Impacto da Implantação da Rede Cegonha na Redução da Mortalidade Neonatal em Parnaíba
Divulgando um resumo da pesquisa sobre o impacto da Rede Cegonha na redução da Mortalidade Neonatal no município de Parnaíba-Piauí, enviada pela Soraya Pessoa (Apoiadora da Rede Cegonha no Estado).
Autoras
Vânia Cristina C de V. L. Carvalho
Nayara Fernanda dos Santos
Gerarlene Pontes Guimarães
Geovania Vieira de Brito
Viviane de Sá Coelho Silva
Introdução
Segundo dados da UNICEF/OMS a MI está intimamente relacionada ao atendimento em sala de parto e cuidados neonatais, sendo a mortalidade neonatal responsável por 37% da MI geral. A implantação da Rede Cegonha constitui-se em estratégia de remodelamento da atenção obstétrica e neonatal. No estado do Piauí foram priorizadas três regiões de saúde para a implantação da RC: Planície Litorânea entre Rios; Vale dos Rios Piauí e Itaueiras.
Em Parnaíba, pelo seu perfil epidemiológico, foi priorizado na implantação da RC encontrando-se em fase de operacionalização. O município dispõe de três unidades hospitalares que prestam assistência a mulher no parto. No entanto somente com o advento da RC, ocorreu a destinação de uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal para uma destas unidades.
Objetivos
Avaliação da mortalidade infantil em Parnaíba após implantação da RC.
Observar a importância da implantação de uma UTI neonatal como forma de melhorar o indicador específico MI .
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa.
Utilizou-se um recorte temporal de 04 anos com a análise de dados do período de 2009-2012.
Os dados foram extraídos do Sistema de Informação de Mortalidade Infantil do Ministério da Saúde e tabulados no programa Tabnet.
Os resultados foram representados graficamente com vista a facilitar a análise e comparação das taxas.
Resultados
Taxa de mortalidade infantil em Parnaíba – série histórica
Distribuição proporcional de mortes neonatais em relação à MI no período de 2009 -2012.
ANO 2009 2010 2011 2012
PERCENTUAL 79% 73,07 82,53 55,55
ANO 0-6 d Neo precoce % 7-28 d Neo tardia %
2009 26 83,8 05 16,2
2010 35 92 03 08
2011 37 88 05 12
2012 11 73 04 27
Fonte SIM/MS – Março 2013
Discussão
A Mortalidade Neonatal de Parnaíba mostrou-se elevada nos ano de 2009, apresentando um aumento progressivo até 2011, período em que não havia estrutura hospitalar de referência e contra-referência instituído para o atendimento ao parto e nascimento. Após o início das discussões da RC, o Hospital Estadual Dirceu Arcoverde – HEDA, foi definido como referência do atendimento ao RN de risco. O setor de neonatologia foi ampliado, passando a contar com 7 leitos (incubadoras), monitores, bombas de infusão, CPAPs e ventiladores.
A equipe foi ampliada e recebeu treinamentos específicos para atuação em neonatologia. Este processo resultou em uma melhoria assistencial ao RN de risco, diminuindo a mortalidade imediata.
Conclusão
A implantação da RC e a operacionalização do componente parto e nascimento através do funcionamento de uma UTI NEONATAL contribuiu positivamente para a redução da mortalidade infantil neonatal em Parnaíba – PI. Houve melhoria da assistência ao RN de risco em função dos treinamentos realizados com a equipe.
Ainda faltam ser avaliados, no âmbito da RAS, os componentes relacionados à atenção básica e contra-referência, podendo, estes levarem à maior redução dos indicadores de saúde.
Referências bibliográficas
WHO/UNICEF. Diarrhoe: Why Children are Still Dying and What Can Be Done? Geneva. Switzerland. 2009;
BRASIL. Portaria nº 1.459 de 24 de junho de 2011. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília DF – 2011.
BRASIL. Portaria nº 572 de 01 de junho de 2000. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília – DF, 2011.
BRASIL. Sistema de Informação de Mortalidade SIM DATASUS, acessado em março 2013.
Por Emilia Alves de Sousa
A Rede Cegonha sistematiza e institucionaliza um modelo de atenção ao parto e ao nascimento que vem sendo discutido e construído no país desde os anos 90, com base no pioneirismo e na experiência de médicos, enfermeiros, parteiras, doulas, acadêmicos, antropólogos, sociólogos, gestores, formuladores de políticas públicas, gestantes, ativistas e instituições de saúde, entre muitos outros.
Trata-se de um modelo que garante às mulheres e às crianças uma assistência humanizada e de qualidade, que lhes permite vivenciar a experiência da gravidez, do parto e do nascimento com segurança, dignidade e beleza. Não se pode esquecer jamais que dar à luz não é uma doença, mas uma função fisiológica e natural que constitui uma experiência única para a mulher e o(a) parceiro(a) envolvido(a).
https://portal.saude.gov.br/PORTAL/SAUDE/GESTOR/AREA.CFM?ID_AREA=1816