I Encontro Nacional de RAPS
Caros
Nestas duas últimas semanas iniciamos as ações referentes à realização do I Encontro Nacional de Redes de Atenção Psicossocial em Curitiba, no início de dezembro. Existem dois entendimentos referentes à realização deste evento: o tempo para sua organização é exíguo e a necessidade de sua realização é imensa. O tempo é exíguo pela dimensão necessária do evento. Existe um acúmulo riquíssimo de experiências no campo de atenção psicossocial; de divergências e convergências, de conceitos, de práticas e avaliações desde o congresso de CAPS de 2004. Muita coisa aconteceu desde lá; evoluímos do conceito de serviço para o conceito de rede, novos dispositivos foram criados, surgiu o crack, a política de internações compulsórias. Da mesma forma, há uma forte discussão sobre financiamento, sobre carreira no Sistema Único de Saúde e um importantíssimo debate sobre sustentabilidade do sistema que permeia a rede de saúde mental pautada na reforma psiquiátrica. Um encontro de redes de atenção psicossocial que reúna trabalhadores do campo, organizado financiado pelo Ministério da Saúde, municípios e estados e que ganhe com isso caráter oficial, não deve esperar menos de 7.000 participantes. Organizar e viabilizar um congresso desta dimensão em menos de 05 meses é um desafio não só para a organização, mas para o Estado brasileiro.
Por outro lado, existe urgência em iniciarmos um debate sobre aspectos cruciais às RAPS: expansão e sustentabilidade da rede de atenção 24 horas, atenção à crise, diálogo com a atenção primária, supervisão clínico institucional, entre muitas e muitas outras. Esta é uma oportunidade única e este encontro deve ter também uma potência única. Para que este debate ganhe corpo, ele deve partir de um movimento descentralizado, nos serviços, municípios e estados. Ao longo das próximas semanas, um grupo irá articular esta mobilização, mas deve existir um protagonismo de trabalhadores, usuários e familiares. Nossa rede de saúde deve apresentar-se como dispositivo promotor e articulador deste debate; se nos falta tempo, temos uma ampla rede hoje que nos permite dar institucionalidade ao processo de preparação. Da mesma forma, grupos que debatem supervisão institucional, gestão pública, economia solidária, inserção social, reabilitação psicossocial, processos de desinstitucionalização entre outros, tem potência para iniciar um debate sobre pautas prioritárias, lacunas no debate, sustentabilidade e que devem ser priorizados no encontro.
Aqui em Curitiba nos sentimos muito, muito honrados em acolher trabalhadores, usuários e seus familiares para debatermos a Rede de Atenção Psicossocial, neste momento tão histórico para a reforma. Serão todos muito bem vindos!!
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Teu acolhimento tão afetuoso torna mais potente a participação e o desejo de estar por aí.
bj,
Iza