Filósofo de metrô usa o consultório do vagão ;)
Em uma de minhas visitas profissional pelo estado do Rio de Janeiro, fui convidada a comparecer na cidade de São João de Meriti para acompanhar uma situação particular de um indivíduo, devido a distância e falta de reconhecimento geográfico optei pelo meio de transporte mais "eficaz" o nosso metrô…
Peguei meu trem na estação de Botafogo e iria descer na estação final da Pavuna, não sei exato mais por volta de umas vinte estações seria? Não sei mas são muitas. Na mesma estação que eu, entrou um senhor de idade avançada e sentou-se do meu lado, como se soubesse ou tivesse algum indício em mim de minha especialização ele sentou-se ao meu lado e começou perfeitamente a consulta, sendo ele fazendo as apresentações:
__Boa tarde sra., meu nome é……..
Ali iniciou sua catarse numa boa, sua indignação era com o SUS, com a saúde pública, particular, com os profissionais da saúde, políticos, geral…
Já lá pela 18º estação ele me indagou:
__A Sra. não trabalha no SUS né?
E eu respondi:
__Não, fique tranquilo, mas bem poderia e da mesma maneira ouviria o senhor.
Ele contra respondeu:
__ Duvido minha filha, se lá você estivesse não teria a mesma paciência!
Sorri e expliquei a ele os prós e contra, e como as coisas sinalizam pra uma mudança, ainda que vista de muuuuuuuiito longe.Daí filosoficamente ele me saiu com uma daquelas:
__É minha filha, "nem tudo que é bom é bom, e nem tudo que é ruim, é ruim". Já vivi muito e sei que você está certa 🙂
E desceu uma estação antes de mim com um sorriso largo de satisfação, ele saiu aliviado e eu fiquei pensando e pensando:
O pessoal que trabalha no atendimento primário do SUS, realmente tem esta má fama (falta de educação, forma grosseira de falar e tal) já constatei situações chatas, isso se dá porque a jornada de trabalho é dura, os salários são baixos, não sabem separar a vida pessoal, ou de fato não possuem preparo e nem vocação para lidar com o público e seguiram por este caminho por necessidade de trabalhar?
Bom adotei a frase do meu "filósofo do metrô":
"Nem tudo que é bom é bom e nem tudo que ruim é ruim".
Por Emilia Alves de Sousa
Olá Tânia,
Que interessante o seu relato.
Analisando a fala do usuário, ele tem um uma certa razão. Infelizmente, nem todos os profissionais tem a paciência da escuta. E pela experiência de trabalho, sabemos que muitos usuários só precisam mesmo de uma boa escuta no atendimento. Entretanto, conhecemos experiências, aqui mesmo na RHS, de territórios susistas com equipes de trabalho acolhedores e que desenvolvem práticas de saúde de forma qualificada, valorizando a escuta, a história de vida dos usuários, como é o caso da Tenda do Conto em Natal RN.
Obrigada pelo compartilhamento da sua vivência com esse usuário!
Um abraço!
Emília