atores movimentando a cultura local, se articulando com outros atores e grupos artísticos populares do Brasil inteiro através do Escambo e resistindo às dificuldade provocadas pela indústria da seca, à falta de atenção e investimento dos poderes públicos, etc. coseguirem trilhar por duas décadas firmes em suas convicções estética e política, apesar dos governos e de parte da sociedade que não dão bolas para isso. São aqueles mesmos meninos e meninas que no chão tradiconal da violência rural e do cangaço, nos anos 90, descubriram a arte como possibilidade de construir os caminhos da vida e hoje são os gestores de si e da própria cidade que ajudaram a fazê-la sair do espaço dominado pela lógica da morte, tranformando-a em espaço de prática de vida, artística, e referência cultural para o Rio Grande do Norte e o Brasil. Agradeço sempre o carinho de todos que nos leem e acompanham nossa luta por justiça social, saúde, educação, alegria vital. Mas como diria o poeta revolucionário e líder angolano Agostinho Neto: "não basta que seja pura e justa a nossa causa, é necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós."

Ray Lima