Valorizando o Trabalhador da Saúde – Oficina Vivencial do Hospital Cel Pedro Germano, Natal-RN.

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Há cinquenta anos prestando serviços em saúde à população do RN, o Hospital Cel Pedro Germano (HCCPG) configura-se como um hospital geral. Inicialmente, restringia seu atendimento a pacientes militares e/ou dependentes. Passados os tempos, as portas da Unidade foram abertas a comunidade, mesmo quem não tem vínculo com a segurança pública. Nosso público alvo são, em especial, pacientes idosos, cirúrgicos e oncológicos.

Não se restringindo a realidade das organizações pública – e por ser militar – percebemos práticas hierarquizadas e que nem sempre, percebem o “direito numa perspectiva universal”. A história começou no início dos anos 2000 quando a PNHAH chega ao RN e assim, a Assistente Social Letícia participa de algumas atividades e com isto, já disparava alguns pensamentos e ações à Instituição. Fizemos pensar a Unidade, articular ações que, sobretudo valorizassem os trabalhadores daquele local. O tempo passou, agora com a oportunidade novas intervenções durante a Formação de Apoiadores da PNH/RN, estamos para adentrar em águas mais profundas. Esta Oficina Vivencial foi um dos primeiros, de muitos momentos, que as apoiadoras da PNH/RN, Letícia e Jane Cristina, passam a disparar com rodas e outras atividades para discutir a saúde do trabalhador e esta, sendo pensada a partir da valorização de sua saúde e da organização de processos de trabalho, com objetivo de acolher esse trabalhador, e assim, fazer disparar quem sabe, novas formas também de acolher e fazer saúde, no fortalecimento de uma rede de atenção e de conversação. Inicialmente, nos articulamos na Unidade e com a participação da Tutora da formação, Vyna Leite para que no dia 29 de abril de 2013 pudesse acontecer a nossa 1ª roda de conversa. Juntas, com o apoio da direção, foram providenciados convites, cartazes, lanche, ofício de convite à Betânia (enfermeira, especialista em danças circulares e apoiadora em formação).

Durante à tarde da segunda-feira, 29 de abril,  tivemos três momentos que impulsionaram a roda. Inicialmente, foram dadas boas vindas aos participantes pelo Ten Cel Silvério. Em seguida, teve a fala da AS Letícia que fez referência ao texto “o poço”. Além disto, foi realizada uma contextualização do curso de apoiadores com destaque para temáticas como: grupalidade; gestão coletiva; a realidade vivenciada na Instituição, com algumas provocações sobre as práticas em saúde vividas. Em meio a alguns entraves, a Major Edilma (Enfermeira) enfatiza: “ainda bem que a minha equipe é boa e fará as coisas funcionarem”.  “Absorve conhecimentos, troca, assim faz algo melhor reunirmos várias experiências”, relatou a Enf. Maricélia sobre momentos desta natureza.

Logo após, tivemos uma atividade vivencial de reflexão e relaxamento com a Enf. Betânia. Um momento rico e valoroso para o conhecimento de si e cuidado com o outro. Quanto à dança a facilitadora atenta: “O momento é importante. Somo levados a esquecer de amar e ser amado. Inicialmente, tem-se uma retração e depois, começa-se a envolver-se”. Exemplo do Enf. Max: num determinado plantão acolheu uma mãe na maternidade com um abraço; levantou a questão: como o outro vê as nossas atitudes? Fica o desafio…ir além do que está posto. “precisamos desta troca: o trabalho em equipe. Se um não faz, o outro também não”, atentou a Major Edilma. “colhemos o que plantamos. Ir atrás, buscar. Necessitamos de todos. Não vir pensando em problemas no trabalho. Tentar compreender as necessidades do outro”, completou a mesma. A Enf. Mauricélia alerta: “não temos autonomia! Nem sempre se entende a atitude do outro”.

 

 

A roda seguiu a girar agora sobre a facilitação de Vyna utilizando para problematização o Círculo de Cultura de Paulo Freire. Inicialmente foram colocadas algumas questões: como a valorização do trabalho. O exercício de falar com delicadeza. Apresentação de alguns gargalos vivenciados na Instituição (enquete feita preliminarmente pela AS Letícia com alguns colegas de trabalho e deixadas na sala do Serviço Social): morosidade na marcação de exames; falta de médico; falta de gestão para assistência; falta de escuta, compromisso, manutenção preventiva nas ambulâncias. Sendo proposta a forma de como virar a página diante destes problemas, no que haja governabilidade.

Segundo a Enf. Angélica o debate da agressividade precisa ser visto como um tipo de socorro. “Eis a importância de acolher para ser acolhido. Só posso acolher se eu for acolhido”. E a Enf Maricélia: “precisamos diminuir as democracias. Material é o que menos se falta aqui”.

Letícia chama a atenção: temos ilhas de excelência. Cada um fechado no seu mundo. Precisamos viver a roda! “O reconhecimento, o olhar sensível já é uma solução. Falta comunicação!” afirma a Major Edilma.

Dentre as propostas levantadas pelo grupo, a AS Cristina propõe o desafio da visita à Unidade. Além disto ouvimos as proposta de se investir mais nas enfermarias. Os recursos humanos da Unidade ser mais valorizado. Ser criado espaços de escuta ao trabalhador (com perspectiva terapêutica, lúdica); sendo um espaço ético, de escuta e acolhimento a quem chega e necessite. Reorganização dos processos de trabalho. Trabalho em equipe. A utilização do planejamento estratégico nas ações da Instituição. Exercitar o diálogo no cotidiano profissional.

Provocação: quem está aqui, está dando o melhor de mim? Olhar o grupo a partir de mim, das atitudes. Eu, gestor de mim mesmo. Eu, empoderamento.

Tema escolhido pelo grupo: repensar os processos de trabalho de forma coletiva.

 

 

 

 

Avaliação final foi proposto aos presentes colocarem em uma palavra como se sentiam após aquelas ações. Foram ditas: “emocionada. Felicidade. Progresso. Mudança. Esperança (3 vezes). Eu como parte do processo. Agradecimento. Aprendizado. Proveitoso (2 vezes). Mudança. Valorização. Sonhador de novo. Movimento. Resgate do grupo. Leveza. Gratidão. Ponto de partida. Passo a frente. Retomada. Início de tudo”. Como encaminhamento principal tivemos a  formação preliminar de um “colegiado”, já com uma próxima reunião ainda em maio. Mas essas, são cenas dos próximos capítulos 😉