III Seminário Internacional A Educação Medicalizada – reconhecer e acolher as diferenças
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A definição psicossocial do normal a partir do adaptado implica uma concepção da sociedade que o identifica subrepticiamente e abusivamente com o meio, isto é, com um sistema de determinismos, apesar de essa sociedade ser um sistema de pressões que, antes de qualquer relação entre o indivíduo e ela, já contém normas coletivas para a apreciação da qualidade dessas relações. Definir a anormalidade a partir da inadaptação social é aceitar mais ou menos a idéia de que o indivíduo deve aderir à maneira de ser de determinada sociedade, e, portanto, adaptar-se a ela como a uma realidade que seria, ao mesmo tempo, um bem. Em virtude das conclusões de nosso primeiro capítulo, parece-nos lícito poder rejeitar esse tipo de definição sem ser taxado de anarquismo. Se as sociedades são conjuntos mal unificados de meios, podemos negar-lhes o direito de definir a normalidade pela atitude de subordinação que elas valorizam com o nome de adaptação. (Georges Canguilhem)
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
A avaliação psicológica não é meramente um momento de um projeto epistemológico, um episódio na história do conhecimento: ao tornar a subjetividade calculável, elas tornam as pessoas sujeitas a que se façam coisas com elas – e que façam coisas a elas próprias – em nome de suas capacidades subjetivas.
(Governando a alma: a formação do eu privado de Nikolas Rose)
Podemos pensar que a questão da medicalização tem íntima relação "com a forma pela qual sistemas de verdade são estabelecidos, as formas pelas quais enunciados verdadeiros são produzidos e avaliados, como o ‘aparato’ de verdade – os conceitos, regras, autoridades, procedimentos, métodos e técnicas através dos quais verdades são efetivadas."
(Governando a alma: a formação do eu privado de Nikolas Rose)