Luxúria: Viagem nas asas da liberdade dos desejos mais profundos

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O desafio para retratar a Luxúria comove os sentidos e provoca sede na alma do escritor. Escrever se transforma em arte de movimentos sinuosos e dotados de tanta sensibilidade que impulsionam os hormônios em direção da corrente sanguínea em busca do proibido prazer alcançável, ilimitável, mas, nem sempre, perdoável.

 

Nesse sentido, arquejam as doses extras de desejo para descrever esse pecado capital, tão intempestivo e avassalador, que não se limita a citações absortas nos moldes convencionais da descrição e da razão. Propõe-se, assim, que sejam esquecidas as regras e as restrições cotidianas.

Para uma compreensão mais efetiva, sugere-se o cenário que será palco para a representação das tentações mais íntimas. Imagine-se em um quarto com cortinas púrpuras e decoração escarlate. Sinta o sussurrar do vento que penetra pelo ambiente e desarruma os lençóis de seda da cama suntuosa. Sinta o gosto do vinho tinto que está servido na taça do mais fino cristal sobre a mesa. Deixe-se ser tocado pela maciez das pétalas vermelhas das rosas que decoram o chão. Permita-se inalar o aroma das paixões proibidas que vaga no ar.

A Luxúria, na conotação sexual, opõe-se ao sexo para propagação da espécie, visto que satisfaz somente suas necessidades. Por isso, possui status relevante e inquisidor no meio pecaminoso, pois representa o prazer pelo excesso, compulsão por algo ou alguma coisa. Ouso afirmar que substancia o mais carnal dos pecados. E, partindo do pressuposto de que a antítese ALMA x CARNE consiste em recorrentes temáticas nas paradoxais reflexões humanas, compreende-se que a Luxúria possui idade que remota à essência das contradições humanas.

A temática relativa a Luxúria encanta também a contemporaneidade. Para ratificar essa afirmação, contempla-se a obra ‘Lucíola” de José de Alencar. Afinal, em pleno romantismo na literatura, a personagem Lúcia, cortesã sedutora e caprichosa,  alude a Lúcifer, dado o fascínio e leviandade dos seus encantamentos no ofício de cortesã mais cobiçada e desejada do Rio de Janeiro. Ou seja, a Luxúria está presente, inclusive, nas obras idealistas do Romantismo.

 

Cumpre citar que a Luxúria enquanto desejo obsessivo possui relevante destaque também nos contos da literatura infantil. Afinal, nas compulsões desmedidas pela busca da beleza eterna e do poder, as bruxas dos contos de fadas são motivadas pelos devaneios da Luxúria.

Cabe a cada um de nós decidir se acatamos ou não essa resposta. Afinal, a Luxúria seduz, domina, impõe e escraviza, mas nós decidimos o limite de nossas ações. Contudo, saiba que a Luxúria estará sempre à espreita aguardando pela sua curiosidade de conhecê-la mais intimamente. Caso isso venha a acontecer, ela chegará nas asas da liberdade em um convite atraente e leviano para o deleite dos desejos proibidos e mais profundos que não ousamos sonhar em nossa vã filosofia.

 

O convite está feito. A Luxúria aguarda, na sua calma sedutora, sua decisão.

 

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