“Chefe, você ganhou um novo funcionário. Agora não sou só quem aprova os projetos, sou apoiador da PNH”
Esta foi a frase que o engenheiro Paulo Figueiredo, que trabalha na Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde de Dourados falou ao seu gestor logo que voltou do primeiro módulo da Formação em Ambiência na Saúde, em abril. Empolgado com o método da Política Nacional de Humanização, que inclui gestor, trabalhador e usuário nas decisões em saúde, ele já conseguiu alterar o seu processo de trabalho e desde então, já organizou duas rodas de conversa para discussão de projetos arquitetônicos da Rede da Pessoa com Deficiência e também da Rede Cegonha, contando com vizinhos, professores universitários, trabalhadores dos serviços e com o apoio da gestão. “Já percebi,por exemplo, que não adianta mostrar as plantas das maternidades em Autocad para as gestantes, em geral os usuários não entendem nossos símbolos e precisamos pensar uma forma didática de incluir essas pessoas”, disse ele, que participou da segunda etapa da Formação de Apoiadores em Ambiência na Saúde de 21 a 23 de maio em Brasília – DF.
Formadores e apoiadores tiveram uma programação dinâmica e com temas variados, abrangendo a Rede Cegonha, Rede da Pessoa com Deficiência, Rede de Urgência e Emergência, Rede de Atenção Psicossocial, o SUS e os processos de trabalho, financiamentos de projetos arquitetônicos e processos de formação-intervenção e ambiência. Os apoiadores puderam conversar com a autora de um dos textos de apoio dessa Formação, a professora da Universidade Federal do Espírito Santo Maria Elizabete Barros. “A análise do texto dela, que foi parte do nosso dever de casa no módulo passado, era complexa demais, dai, ao conhece-la, entendemos a necessidade de sempre pesquisar para descobrir como investigar novos saberes, novas áreas do conhecimento que não dominávamos e procurar saber mais ”, afirmou a arquiteta da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas Nereida Vianna Rabelo.
Assim como o Paulo, a arquiteta Silvia Sarnon, da Divisão de Convênios do Ministério da Saúde em Salvador – BA voltou ao trabalho com o desejo de mudança e propôs aos colegas que solucionassem certo desafio cotidiano em roda de conversa com todos os trabalhadores. “Todos falaram seus problemas, pensamos juntos uma proposta e encaminhamos à coordenação”, disse. Para a engenheira civil da SES de Santa Catarina Karen Mourão, a Formação tem mudado o enfoque do trabalho. “Essa experiência nos leva a sair de nossa zona de conforto e inserir nas discussões quem nunca foi levado em conta, os usuários, os outros trabalhadores dos serviços. A formação fortalece a gestão colegiada das decisões”, disse. Concorda com ela o engenheiro do Grupo de Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, Audir Cominetti que atua em Piracicaba e se diz instigado com a metodologia. “Trabalho há 28 anos na saúde e com o curso, tenho uma nova motivação que tem quebrado paradigmas”, afirma ele. Outra participante do curso que mudou o seu olhar no trabalho foi a engenheira civil da vigilância sanitária de Curitiba – PR Juliana Kowalski. “ Quando um projeto chega ao setor, não posso mais me prender apenas à legislação, mas ampliar a visão é fundamental para que o usuário se sinta em casa, e se recupere mais rápido”, disse. Para a arquiteta da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia – GO Maria Rodrigues da Silva, nesse módulo ficou mais palpável o papel do apoiador como articulador nos serviços de saúde e também multiplicador do conhecimento.
Agora, os 60 apoiadores vão definir seu foco de intervenção nos serviços, elaborar o plano de intervenção e participar dos fóruns e chats na Rede HumanizaSUS. O próximo encontro do grupo será em julho, mas antes dele, todas as oito Unidades de Produção, que organizam os participantes por proximidade geográfica, vão se reunir para discussão desses planos.
E o Paulo, personagem do início deste texto, escreveu seu relato na Rede HumanizaSUS, a plataforma online oficial para a comunicação entre os participantes da Formação vale a pena ler e conhecer esta experiência desencadeada no primeiro módulo.
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
que nos torna construtores de um SUS concreto.
E a tua narrativa, Mari, nos dá a dimensão da alegria desta ultrapassagem…
beijo grande,
Iza