O Cuidar nos Terreiros
No dia 25 de outubro de 2012, em Brasília, a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras em parceria com o Departamento de DST-AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde lançou o vídeo O Cuidar nos Terreiros. O vídeo já foi lançado em diversas capitais brasileiras, e através de um rico documentário mostra a diversidade cultural das religiões de matriz africana e a sua visão de mundo integradora que pode auxiliar nos processos de equilíbrio das pessoas.
A temática central é a prática de cuidados nos terreiros e a importância deles como espaço de preservação de um acervo cultural visualizado por meio das línguas, dos cânticos, das lendas, da utilização das folhas, das vestimentas e do cuidado com a natureza.
O documentário é um reconhecimento dos terreiros como espaços de promoção à saúde, o direito humano à saúde, o respeito às orientações sexuais, o cuidado e o acolhimento às pessoas vivendo com Aids e a participação das lideranças de terreiros nos espaços de controle social.
Através de falas emocionadas e imagens belíssimas, os pais de santos abordam a necessidade do cuidado, do acolhimento, do aconchego das pessoas que estão em vulnerabilidade, necessitando de ajuda. Um rico material que nos ajuda a (re)pensar as nossas práticas de cuidado.
Por Sérgio Aragaki
Talvez o mais difícil em ser humano é conseguir aceitar e incluir a diferença. Ela faz com que a gente se questione, mostra outras possibilidades de viver, sentir, pensar, agir, sentir prazer, felicidade, dor, dúvida, angústia… Ou seja: nos mostra que o ser humano não é uma coisa, um objeto que deve se enquadrar em uma categoria, uma "caixinha", mas retoma e reafirma o caráter histórico e social de nossa existência.
Como pessoas que vivem em sociedade, o que nos une é exercer a humanidade, ou seja, ser humano. E isso só é possível a partir de um acordo ético, o respeito a leis e regras para a convivência, um comum negociado a partir das diferenças.
Trabalhador@s da saúde e todas as demais pessoas deveriam se lembrar disso: o pacto social.
Trabalhar com saúde e produzir saúde é conseguir respeitar e incluir as diferenças, negociando um possível que produza vida. Fácil falar, dificílimo de praticar. Mas totalmente possível. É a partir daí que a PNH, por exemplo (pois existem outras práticas e saberes que também o fazem), surge e se sustenta.
Não basta dizer que há Clínica Ampliada, Acolhimento, Defesa do Trabalho e do Trabalhador da Saúde, Defesa dos Direitos d@s Usuári@s, que são diretrizes, se os princípios e o método propostos pela PNH não estão presentes.
Incluir e diminuir as desigualdades, as iniquidades. O que prejudica outra pessoa, certamente me prejudica, mesmo que eu não perceba. Desigualdade, iniquidade, desrespeito aos direitos humanos é violência e produz violência, pessoas que podem até vir a ser violentas. Mas a responsabilidade por serem violentas não deve ser unicamente delas, como aprendemos a fazer: separar a bondade e a maldade. Humanos, somos bons e maus.