TECNOLOGIAS DE CUIDADO EM SAÚDE
Questionar sobre tecnologia não é discutir equipamento e nem o moderno e o novo, mas discutir o proceder eficaz de determinados saberes, procurando dessa forma, construir procedimentos de intervenção nos processos da saúde e da doença, do normal e do patológico, da vida e da morte, que produzam o efeito desejado.
Diante do cuidado à saúde, temos que nos responsabilizar por boa parte da qualidade da assistência que ofertamos, colocando todas as opções tecnológicas de que dispomos em termos de conhecimento e de saber, a serviço do usuário. Respeitá-lo como ser humano e cidadão, trabalhando no sentido de incluí-lo no conjunto de respostas à saúde, com direito e garantia de assistência. Devemos dispor de tudo que temos para defender a vida, como possuidores do que melhor a tecnologia em saúde nos fornece que é o nosso saber, o nosso conhecimento para não ficarmos com a ideia de que tecnologia é sinônimo de equipamento tecnológico.
O trabalho em saúde não pode ser expresso nos equipamentos e nos saberes tecnológicos estruturados, pois suas ações mais estratégicas configuram-se em processos de intervenção, operando como tecnologias de relações, de encontros, de subjetividades, para além dos saberes tecnológicos estruturados. Por isso as tecnologias envolvidas no trabalho em saúde, podem ser classificadas como: leves, que são as tecnologias de relações do tipo produção de vínculo, autonomização, acolhimento, gestão como uma forma de governar processos de trabalho; leve-duras, como no caso dos saberes bem estruturados que operam no trabalho em saúde, como a clínica médica, a psicanalítica, a epidemiológica, o taylorismo e duras, como no caso de equipamentos tecnológicos do tipo máquinas, normas, estruturas organizacionais.
Essas três categorias tecnológicas estão estreitamente inter-relacionadas de modo que o trabalho vivo em ato, ou seja, aquele produzido pelo profissional a partir do seu conhecimento, além de produzir tecnologias leves pode se desdobrar em tecnologias duras e/ou leve-duras.
A tecnologia como expressão do avanço da ciência tem acompanhado a evolução da história da humanidade mostrando-se cada vez mais extraordinária e abrangente, se fazendo presente em diversas áreas do conhecimento. Mas, em virtude de sua rápida evolução e de seu constante aprimoramento, tem sido difícil acompanhar o ritmo das mudanças, adequando-se a estas na mesma proporção. Considerando essas questões é que, da mesma forma como aceitamos algumas tecnologias já incorporadas ao nosso cotidiano, sem as quais não saberíamos mais viver, vemos com certa apreensão novas tendências, questionando quais as possíveis interferências em nosso padrão de vida e de saúde.
Na área da saúde, a utilização da tecnologia nos remete a uma gama infinita de possibilidades e negar esta questão seria mero reducionismo de nossa parte. Por outro lado, aceitá-la passivamente, sem questionamentos, nos faz aderir às novas tendências e, conseqüentemente, as suas possíveis influências em nosso “bem-viver”. Isso não significa que devamos questionar a intenção benéfica de sua aplicabilidade, mas considerando o crescente avanço na área tecnológica e suas implicações no cenário social e nas relações sociais, devemos sim lançar sobre elas um “olhar crítico” no que se refere ao impacto que as mesmas podem causar.
Este é um tema que ainda suscita muita reflexão, apesar de a tecnologia estar, hoje, cada vez mais inserida nas muitas formas de relações entre os seres e, destes, com o ambiente. O desafio está em promover e/ou adequar a inserção da tecnologia na prática em saúde, de forma a contemplar as demandas sociais da contemporaneidade e refletir sobre as questões éticas que permeiam a utilização das tecnologias frente a intersubjetividade viva no momento assistencial que extrapola o tecnológico.
Por Andrade
Com certeza tais tecnologias são imprescindíveis para que ocorra uma maior eficácia no atendimento de uma gama expressiva de patologias.Contudo se faz necessário que estas tecnologias sejam disponibilizadas a toda sociedade e não a um pequeno número pertencentes as classes mais abastadas.