Saúde pública e coletiva as vistas do conceito de Núcleo e Campo de Saberes e Práticas na Saúde
É com imensa satisfação que nós acadêmicos do Curso de Psicologia da Faculdade Integrada de Santa Maria – FISMA, respectivamente, André Luis Volmer, Jéssica Darós Rossi e Marília Rodrigues Lopes Heman, sob orientação do Prof. Me. Douglas Casarroto na disciplina de Introdução à Psicologia da Saúde, nos reunimos para discutir, debater e dentro do possível, buscar compreender os termos teóricos a fim de compará-los com a prática, no que se refere à saúde pública e a saúde coletiva. Ainda dentro deste parâmetro, visaremos descrever a diferenciação entre Núcleo e Campo de Saberes e Práticas na Saúde, como um todo.
Além de estudantes de Psicologia, somos trabalhadores ativos no campo da saúde e, consequentemente usuários deste Sistema Único de Saúde implantado no contexto social atual. Antes de entrarmos em detalhes de cunho teórico a respeito desse sistema, gostaríamos de ressaltar o fruto de nossas observações empíricas e também das conversas que nos subsidiaram diante dos profissionais da área, também responsáveis pela prestação destes serviços de ponta no SUS.
As perguntas das quais levamos tais colaboradores à reflexão, cujos, são enfermeiros chefes de unidades, técnicos de enfermagem e chefes de escriturarias, diante do que se refere à diferença entre saúde pública e coletiva e, a distinção entre núcleo e campo de saberes e práticas na saúde, surpreendentemente ficaram vagas. As respostas foram as mais variadas possíveis, muitas, aquém de um embasamento teórico coerente e esperado, algo que nos parece mais relativo ao senso comum cotidiano do que com a preocupação com a política de gerenciamento e monitoramento do macro sistema SUS.
No intuito de ir além destas discussões pretensamente neutras, recorremos então a bibliografias que pudessem nos dar um maior esclarecimento e suporte teórico e ilustrativo. Assim, deparamo-nos com a caracterização da saúde coletiva, como sendo pioneira da crítica ao positivismo, ou seja, nascida à luz das provocações à saúde pública tradicional, constituída à imagem e semelhança da tecno-ciência e do modelo biomédico.
Baseados nesta ótica, coube-nos compreender a dimensão que se apresenta a diferenciação dos termos núcleo e campo, acima citados. Sendo no princípio um conceito intrínseco, pesquisadores mediados pela crítica ao isolamento paranóico e/ou a fusão esquizofrênica, sugeriram alterações em tais, visto que, o núcleo demarca a identidade de uma área de saber e de prática profissional, e o campo, um espaço de limites imprecisos onde cada disciplina e profissão buscam em outras apoio para cumprir suas tarefas teóricas e práticas.
Assim, segundo Campos (2000), metaforicamente, os núcleos funcionam em semelhança aos círculos concêntricos que se formam quando se atira um objeto em água parada. O campo é a água e o seu contexto, um campo de prática interdisciplinar e multiprofissional. Tanto o núcleo quanto o campo são, pois, mutantes e se inter-influenciam, não sendo possível detectar-se limites precisos entre um e outro. Contudo, no núcleo, há uma aglutinação de saberes e práticas, compondo uma certa identidade profissional e disciplinar. A noção de núcleo valoriza a democratização das instituições, ou seja, ressalta sua dimensão socialmente construída, sugerindo que a escolha de seus caminhos funcione como uma possibilidade e não como uma ocorrência automática.
Pensamos diante de todo contexto estudado, que debater a saúde, no que tange a sociedade brasileira, será sempre um movimento muito complexo, pois assim como Baremblitt (2002), acreditamos que o que o Brasil precisa é de uma política de saúde que não comece nem acabe no campo da medicina. Parece-nos que o movimento está a caminho, mas muitas oscilações necessitam ainda ser ressignificadas.
Referências Bibliográficas
Campos GWS 2000. O anti-Taylor e o método Paidéia: a produção de valores de uso, a construção de sujeitos e a democracia institucional. Tese de livre-docência. Campinas/SP, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (UNICAMP).
Baremblitt G.F. 2002. Compêndio de análise institucional e outras correntes: teoria e prática. 5ª.ed. Belo Horizonte, MG: Instituto Felix Guattari.
Por Emilia Alves de Sousa
Prezada Marília,
Muito interessante o seu texto, trazendo esse esclarecimento metafórico entre núcleo, campo de saberes e práticas de saúde.
E nas suas reflexões ressalto o comentário "o Brasil precisa é de uma política de saúde que não comece nem acabe no campo da medicina", o que concordo totalmente. O Brasil precisa de uma medicina integral, horizontalizada que valorize os diversos saberes e o trabalho em equipe.
As suas contribuições acadêmicas serão sempre bem vindas!
Um abraço!
Emília