Oficina AARRE da SESAP, Natal/RN.

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Aos cinco dias do mês de agosto de 2013, ocorreu no Auditório da SESAP, aquela que seria a última intervenção do grupo AARRE em formação no Curso de Apoiadores da PNH no Rio Grande do Norte. A intervenção se deu por meio de uma oficina que teve como público-alvo os membros da Comissão de Avaliação de Desempenho.

A preparação da Oficina foi levando o grupo para algumas ferramentas  de trabalho mais orientais: a proposição da realização do Lian Gong como técnica de relaxamento sugeriu o convite com delicadamente elaborados a partir da técnica do origami e também suscitou a ideia de um chá acolhedor para receber os participantes. Buscou-se nessa abordagem, possivelmente, uma forma mais reflexiva, mais suave, para o levantamento das questões que circundam o tema. Os convites foram enviados com antecedência aos membros da comissão, bem como à tutora e aos apoiadores do grupo AARRE. Os participantes da oficina também receberam, junto com os convites, uma pasta contendo material teórico sobre acolhimento (Cartilha PNH- Acolhimento nas Práticas de Produção de Saúde) como embasamento teórico a fim de  facilitar a  discussão durante a oficina.

 

Nas discussões realizadas pensamos na importância do acolhimento tanto para os usuários, que muito necessitam serem ouvidos, recebidos, acolhidos em suas necessidades de saúde, cujas demandas necessitam de respostas qualificadas e resolutivas; mas também pensamos no acolhimento do trabalhador, ou seja, olhar também como se sente em seu processo/ambiente de trabalho a pessoa que deve realizar esse acolhimento e quais são as implicações para fazê-lo.

No caso do grupo cujo local de trabalho é a sede central da SESAP, optou-se pela realização de uma Oficina sobre Acolhimento que tentasse abordar essas duas vertentes: como o trabalhador acolhe e como se sente acolhido.

Participaram deste momento os integrantes da Comissão de Avaliação de Desempenho e os integrantes do Grupo AARRE, mesmo aqueles que atuaram em outros estabelecimentos e a nossa Tutora Vyna Leite. Para darmos as boas vindas foi elaborado e servido um chá com todo cuidado, pois queríamos agradar, acolher, envolver e também fazer um mimo as participantes que foram acolhidas com a beleza e diversidades de muitas mini ikebanas, cujas flores coloriram o ambiente, além de poderem ser ofertadas às participantes ao final da oficina.

Após as boas vindas, aos poucos a roda foi se compondo. Valéria explicou aos membros da Comissão de Avaliação de Desempenho o motivo de estarmos ali e em seguida houve a apresentação do grupo ARREE SESAP, que estava à frente da organização da oficina, e da tutoria do grupo, Vyna Leite.

Após essa apresentação foi realizada com o grande grupo a terapia Lian Gong. O Lian Gong é uma prática corporal elaborada na década de 70 pelo Dr. Zhuang Yuan Ming, médico ortopedista da Medicina Tradicional Chinesa. É um dos mais completos sistemas de alongamento que propicia trabalhar as cadeias musculares superficiais e as mais profundas.  Ajuda a combater o estresse, além de atuar no campo das doenças osteomusculares, atua nas disfunções orgânicas, é também um ótimo instrumento no campo da psicologia.

Em seguida, houve a apresentação dos membros da Comissão de Avaliação de Desempenho, e dos outros apoiadores do grupo ARREE. Após as apresentações, as questões foram postas na roda, tendo as seguintes questões norteadoras sugeridas pelo grupo:
• O que você entende por acolhimento?
• O que isso tem a ver com o seu processo de trabalho?

A seguir serão elencadas algumas das falas e prováveis encaminhamentos. É importante destacar que cada um fala de um lugar singular, que tem uma forte influência do tempo em que o profissional está lotado na comissão.
Elenimar ficou fazendo as inscrições, Valéria numa posição mais de mediadora e Vyna esteve numa posição de oxigenar, com perguntas que pudesse disparar os olhares sobre as mais diferentes questões.

Penélope agradeceu a oportunidade e disse que considerava aquele momento como suas férias, já que tirou férias, mas esteve com problemas familiares e considera essa atividade muito importante e com este sentimento agradece. Valéria fez uma intervenção, que o que Penélope traz na sua fala é também uma confiabilidade. Considerando a ordem das inscrições, Jailma considera fazer o acolhimento na perspectiva da transformação, e mais na frente falou que está num momento que precisa baixar a potência, pois percebe que deram tudo delas, construíram um grande trabalho, quando insumos do próprio bolso foram colocados e hoje sente que, com um grupo maior é necessário um melhor processo de trabalho que resulte numa qualidade maior como resultado do trabalho.

Rosana falou da Avaliação de Desempenho como um instrumento de aproximação, troca, uma ferramenta. São muito presentes para ela as experiências exitosas de troca e reconhecimento entre os funcionários e membros da comissão. Em seguida Elisa fez o seguinte registro: a capacitação se reflete no atendimento do usuário, mas sente a dificuldade e falta de acolhimento por parte dos gestores. Acolher entende como ser ouvida. Elenimar citou que é rotina pelos integrantes da comissão a escuta qualificada e o retorno às demandas que os servidores trazem. Os membros dão retorno, sendo este processo já referendado nos depoimentos dos servidores. Apesar dos percalços e dos desafios do momento da implantação, um trabalho já está palpável, no entanto a grande preocupação é a falta de apoio político, para que o trabalho possa caminhar e aí indaga: Qual o caminho para a superação? Qual a estratégia que vai ser utilizada? Como aperfeiçoar a ferramenta de forma que impacte na assistência?
Lenira em seguida falou que é recém-chegada à equipe e situou a questão do acolhimento no que definiu como três eixos na Comissão: na relação da Comissão no atendimento às demandas dos servidores,  na relação entre os próprio membros da Comissão, como convivem e constroem essa grupalidade e, por último a relação da Comissão com os Gestores, ou seja, como a gestão acolhe o fazer dessa Comissão. Afirmou que não enxerga, no momento, problemas na ordem das relações entre os membros da equipe, e que para ela, a determinação se concentra mais no nível do Gestor que como ordenador do processo de trabalho, não dá os devidos encaminhamentos, considerando as tecnologias necessárias para que os membros se sintam apoiados e empoderados ética e politicamente. Para Lenira, é muito claro o fortalecimento da  grupalidade da Comissão e a fragilidade do eixo da gestão.

Na fala de ZIZA ficou muito claro que a dor e a impotência sentidas acontecem em razão de não haver o apoio político necessário, registra também a falta de interlocução e integração entre os setores como o de Planejamento, por exemplo. Jailma, numa segunda fala, reitera a necessidade de rever o processo de trabalho e de que o produto seja de melhor qualidade. E aí Valéria questiona: “que caminho o grupo deverá tomar para se potencializar?” Letícia reflete diversas falas quando são citados os integrantes antigos e os novos, questionando qual o significado disto como facilitador e / ou dificultador do processo de grupalidade.  Elenimar destacou que sente uma indefinição em relação ao envolvimento por parte de vários membros da Comissão em relação ao que querem construir de fato, não há uma definição coesa. Lúcia colocou a importância de um caminho que resulte na realização de uma Oficina de Planejamento com a formação de uma agenda política e técnica. Fica também muito clara a necessidade de socialização para o conjunto dos trabalhadores da importância e fragilidades do objeto de trabalho da Comissão. Lúcia acredita em uma comunicação de massa, pois com a força do coletivo o setor não pode ficar condenado a morrer de maneira silenciosa porque o Secretário de Saúde não consegue enxergar e acolher as demandas do setor.

Rosana destacou que a ferramenta de avaliação está consolidada, faltando encaminhar e trabalhar os dados, e concorda com a realização da oficina que resulte na construção de uma agenda política.

A Oficina funcionou com um pontapé inicial, foi reforçada pelo grupo a necessidade de fomentar espaços de conversa periódicos aprofundando os três eixos apresentados por Lenira e reforçados por vários outros participantes em falas posteriores.

Desta forma as inscrições foram encerradas e foi realizada a vivência do SOL E LUA, com o propósito de trabalharmos os aspectos positivos e negativos de acolher, observar e ser observado. Treinando a observação do todo e do detalhe.

Feito os agradecimentos à intervenção foi encerrada, e os convidados levaram consigo, além de todas as reflexões da oficina, a mini ikebana ou “flor de luz”. A ikebana sanguetsu é uma técnica criada por um japonês chamado Mokiti Okada e tem o objetivo, entre outros, de transformar sentimentos, harmonizar através da elaboração de arranjos simples com flores e galhos naturais. Fazendo uma rápida analogia, a flor simbolizava, na Oficina, a mudança de sentimentos através do belo, a provocação de harmonias possíveis.

Parafraseando Caetano Veloso: “eu não espero pelo dia em que todos os homens concordem, apenas sei de diversas harmonias bonitas possíveis sem juízo final”.