A importância da Luta Antimanicomial

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Em minha busca por textos e artigos que falassem sobre o tema da Reforma Psiquiátrica e da luta Antimanicomial, encontrei um vídeo no youtube que chamou muito a minha atenção. Esse vídeo traz perguntas nas quais as respostas considero ser exatamente aquelas que exprimem o sentimento daqueles que lhe foi tirado o direito de gerenciar sua própria vida, e que em alguns lugares, ainda é excluído da sociedade por ser “diferente” do modelo socialmente aceito. As perguntas eram: 15 minutos preso no elevador deixam você nervoso? 30 minutos parado no trânsito testam a sua sanidade? 45 minutos numa fila é enlouquecedor?  Imagine viver uma vida inteira dentro de um manicômio.
Foi a partir das minhas próprias respostas que percebi tamanho erro, tamanho mal que podemos estar fazendo quando excluímos e oprimimos. Trancafiando pacientes, roubando seu direito de ir e vir, seu direito a uma vida mais saudável e tranquila ao lado daqueles que amam, e principalmente seu direito a um tratamento que busque não apenas a cura, mas o cuidado integral, acolhedor e sensível.
Mas não basta achar desumano, apontar os erros e julgar. É preciso modificar, que aja uma mudança em nós, na nossa sociedade, na nossa cultura. Organizar uma rede que garanta a integralidade, a equidade e a universalidade no tratamento. Formar profissionais que já estejam engajados nessa mudança, orientados a trabalhar baseados na reflexão, na solidariedade e na humanização das relações.
No artigo “Desafios da reforma psiquiátrica no Brasil”, o autor deixa clara a necessidade de modificar a visão que muitas pessoas têm a respeito da loucura e do sofrimento psíquico. Afirmando a importância de substituir um olhar estigmatizado e estereotipado por um olhar solidário e compreensivo. A meu ver essa mudança de olhar é um passo primordial para que seja possível vencer essa luta. Modificando olhares, mostrando que é possível um tratamento baseado no cuidado, no apoio integrado, acolhedor, no estabelecimento de vínculo, todos juntos transformando e construindo um novo modelo de tratamento.
De acordo com o artigo “Reforma psiquiátrica e serviços residenciais terapêuticos”, um novo modelo de tratamento já vem sendo implantado na cidade de Barbacena, no estado de Minas Gerais. Esse modelo visa à implantação de residências terapêuticas, que tem como objetivo a reabilitação social, conjunto de intervenções sociais, educacionais, ocupacionais, comportamentais e cognitivas. Segundo o artigo, os resultados estão sendo de grande relevância, apesar de alguns pontos negativos, as residências terapêuticas estão auxiliando no processo de reabilitação, de reinserção social, de melhoria na qualidade de vida e na capacidade do paciente em gerenciar sua própria vida. Através desses resultados podemos perceber que o caminho a ser percorrido é longo, as dificuldades existem, mas acredito que estamos trilhando no rumo certo e que é sim possível um tratamento longe da exclusão e da opressão, sem manicômios. Um caminho em que possamos respeitar as diferenças, entender as limitações e primar pelo cuidado contínuo e qualificado.
Então borá lá, todos juntos trilhando no mesmo caminho, unidos por um mesmo objetivo. Empenhados na luta que é minha, é sua, é nossa!

 

Mesmo quando “maquiado”, o hospital psiquiátrico permanece como “gaiola de ouro”, onde não há cidadania, liberdade e autonomia (Basaglia, 2005).

Referências:

BEZARRA JR., Benilton. Desafios da reforma psiquiátrica no Brasil. Physis [online]. 2007, vol.17, n.2, pp. 243-250. ISSN 0103-7331.
VIDAL, Carlos Eduardo Leal; BANDEIRA, Marina and  GONTIJO, Eliane Dias. Reforma psiquiátrica e serviços residenciais terapêuticos. J. bras. psiquiatr. [online]. 2008, vol.57, n.1, pp. 70-79. ISSN 0047-2085.
AMARANTE, P. Saúde mental e atenção psicossocial. CAP. 3 e 4. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2007.

 

 

Abaixo link do vídeo do Youtube citado no texto:
https://www.youtube.com/watch?v=phgRYd_b6nY