Semana da Enfermagem na Maternidade Darcy Vargas em Joinville/SC
Em plenos pulmões, ela grita, chora. Pequenina, ah, tão pequena, tão alheia do mundo lá fora, colocada nos braços de uma mulher. É, tão pequena, não sabe nada, mais a mulher que a segura sabe. Sim, ela sabe, e naquela manhã ela acordara tarde, vestiu-se rápido, pensando sobre a vida. Chagava cansada em casa, às vezes não tinha tempo para pagar as contas. Sua filha gritava mais uma vez, sobre como era irritante todas as advertências, seu filho pequeno já estava dormindo, e às vezes, ela esperava todos irem dormir para sentar e chorar. Pensava em desistir, sair do trabalho desgastante, jogar tudo fora. Mas, na manhã seguinte, lá vai ela mais uma vez, de cabeça erguida, sobre o seu salto. Corre pelos corredores, chama por médicos, ajuda pacientes, e quando a hora chega, lá está ela. Tantas vezes, ela esquecera todos os seus problemas e sorriu ao segurar a criança nos braços, assim como quando segurou a sua própria. Sim, houve vezes em que lágrimas lhe escorreram pelo rosto ao ver que a mais nova pessoa não pôde ser salva. Mas, por Deus como se sentia confiante ao segurar aquela pequena criança, ainda coberta de sangue, sussurrando “bem vinda ao mundo”.
Esquecia-se de todos os desprazeres fora daquele recinto quando via aquelas mãozinhas – pequenas tão pequenas mãos – se mexerem, ouvia o primeiro choro. Não havia preço que pagasse presenciar o milagre da vida, e fazer parte dele.
Pois, não era só isso que vivia. Cuidava de feridos, ajudava a vida de outras pessoas. Sabia que, quando as pessoas deixavam aquele hospital com um sorriso, ela e todos os seus companheiros e companheiras tinham algo a ver com isso. Então naquela manhã que acordara tarde, viera correndo, pegara trânsito, mal penteara o cabelo, ela percebeu.
Aquela pequena garota em seus braços não se lembraria dela – óbvio que não. Também não se lembraria da mãe. Mas ela se lembraria dessa sensação para sempre – todas as vezes que pensaria em desistir. Não só dessa garota, mas de todas as outras, e todos os outros. De todos os pacientes, não só os recém-nascidos. E ela vai entender que seu dom é o mais bonito de todos – é o dom de ter o coração bom o suficiente para tomar em suas mãos a vida de outro ser, sorrir, e dizer “não se preocupe, eu cuido de você”.
Existem poucas palavras, mesmo no abrangente mundo que é a língua, para que se possa expressar de uma forma à altura, a gratidão que eu nutro, e que todos deveriam nutrir pelos profissionais da saúde. Porque existem poucas palavras que conseguem descrever o gesto de ternura que é cuidar e zelar pela vida do próximo como se fosse a sua própria. Sinceros parabéns e agradecimentos a todos!
Escrito por Camila Pontes de Oliveira, filha de uma enfermeira da Maternidade Darcy Vargas.
Homenagem à Semana da Enfermagem 2013.
Por Sabrina Ferigato
A linguagem narrativa diz mais que muitas teses e dissertações!
parabéns às enfermeiras!