Projeto Trilhares de Rede – Centro de Saúde Escola

11 votos

A Experiência do Centro de Saúde Escola Butantã na Construção Coletiva do “Guia de Saúde e Cidadania”

 

Ter informações sobre a rede de serviços de um determinado território não é suficiente para incorporar intervenções intersetorial. É importante que os trabalhadores da saúde tenham uma visão holística das dificuldades e potencialidades da rede de serviços do SUS e também de ONGS, Associação de moradores, etc. A partir desta constatação, buscamos no projeto “Trilhares de Redes” envolver todos os trabalhadores do Centro de Saúde Escola Samuel B. Pessoa/Butantã (CSEB) nas relações interinstitucionais e pessoais das redes. 

 

O projeto foi colocado em reunião geral de funcionários para acordos, discussões, possibilitando, se não a todos os funcionários, pelo menos a maioria, reconhecer a importância do projeto para o cotidiano trabalho. Também o roteiro da entrevista foi disponibilizado para apreciação e sugestões dos trabalhadores em reuniões de setores, antes de irem a campo. Foi feito um levantamento cuidadoso dos horários e disponibilidades dos profissionais para as visitas, principalmente dos profissionais que trabalham com horários menos flexíveis dependendo de suas agendas.  

Organizados em duplas, e munidos de um roteiro, iniciou-se as visitas às instituições com o objetivo de:
• Estreitar as relações, através da troca de conhecimentos e experiências, com as instituições que complementam ou suplementam a ações de cuidado de saúdedo CSEB;
• Reunir informações atualizadas sobre estas instituições;
• Promover uma maior intimidade no uso do Guia da Cidadania pelos trabalhadores, através de um maior engajamento destes na sua confecção e autoria;
• Proporcionar aos trabalhadores do CSEB a possibilidade de olhar e repensar o nosso serviço a partir de outras experiências.

Trilhar em Passos na Organização

Primeiro passo foi listar todas as instituições sociais, educacionais, lazer e cultura, entre outras, que de alguma forma complementam o trabalho de saúde desencadeado pelas equipes do CSEB, focalizando prioritariamente as instituições que atuam no mesmo território e, muitas vezes, com a mesma população. Também foram incluídas as instituições localizadas em regiões fora do território do CSEB, mas que oferecem serviços exclusivos, sem delimitação de área geográfica, como por exemplo, a Promotoria do Idoso e Juizado Especial Previdenciário. Ao todo foram cerca de 56 instituições relacionadas.  Após este levantamento, os funcionários do CSEB foram agrupados em 56 duplas. A composição das duplas teve como estratégia funcionários de setores e experiências profissionais diferentes, envolvendo: administrativos, médicos, agentes comunitários, enfermeiros, vigias, educador e assistente Social.

Segundo passo foi afixar em local visível do CSEB as instituições a serem visitadas e as duplas que as visitariam. Foi dado o tempo de 01 semana para manifestações de interesses ou discordâncias das composições feitas.

Terceiro passo foi estabelecer contatos telefônicos com as instituições para agendar dia e horário das visitas. Ainda no terceiro passo retomou-se o contato com cada dupla de trabalhadores, revendo o roteiro de entrevistas e esclarecendo dúvidas. Cada dupla recebeu uma pasta contendo o nome da instituição e endereço, uma carta de apresentação, o roteiro, formulário de autorização de inclusão dos dados no “Guia de Saúde e Cidadania”, canetas e papel. No retorno, foram  colhidos alguns depoimentos com o objetivo de captar os sentidos subjetivos da visita, sentimentos e emoções da experiência.

Quarto passo: revisão dos dados colhidos e, em algumas situações, checagem de informações com as duplas ou instituição visitada. O quinto passo é a inclusão ou atualização dos dados sobre a instituição, colhido pela dupla, no “Guia Saúde e Cidadania” acessível no serviço de Intranet (rede interna de microcomputadores) e também no site https://sites.google.com/site/guiacseb/home 

Resultados

A possibilidade de reunir profissionais de setores e experiências diferentes possibilitou uma maior aproximação e troca de saberes entre os trabalhadores do CSEB. O objetivo comum da tarefa a ser realizada, favoreceu que a dupla desenvolvesse várias parcerias: desde elaborar um itinerário de como chegar até o local a ser visitado, passando por conversas sobre as expectativas da visita, o registro dos dados e impressões, até a formulação de propostas de trabalho conjunto entre as instituições.  Os participantes do projeto em sua maioria tem relatado boas experiências com as visitas e muitos se vêem surpreendidos com a organização, capacidade, criatividade e competência que muitas instituições tem no Cuidado da saúde daqueles que deles necessitam.Com isso ganhamos confiança no trabalho do outro e a  confiabilidade do outro no nosso  trabalho. Passamos essa confiança para os cidadãos que necessitam dessa rede quando são encaminhados para as instituições que foram visitadas.

O “Trilhares de Redes” é reconhecido pelos trabalhadores do CSEB como uma ferramenta de humanização importante para manter vivo o “Guia de Saúde e Cidadania”. E principalmente o projeto “Trilhares de Redes” se constitui numa tecnologia/ metodologia de fazer “redes” para serviços de saúde.

 

Por: Beatriz Pereira
Maria José Pereira dos Santos (in memorian) e Dulce Maria Senna.