Poema-denúncia: Doutor que comete crime também tem que ser punido
(um poema-denúncia sobre o “Caso Kalume”, ocorrido em 1986 em Taubaté, denunciado em 1987 e julgado apenas em outubro/2011)
Um caso estarrecedor
ocorreu em Taubaté;
fico de cabelo em pé,
sem disfarçar minha dor:
cirurgião professor
que num crime havia agido
ia impune, bem vestido…
contra essa loucura, ergui-me:
Doutor que comete crime
também tem que ser punido!
Foram 25 anos
de muita dor e lamento
pra levar a julgamento
os maldosos soberanos
– vendiam órgãos humanos
de quem nem tinha morrido!
Que tragédia sem sentido…
mesmo longe, comovi-me:
Doutor que comete crime
também tem que ser punido!
Os doutores afamados
viam homem qual boneco;
criminosos de jaleco
tinham que ser condenados!
Pacientes mutilados
para ter o rim vendido;
um crime assim cometido,
sabemos, não se redime:
Doutor que comete crime
Também tem que ser punido!
A Justiça existe, gente;
tardou, mas deu solução
para nossa indignação
punindo exemplarmente
quem matava impunemente
e se achava protegido.
Julgamento concluído:
nada de divã de vime!
Doutor que comete crime
também tem que ser punido!
Cada condenado avisa:
vai recorrer da sentença!
Seguem livres, mas quem pensa
que de gente assim precisa?
Não levaram uma “pisa”,
mas o orgulho foi perdido
e um crime reconhecido
da justiça não se exime:
Doutor que comete crime
também tem que ser punido!
(P. R. Barja – poema originalmente publicado no "Cordel da Cidadania", edição do autor, 2012)
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Essa pegada poética de alguns por aqui é muito benvinda!
O intercessor poesia é um dos dispositivos mais potentes para nos colocar no "clima" propício para encarar o trabalho dos encontros em saúde como um trabalho da estética de viver.
Iza Sardenberg
Coletivo de editores/cuidadores da RHS